Leila Regina* – Redação UàE – 27/10/2018
Nessa reta final antes da eleição que ocorrerá no próximo domingo dia 28/10/2018, muito temos discutido em relação ao que significa a neutralidade nesse atual cenário político brasileiro. Nesse momento, quem não se posiciona claramente, ou opta pelo voto nulo está se posicionamento pelo candidato que defende publicamente a tortura e a perseguição da oposição.
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Enquanto isso, o Sindicato de Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina – SINTUFSC, sindicato que representa a maioria dos TAES da UFSC, se recusou a chamar os encaminhamentos indicados pela FASUBRA (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administraticos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil). Segundo nota da FASUBRA os sindicados deveriam realizar assembleias, paralisar e ir às ruas para participar das atividades em defesa da democracia, da autonomia universitária e contra a cobrança de mensalidades.
Apesar do indicativo da Federação o sindicato dos trabalhadores da UFSC se manteve em silêncio, mas não um silêncio total porque divulgou um convite para festa do dia do servidor, que ocorrerá no dia de hoje, em que destaca os dizeres “ordem e progresso” com uma temática verde amarela.
O SINTUFSC não só cerceia o direito da categoria de discutir a conjuntura nesse período, não chamando assembleia para debater o indicativo da Federação, como também indica nas entrelinhas um apoio tácito ao candidato do PSL. Ao censurar a possibilidade da categoria debater os encaminhamentos, os dirigentes do Sindicato tomam partido.
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O absurdo da posição do SINTUFSC fica mais caricato quando um dos seus diretores, Dilton Mota Rufino, precisa escrever uma nota pública como filiado para garantir o mínimo: que a nota da FASUBRA fosse publicada no site do sindicato. Em seguida da nota de Dilton, em que destaca que o candidato Jair Bolsonaro não possui um viés democrático o que exigiria um posicionamento do SINTUFSC, o diretor geral Celso Ramos Martins pulbica nota defendendo que o SINTUFSC se mantenha neutro. A nota publicada pelo Celso defende que: “o sindicato não pode servir a partidos políticos e andar atrelado a qualquer governo” que é preciso “desvincular os sindicatos dos aparelhamentos governamentais”.
Conheça posicionamentos de outras entidades: -SINTRASEM: “Trabalhadores aprovam resolução para segundo turno das eleições” -APUFSC: “Nota da Diretoria: Vozes pela Democracia” – ANDES-SN, Fasubra, Sinasefe, Une, Fenet e Anpg: “Entidades da Educação divulgam carta aberta à sociedade e à comunidade acadêmica”
Podemos deduzir pela nota publicada pelo Celso que ele não vê diferença em relação as candidaturas que se opões nessa disputa ao segundo turno, não identifica o perigo à democracia, à organização política e aos movimentos sociais.
Celso ignora, ou cinicamente finge ignorar, que em um suposto governo do #EleNão a organização da classe trabalhadora por meio dos sindicatos e greves está ameaçada. A própria existência da universidade pública está em risco. Celso flerta com a candidatura que ameaça não só a classe trabalhadora, mas nosso direito de manifestação e mesmo de existência.
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Importante lembrar que nesse momento o sindicato está fazendo assembleias setoriais para eleger delegados para participar do CONSINTUFSC (Congresso do Sindicato de Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina), cujo teme será “A classe trabalhadora construindo unidade e a luta para enfrentar os golpes em seus direitos conquistados”. O CONSINTUFSC pode discutir mudanças no Estatuto e o Plano de Lutas para os próximos três anos. Também ocorrerá uma assembleia geral, mas apenas depois das eleições, com o “controle de assiduidade na universidade” como pauta. A assembleia está agendada para o dia 31/10.
É importante que os trabalhadores dessa universidade lembrem nesses momentos e cobrem de seus dirigentes a responsabilidade pelas consequências de sua suposta isenção. Precisamos trabalhar para garantir um sindicato realmente comprometido com os interesses da classe. Esse compromisso nesse momento passa por um posicionamento claro pelo #EleNão, em defesa da democracia e do direito de se manifestar.
Aos servidores públicos, que comemoram seu dia amanhã, congratulamos pelo serviço ao público e pelo entendimento do seu papel na defesa e garantia dos direitos fundamentais da nossa população. É pelo bem público que precisamos resistir. Faz parte do compromisso assumido ao tomar posse em cargo público defender a manutenção do bem comum e resistir aos ataques ao próprio serviço público, por isso é preciso se posicionar e defender o #EleNão.
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