Foto: Rubens Lopes
No último mês de abril, o Coletivo UàE fez uma doação de R$300 para o Memorial-Arquivo Vânia Bambirra, que está sendo organizado pelos professores Carla Ferreira e Mathias Luce, desde 2013, sem o apoio de editais de pesquisa, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ainda em vida, Vânia Bambirra – falecida em dezembro de 2015 – incumbiu os professores da tarefa de preservação de sua obra, seus documentos originais e sua biblioteca física.
Com o apoio de membros do Grupo de Trabalho da Teoria Marxista da Dependência, familiares de Bambirra e de membros do Núcleo de História Econômica da Dependência Latino-Americana (HEDLA/UFRGS), o Memorial realizará a organização, inventário, catalogação e preservação dos arquivos pessoais, biblioteca e produções de uma das maiores intelectuais da história brasileira. Além disso, disponibilizará a produção para consulta de pesquisadores, militantes e demais interessados através do apoio presencial e da internet.
O apoio oferecido pelo Coletivo UàE refere-se ao traslado da biblioteca pessoal de Vânia Bambirra do Rio de Janeiro para Porto Alegre. Apesar das enormes dificuldades pelas quais todos os coletivos socialistas passam, nossa contribuição, é um gesto de carinho e de reconhecimento pela trajetória política e intelectual de Vânia e o solidário gesto de companheirismo com Mathias Luce, Carla Ferreira e tantos outros que empenham-se em tão nobre tarefa pela preservação de nossa memória.
Vânia Bambirra é uma das mais criativas intelectuais, nascida em Minas Gerais, fundou no Brasil, com outros militantes a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP), além de lutar junto aos socialistas no Chile de Allende. Foi professora na Universidade de Brasília (UnB), na Universidade do Chile e na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Ao lado de Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos e outros intelectuais, debruçou-se pesadamente sobre o papel da dependência no desenvolvimento da América Latina.
Possui vasta obra bibliográfica, a maior parte ainda desconhecida no Brasil, entre os muitos livros, publicou O capitalismo dependente latino-americano (1972), traduzido e publicado pelo IELA em 2012, do qual reproduzimos a derradeira passagem:
“As contradições engendradas pelo desenvolvimento dependente tenderão a se acentuar cada vez mais profundamente e necessitarão respostas cada vez mais radicais que, certamente, conduzirão a enfrentamentos agudos entre as classes dominantes e dominadas, entre a alternativa burguesa mais radical – o neofascismo – e a alternativa proletária – a revolução socialista” (BAMBIRRA, 2012 [1972], p. 223).
Companheira Vânia, presente!