Lara Albuquerque* – Redação UàE 23/10/18
Não há espaço para voto nulo na eleição à presidência de 2018 no Brasil. Não há outra posição possível além de ele não ou ele sim.
Bolsonaro prometeu, caso eleito, sangue de seus opositores uma semana antes do segundo turno, em pronunciamento feito de casa, mantendo sua covardia frente a exposição. Promete uma “faxina mais ampla” e “acabar com todo ativismo”. O voto nulo é frágil e frouxo nesse segundo turno, o autoritarismo irá se mover também em direção a esses.
Ainda que consideramos absurdo os votos nulos serem invalidados, ainda que queiramos uma democracia radical e direta, o que bate à nossa porta nesses dias não nos dá espaço para um voto frágil. Nós, da esquerda de oposição ao PT não temos qualquer ilusão do que representa este partido, no entanto, #elenão significa o voto em Haddad 13.
Bolsonaro é o aprofundamento do que significou o governo Temer, o que foi produzido pelo golpe de 2016 se intensificará e se intensificará mais ainda caso Bolsonaro seja eleito.
O candidato já demonstrou que é incapaz de dar consequência política ao que defende, não dá direção política aos seus eleitores, faz falas fáceis com pouca articulação, usa argumentos que têm a profundidade de um pires e não se deixa ser confrontado em nenhum espaço – debates, sabatinas, absolutamente nada, e o motivo não é sua saúde ou qualquer coisa parecida, e sim porque sabe que perderá uma massa de votos ao demonstrar o quão despreparado é.
Quem ainda vota em Bolsonaro não pode mais alegar que os vídeos e falas polêmicas são antigos, ou cortados, ou descontextualizados, ou no calor de qualquer momento, o vídeo do último domingo (21/10) foi feito covardemente do conforto de um quintal, sob sombra e brisa, falando aos seus, sem interrupção e sem contraditório. Bolsonaro alí confirmou todas acusações de quem vota pelo #elenão, promete fechar jornais, prender opositores, dizimar movimentos. Quem vota em Bolsonaro coaduna servilmente.
Hoje, nesse contexto, quem vota nulo também. Quem não deixa sua posição clara e deixa se produzir mais confusão política (vide chapa Zero nas eleições de DCE da UFSC) também.
*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.