Foto: Faixa do MAB no hall do CFH/UFSC; UFSC à Esquerda
Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 14/03/2019
Na última terça-feira (12), uma atividade com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), promovida pelo Centro Acadêmico Livre de Psicologia da UFSC (CALPsi), prevista para acontecer no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), teve que ser realocada. Segundo divulgado pelo CALPsi, em suas redes sociais, a atividade havia sido transferida para o hall do bloco de salas de aula, pois a Coordenação do Curso de Psicologia não havia autorizado que a atividade ocorresse em um dos espaços físicos do centro.
Desde o ano passado, por decisão da Diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Miriam Furtado Hartung, os estudantes estão proibidos de reservar qualquer espaço físico (desde auditórios a salas de aula) e equipamentos (como caixas de som, microfones, etc) do referido centro da universidade.
Para realizar qualquer atividade acadêmica ou integrativa organizada autonomamente por estudantes, estes devem, antes, ser autorizados pela coordenação ou por algum professor.
Essa medida permite, como foi no caso do curso de psicologia, que censuras sejam realizadas por parte dos docentes, em especial, das coordenações de curso, de forma que, a partir de então, apenas aquilo que seja do interesse político daqueles em posições superiores na hierarquia universitária possa ser falado dentro do espaço da universidade. O que é no mínimo irônico.
Como uma de suas atividades de recepção dos calouros, o CALPsi havia convidado o MAB para debater o crime ambiental na região de Brumadinho e suas implicações. Na tentativa de reservar um dos auditórios do CFH para realizar com maior qualidade o espaço de discussão e para receber da melhor forma possível a pessoa convidada para mediar, o centro acadêmico pediu via email, conforme deve ser feito o processo de reservas, para que a Coordenação do Curso, atualmente composta pela Professora Doutora Marcela de Andrade Gomes e pelo Professor Doutor Adriano Beiras, autorizasse a reserva do espaço.
O pedido foi negado com a justificativa de que a coordenação apenas autoriza a reserva de espaço físico na universidade para atividades que ela mesma esteja organizando.
Atualmente, no CFH, nem estudantes nem Técnicos Administrativos em Educação possuem a autonomia de reservar espaços físicos do centro para realização de suas atividades acadêmicas.
O caso do curso de psicologia exemplifica o quanto isto pode ser utilizado como estratégia para impedir, politicamente, que determinados debates sejam feitos autonomamente pelo movimento estudantil e pelo movimento dos técnicos. Além de expressar a política administrativa que vem sendo tocada na universidade.
Esta medida, que restringe a reserva de espaços apenas ao corpo docente, não é exceção no CFH. Diversos Centros da UFSC, como o Centro Socioeconômico (CSE), adotam esta medida.