Recentemente, tivemos a oportunidade de ver o congresso brasileiro mostrando a sua cara na votação do impeachment. Não aquele congresso de discurso polido que aparece nas televisões – estavam definitivamente diferentes daqueles que compareceram aos debates. Retórica afinada, propostas e representatividade do povo brasileiro. Nada disso foi visto nos ritos do impeachment. Presenciamos a exposição da farsa – em transmissão nacional. Pelas tias, pelos avós, por Deus, pela ditadura! Os cartunistas entraram em pânico, as charges não dariam conta do ridículo no parlamento. Cenas grotescas. Até o melhor comediante ficou sem graça. Estávamos diante dos representantes da nação. Eleitos pelos votos dos brasileiros: democracia a todo vapor. Alto lá, estaria o problema na democracia em si? Churchill advogaria por ela quase a contragosto: A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas. De fato, não discordaríamos aí. Mas e esse parlamento, o que nos diz? Nos diz sobre a democracia ilusória que vivenciamos, onde vota-se a partir da canalhice formatada da televisão e dos debates de retórica. Não há participação política do eleitorado, o eleitor é distanciado do processo e vota pelo que pouco vê. A máxima de que política não se discute permeia o imaginário popular e as consequências estão dadas.
Sem ampla discussão de propostas, sem questionamentos, sem participação não há democracia de fato. Há a ilusão. Tal qual pretende o DCE em sua consulta sobre a PEC e paralisação. Novamente, nos vemos frente à ilusão. Exclui-se o debate e evita-se o questionamento. As propostas não enfrentam antítese e se sustentam no isolamento. Claro, os que defendem essa forma de democracia tem seus motivos, nada ao acaso. Não os subestime, há interesses. Esteriliza-se a política e o resultado todos nós conhecemos.
Acompanhe conosco – em breve – a segunda parte da análise a respeito da “consulta” do DCE.