Maria Fernandez – Redação UàE – 11/04/2019
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi preso pela polícia britânica na manhã de hoje (11/04) dentro da embaixada equatoriana em Londres. Essa prisão de dentro da embaixada ocorreu depois do presidente do equador, Lenín Moreno, retirar o asilo que garantia a segurança de Assange. A embaixada teria convidado a entrada dos policiais britânicos que efetuaram a prisão. A polícia britânica informou que foi chamada pelo próprio embaixador.
Assange estava em asilo político na embaixada há quase sete anos. Em 2010 ele foi preso e liberado mediante a fiança na Inglaterra, entretanto temendo a extradição para os EUA pediu asilo a embaixada equatoriana. O asilo foi concedido pelo então presidente Rafael Correa em 2012.
A prisão na Inglaterra, anterior ao asilo, seria decorrente de um mandado internacional de prisão, emitido em novembro de 2010 por conta de acusações de crimes sexuais na Suécia. Assange nega as acusações para evitar possível extradição aos EUA, onde é investigado por vazamento de documentos confidenciais.
O processo de crime sexual já foi arquivado em 2017, mas a prisão teria ocorrido por violação da fiança, já que o jornalista não teria se apresentado a corte na Suécia. Entretanto os EUA já solicitaram oficialmente extradição para os EUA por conta de ter divulgado documentos secretos. A defesa de Assange defende que as acusações na Suécia seriam apenas uma manobra para favorecer os interesses dos estadunidenses.
Em 2010, o WikiLeaks vazou documentos do governo dos EUA, foram cerca de 250 mil documentos divulgando inclusive comunicações durante guerra de Afeganistão e Iraque. Os vazamentos mostram infiltrações políticas dos EUA em muitos países e demonstram parte da política de controle escondida da maioria da população.
A atuação de Julian Assange na criação do WikiLeaks, teria a função de vazar documentos relevantes para conhecimento publico. Em 2010 foram divulgados vídeos de assassinatos de civis e jornalistas durante a guerra no oriente médio. Além de abusos de autoridades norte americanas em outros países.
A embaixada equatoriana já vinha dificultando a vida de Assange, o proibindo de receber visitas e de usar internet, além de ser responsabilizado pela limpeza do cômodo que utilizava. A embaixada o acusava de continuar hakeando e atuando na política de “países amigos”, seguindo com seu ativismo. O WikiLeaks publicou recentemente informações que ligariam o presidente do equador a um esquema de corrupção com empresa no Panamá, chamado Papéis Iná.
Assange aguarda em delegacia por audiência de custódia, há a indicação de que o Reino Unido teria se comprometido a não extraditá-lo para país com pena de morte, como é o caso dos EUA. Entretanto os EUA já teria informado que irá solicitar oficialmente o pedido de extradição. A defesa teme pela vida do jornalista caso seja extraditado.
O trabalho jornalista de divulgar e ajudar a desvelar a realidade deve ser defendido e protegido de qualquer ataque. A prisão de Assange e sua possível extradição devem ser combatidas por todos que defendem a liberdade de imprensa.