[Opinião] Eleição SINTUFSC: O que esperamos de um Sindicato de trabalhadores da UFSC?

Imagem:  Artes das chapas concorrentes à eleição extraídas das páginas das chapas – 07/2019

Leila Regina* – Redação do UàE – 18/07/2019

Vivemos um momento nacional em que a luta dos trabalhadores coloca-se como única saída para sobrevivermos aos ataques aos direitos trabalhistas, ao fundo público da previdência aos serviços públicos, ao conhecimento, e agora com o “Future-se”, a existência da própria universidade. Neste contexto de um projeto nacional que levará à miséria da classe trabalhadora retomamos a discussão do papel dos sindicatos nesta disputa.

Acompanhamos nas grandes mobilizações nacionais como as grandes centrais podem trabalhar para dirigir os trabalhadores para um caminho de radicalidade ou como podem agir para o imobilismo, mesmo havendo disposição para à luta entre os trabalhadores, a exemplo do 14J.

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No âmbito local da UFSC, teremos neste período de recesso parte da campanha eleitoral para eleição da direção no triênio 2019-2022 do SINTUFSC (Sindicato de Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina). A eleição se dará no dia 08 de agosto, até lá há dois debates previstos: o primeiro ainda no recesso, nesta sexta- feira 19/07, na reitoria; e o segundo na volta às aulas no dia 01/08 no HU, ambos às 14h.

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Nestes debates e ao longo da campanha acompanhamos as duas chapas inscritas para o pleito. São elas a Chapa 1 TAEs Unidos –  juntos somos mais fortes, que  é composta pela oposição a atual direção; e a Chapa 2 “Determinação – sindicato para todos”, que mantém a maioria dos integrantes das últimas gestões.

Nessa campanha temos que nos perguntar: Qual será a direção capaz de dirigir a nossa luta? Quem estará ao lado dos trabalhadores na defesa da universidade? A pergunta “O que esperamos de um Sindicato de trabalhadores da UFSC?” precisa ser colocada no sentido radical da grande tarefa que temos pela frente. Uma convicção que podemos afirmar sobre essa questão é de que a direção que fez campanha favorável ao atual governo não deve ser a que estará nesta luta conosco.

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As chapas

A chapa de continuidade: Determinação – sindicato para todos é conhecida por manter com os filiados uma relação patrimonialista de troca de favores, tem se mantido na direção do sindicato por uma base que ainda entende o sindicato como uma associação recreativa. Uma base que, na verdade, esteve à frente nas barricadas e vigílias de muitas lutas na história da universidade e por isso mesmo precisa ser considerada e valorizada. Entretanto é preciso que a categoria como um todo amplie seu foco da defesa de interesses locais e restritos a um grupo de trabalhadores para uma posição real de solidariedade de classe.

A chapa de situação tem defendido sua permanência justificando que a oposição tem o único objetivo de acabar com as festas promovidas pelo Sindicato e que é contra os aposentados, uma crítica muito rasteira que mexe naquilo que os trabalhadores reconhecem como valioso, tanto a tradição da coletividade nas confraternização quanto a valorizações dos que já lutaram muito no passado. É preciso garantir a possibilidade de momentos de coletividade entre os trabalhadores sem cair numa limitada discussão moral, embora evidentemente seja possível avaliar que formas de confraternização e de que jeitos elas podem acontecer para garantir que a função do sindicato não seja somente as festas.

Essa questão parece muito superficial e é absurdo que diante da conjuntura que se apresenta a discussão sobre festas se imponha acima de questões mais relevantes como o recente projeto do governo para as universidades o “Future-se”, ou mesmo a reforma da previdência. Entretanto às discussões sobre moralidades tem tomado um campo proeminente tanto na discussão da política nacional como local.

Além destas questões, a chapa da situação perpetua uma relação com a gestão da universidade que articula negociação em gabinete e não se colocando na disputa efetiva do projeto de universidade dos trabalhadores. Á exemplo: é sabido que a gestão universitária atuou decisivamente na última eleição sindical liberando portaria de flexibilização da carga horária de servidores nas vésperas da eleição. Há indícios de que a gestão vem atuando também para esta eleição, evidentemente um sindicato pouco combativo é proveitoso para a gestão universitária.

A chapa de oposição TAES UNIDOS – Juntos somos mais fortes se constitui com muitos servidores novos e alguns que já estavam na última chapa de oposição na eleição anterior. Ainda conta com alguns integrantes antigos conhecidos nas lutas na universidade e da classe trabalhadora. A chapa tem se presentado em seu material de campanha, seus princípios, na página de facebook e em vídeos com seus integrantes. Acompanhe em: “Taesunidos”.

Os debates serão um importante momento para identificar as reais forçar e potencialidades dessa chapa, certamente há valorosos companheiros a integrando, mas ainda parece estar em disputa o cominho que trilharão. Dessa forma parece importante que esta chapa de oposição não se prende aos aspectos moralistas da crítica da chapa da situação, mas que amplie a discussão para questões de fato coletivas, de interesse da classe e não exclusivamente nas questões pontuais de categoria. Não é um “novo”’ gerencialismo pela eficiência da utilização dos recursos que vai garantir a existência das universidade nos próximos anos, mas uma luta que de fato se coloque em solidariedade com toda a classe trabalhadora na construção de um novo projeto de existência. Da chapa de oposição eu espero que se radicalize, pois não precisamos de novos “gerentes” da crise instalada.

No atual acirramento da conjuntura, esperava-se de uma direção sindical, e mesmo de uma chapa de oposição, mais do que a discussão de festas. Os trabalhadores da UFSC precisam de uma direção sindical capaz de dirigir com radicalidade os processos de luta, senão nos restará fazer a luta à quiçá da direção, seja ela qual for.

Ao debate amanhã às 14h na reitoria!

 

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do jornal.

 

 

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