Nina Matos – Redação UFSC à Esquerda – 05/04/2022
Estudantes da graduação foram surpreendidos na noite de sexta-feira (1) com a notícia de que o Restaurante Universitário (RU) do campus da Trindade da UFSC suspendeu a abertura completa de seus serviços.
Conforme havia sido anunciado pela reitoria em audiência pública ocorrida no dia 18 de março, o início da fase 3, que ocorreu nesta segunda-feira (4), seria o momento em que o RU retornaria o atendimento à comunidade acadêmica plenamente.
Na ocasião da audiência, diversos estudantes insistiram na abertura gradual com maior antecedência, que foi negada pela reitoria sob o pretexto de que não havia tempo hábil para o planejamento da abertura, correndo o risco de deixar estudantes sem alimentação.
Entretanto, a reitoria agora afirma que encontra dificuldades com os fornecedores e problemas alheios ao seu planejamento.
De acordo com uma nota publicada no site de Notícias da UFSC, no período entre os dias 4 e 7 de abril, o RU “servirá exclusivamente os usuários com aulas presenciais”, sendo estes os e as estudantes da pós-graduação, Colégio de Aplicação (CA) e Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI). A partir do dia 7 de abril, o RU abrirá para uma pequena parcela de estudantes da graduação sob um sistema de agendamento — que ainda não foi divulgado como funcionará.
A cerca de duas semanas do início das aulas na UFSC, a reitoria faz pouco caso acerca das necessidades dos estudantes da graduação, descumprindo os compromissos estabelecidos nas audiências públicas.
Atualmente, o RU é a principal política de assistência estudantil que alcança cada estudante matriculado na universidade. Em muitos momentos de sua história, o RU foi alvo de ataques, com fechamentos durante as férias e também em 2019, quando anunciou que restringiria as refeições apenas para estudantes com a isenção dada pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE) — decidindo deixar de lado mais de 11 mil estudantes que diariamente alimentavam-se no RU.
Seu fechamento durante a pandemia impactou significativamente a vida de muitos estudantes. Não apenas devido à suspensão das aulas, mas as dificuldades de manter-se em uma cidade como Florianópolis — que tem se tornado mais cara a cada dia — também acentuam-se com a falta do RU, levando muitos ou a retornarem para a casa de seus familiares, ou a adiarem as mudanças para uma nova cidade.
Em resposta aos estudantes, a reitoria disponibilizou um auxílio emergencial como medida de substituição do RU para os estudantes cadastrados na PRAE de duzentos reais. Além de insuficiente em relação ao custo de vida, a medida ignorou completamente o sentido que o RU tinha de garantir uma alimentação completa, balanceada, rápida e barata para toda a comunidade acadêmica da UFSC, sendo também um espaço de encontros e de atuação acadêmica, através de projetos e estágios que podiam ser realizados no restaurante.
Com o retorno de algumas atividades presenciais na universidade — aulas práticas e de laboratórios, por exemplo —, a UFSC voltou a ser povoada, mas sem que as centenas de estudantes que estudam, pesquisam e desenvolvem diversas atividades pudessem contar com o RU como uma política de permanência.
Esse impacto foi denunciado pela Associação de Pós-Graduandos(as) (APG) da UFSC, que recolheu relatos de diversos estudantes sobre as dificuldades enfrentadas pelos estudantes devido à falta do RU.
A atual falta da reitoria em oferecer uma política concisa de permanência universal para os estudantes, promovendo um verdadeiro sucateamento do RU, indica a necessidade de reacendermos as muitas lutas que o envolvem: o RU deve ser reaberto, ampliado, ter sua estrutura melhorada para que cada vez mais estudantes possam alimentar-se nele, reduzindo as longas filas que se formavam de suas duas entradas até a o Centro de Eventos e o Centro de Comunicação e Expressão (CCE).
Frente às medidas que a reitoria tem tomado, mantendo o RU fechado para grande parte da comunidade da UFSC, como poderemos acreditar que o RU será reaberto com as aulas presenciais, e que não serão colocados cada vez mais restrições a seu acesso? O que devem fazer os estudantes para lutar pela permanência estudantil?
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