[Curta] Estudantes devem voltar às aulas com bolsas congeladas e aluguéis mais caros

Imagem: montagem UFSC à Esquerda

Helena Lima* – Redação UFSC à Esquerda – 19/02/2021

Com o retorno presencial nas Universidades Federais, total ou gradual, decorrente do sucesso esperado da vacinação (no melhor dos casos, ainda parcial), os estudantes que retornarem para as capitais deverão se deparar com um aumento significativo de suas despesas, em um cenário de alta nos preços do aluguel e do mercado, especialmente em Florianópolis.

Pelo menos 40% dos estudantes da UFSC voltaram para sua cidade natal durante a pandemia, além daqueles que retornaram para a casa dos pais em Florianópolis. O aluguel pago no entorno da UFSC já é há muito tempo exorbitante, e faz jus a posição de Florianópolis como a cidade em que o valor da locação mais cresce no Brasil. Para conseguir morar perto da Universidade, os estudantes acabam tendo
que dividir quartos e viver em habitações muito precárias.

Se antes da pandemia os estudantes só iam para casa dormir, com o ensino híbrido a casa se transforma também em seu lugar de estudo e de lazer. Dessa forma, as dificuldades de residir em um lugar sem privacidade, conforto e salubridade irão se acirrar, ainda mais com o preço crescente dos aluguéis, que subiram pelo menos 14% nos últimos 12 meses.

Em contrapartida ao aumento do custo de vida na cidade, as bolsas disponíveis não são corrigidas pela inflação há anos e estão muito longe de acompanhar a alta nos preços em Florianópolis.

Com os valores de R$420 da bolsa de Iniciação Científica, para 20h semanais, e R$364 da bolsa monitoria, para 12h semanais, estagnadas, os estudantes terão novamente que complementar sua renda com trabalhos informais, os “bicos”, seja nos bares à noite, entrega por aplicativos ou mesmo em certos estágios, que mais parecem trabalhos mal pagos do que complemento à formação. E, ademais, dedicando um tempo que efetivamente não têm, tendo em vista que já deveriam dedicar ao menos 20h para as atividades de graduação e algo a mais nos laboratórios e estudos individuais.

Com uma Moradia Estudantil que só acolhe 2,1% dos estudantes, o que podemos esperar desse retorno presencial? Quem conseguirá permanecer na universidade, e quem será forçado a ir embora? Até quando os proprietários do imóvel vão sugar o tempo livre dos estudantes, tolhendo seu potencial crítico e de dedicação aos estudos?

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.

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