Montagem: UàE.
Nina Matos – Redação Universidade à Esquerda – 18/02/2021
Após fechar o acordo de “reparação” da tragédia de Brumadinho, negociando pagar somente 68% dos 55 bilhões de reais exigidos pelo governo, a Vale anunciou a remoção de mais famílias da cidade de Barão dos Cocais, na região central de MG.
Em novembro de 2020, quando a barragem Norte Laranjeiras entrou no nível 2 do protocolo de emergência, seis famílias foram removidas de suas casas e realocadas em imóveis temporários cedidos pela empresa.
Este novo processo de remoção é resultado de novas regras para a definição da mancha de inundação — mapa que delimita as zonas de autossalvamento, onde, no caso de acidente, não há tempo hábil para a intervenção de serviços e/ou agentes de proteção civil. Ainda não foi informado quantas famílias serão atingidas pela nova remoção.
A população de Barão dos Cocais já convive há anos com o medo do rompimento das barragens próximas. Em outras regiões da cidade, como as comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteiras e Vila do Gongo, 156 famílias já estão há mais de dois anos em residências temporárias. Ao todo, 439 pessoas estão impedidas de voltar para suas casas devido ao risco de rompimento da barragem Sul Superior, que encontra-se no nível 3 do protocolo de emergência.
São séculos de história que sofrem o risco de serem afogadas na lama novamente. Não apenas nas construções antigas da cidade, mas também pela drástica alteração na vida de todos os atingidos, que tem suas rotinas afetadas, são deslocados para longe de sua vizinhança, toda uma comunidade com seus laços rompidos devido a continuidade das operações da Vale — pois o capital não pode parar nem mesmo para o luto.