Foto: UFSC/Divulgação
Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 28/11/2018
Hoje, 28 de novembro, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) inaugurou a instalação de novas unidades do hospital. As unidades inauguradas foram a do Núcleo Desenvolver, da Clínica Médica I e da Unidade de Laboratório de Anatomia Patológica.
Além das novas unidades, houveram também novas instalações da Clínica Médica II, da Clínica Cirúrgica II e do Alojamento Conjunto, realizadas em outubro deste ano.
No decorrer dos últimos anos, o que presenciamos no HU-UFSC foram os graves problemas estruturais pelos quais este vem passando; com falta de trabalhadores e, consequentemente, com um atendimento precarizado. Exemplos disso foram a suspensão das atividades do serviço de referência no atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, a superlotação na UTI neonatal e o fechamento do atendimento na emergência pediátrica.
Desde março de 2016, o HU-UFSC faz parte da Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Na época, a decisão do Conselho Universitário da UFSC pela adesão a EBSERH e da reitoria de não se posicionar contrária, era justificada por estes pelo fato de que no contrato estabelecido entre a UFSC e a EBSERH, esta última se comprometia com a reabertura de leitos no hospital e manutenção com qualidade dos serviços deste. Para isso, seria necessária a contratação de mais de 770 trabalhadores, de acordo com levantamento da própria EBSERH.
Porém, o que acontece de fato é que a falta de contratação de pessoal tem levado os serviços do hospital a uma precarização cada vez maior. Os atendimentos parciais ou fechamento da emergência geral tem sido mais constante do que nunca. E cerca de 10 leitos de cirurgia já foram fechados desde a adesão a EBSERH.
A EBSERH é uma empresa vinculada ao Ministério da Educação e administra, atualmente, 40 hospitais.
Tanto na UFSC, como em outras universidades, como a UFF, a adesão a EBSERH foi feita após forte resistência da comunidade universitária. No caso da UFF, o Hospital Universitário passa por problemas semelhantes ao do HU-UFSC.
Em ofício escrito pelo reitor da UFF, Sidney Mello, em novembro deste ano, diante do não cumprimento do contrato por parte da EBSERH, é pontuado que “a expectativa e o compromisso com a UFF e a sociedade civil era que, na assinatura do contrato, haveria reposição imediata de quadros CLT, com a consequente reabertura de serviços e ampliação de leitos”.
No HU-UFF, por exemplo, o reitor pontua que haviam antes 301 leitos e que hoje, após adesão a EBSERH, há 220. Que de agosto para setembro deste ano, o número de consultas baixou de 13 mil para 5 mil. E que a obrigação da EBSERH, no contrato estabelecido, era de contratar 729 funcionários. Um caso bem semelhante ao que presenciamos no HU-UFSC.
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A notícia não deixa muito claro como as boas novas se encaixam no contexto geral mais negativo; a instalação das novas unidades consertará o que está errado, ou ainda falta metas a cumprir?