Maria Fernanda Caxias – Redação UFSC à Esquerda – 25/11/2022
No Conselho de Entidades de Base (CEB) ocorrido na terça-feira, 22 de novembro, foi pautado a reforma do Centro de Convivência. Havia o planejamento de colocar em discussão o regimento das festas na UFSC, mas este ponto foi transferido para o CEB que acontecerá hoje, às 12h, pois o tempo foi insuficiente no último dia 22 para ambos pontos de pauta.
O debate se concentrou em torno da orientação da reitoria, que em uma conversa que realizaram com a ocupação do CONVIVA, que abriram o primeiro piso do prédio que estava interditado com tapumes desde o final da greve de 2019, colocou a possibilidade de formular um edital para a reforma do espaço. O objetivo seria fazer uma Chamada Pública que selecione o projeto mais adequado ao prédio. A promessa é que a reforma comece no primeiro semestre do ano que vem. Porém, dada a condição orçamentária da universidade, os estudantes colocaram em dúvida essa expectativa.
Além disso, nessa mesma conversa, a reitoria expressou que deseja alugar salas para lanchonetes no Centro de Convivência, mas os estudantes frisaram a indispensabilidade de barrar, por meio do edital, qualquer abertura à iniciativa privada.
A incerteza da participação dos estudantes na elaboração desse documento foi expressada com ênfase. Se a participação estudantil for conquistada, será efetiva e garantida a inclusão de suas propostas? Como garantir que essa proposta de reforma honrará a história do prédio e sua importante função na organização do movimento estudantil?
Ao longo da discussão, foi defendida a permanência da ocupação no CONVIVA durante a sua reforma, pois foi consenso que a evacuação coloca em risco a realização, continuidade e conclusão da obra.
Representantes da ocupação defenderam, inicialmente, a priorização da execução autônoma dos reparos pontuais pelos próprios estudantes e que a reforma completa do edifício não se adequa aos “Princípios do CONVIVA”. Em seguida, defenderam que essa é uma forma de pressionar a reitoria, pois é mais difícil barrarem o uso do Centro de Convivência se ele estiver sendo organicamente ocupado e reformado.
Uma outra posição na discussão defendia a formulação do edital como melhor alternativa para a reforma do CONVIVA. Destacando a preocupação em não concentrar a energia do Movimento Estudantil nessa pauta, já que nesse momento temos em disputa a reforma do CFM, da Maloca e a ampliação do RU.
A partir de uma fala, suscitou-se a ideia desses dois movimentos acontecerem simultaneamente. De um lado, a formulação do edital para Chamada Pública, que visa resultados a longo prazo. Por outro, a continuidade das reformas pontuais executadas com autonomia pela ocupação para garantir que o espaço não seja barrado.
A criação de um GT para formulação estudantil do edital foi levantada como encaminhamento. Foi definido que ele será composto por dois representantes da ocupação e de cada entidade que utiliza o Centro de Convivência (DCE, APG, Sala Quilombo).
Os estudantes da ocupação do Convivência, que reabriram o primeiro piso no final do último semestre, se opuseram à essa proposta de composição do GT. Segundo eles, o DCE se isentou sobre a ocupação e questionaram o interesse em compor um GT como este. Citaram que a única expressão de apoio do ME da UFSC teria sido uma nota da juventude do Partido Comunista Brasileiro (PCB), a União da Juventude Comunista (UJC), a qual compõe a gestão do DCE junto a outras forças, o que na interpretação deles seria uma “forma indireta de posicionamento da entidade”.
Frente a isso, o DCE apontou em sua defesa que a discussão mais concreta e ampliada sobre a reforma e o edital foi pautada pela entidade e que, reflexo disso, é o CEB estar discutindo e encaminhando sobre o Centro de Convivência.
Os estudantes da ocupação dizem lutar pela autonomia estudantil na reforma, e afirmam que o DCE não levanta essa pauta por interesse próprio, mas que, como na ocupação de 2019, apenas está reagindo à iniciativa dos movimentos independentes quando ela toma uma proporção impossível de ignorar.
Foi questionada a possibilidade de integrar os Centros Acadêmicos nesse GT, mas o DCE se opôs com a justificativa de que não é viável tantas pessoas na elaboração de um documento e que o espaço para essa deliberação é o CEB, ressaltando que o assunto foi esgotado nesses últimos encontros.
Para ampliar a participação dos CA´s, o edital a ser proposto pelo GT passará por aprovação prévia em CEB antes de ser encaminhado à reitoria.
Alguns outros pontos foram acordados como responsabilidade do GT: uma pasta compartilhada com as decisões tomadas e com os dados orçamentários, incisividade quanto à proibição das iniciativas privadas no Centro de Convivência e a não evacuação dos estudantes durante a reforma.