[Notícia] Consequências do retorno das aulas presenciais no Amazonas: professores contaminados e protestos

Imagem: Alexandra_Koch/Pixabay

Maria Fernandez – publicado originalmente em Universidade à Esquerda – –26/08/2020

O Amazonas liberou retorno das aulas presenciais nas escolas particulares ainda em 06/07, e recentemente, em 10/08, liberou retorno de estudantes do Ensino Médio das escolas públicas estaduais. Como primeiro estado brasileiro a liberar aulas presencias tem sido uma amostra do que pode ocorrer.

Mesmo com retorno de forma híbrida (presencial e online) e apenas no Ensino Médio, que atinge cerca de 110 mil estudantes, em poucos dias foram sentidas consequências e o retorno do ensino fundamental que estava previsto para 24/08 foi adiado pelo governo.

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Segundo os testes realizados nos trabalhadores de educação na capital, Manaus, de 534 testes rápidos 30% teve diagnóstico de Covid-19. Os 162 trabalhadores foram afastados para cumprir isolamento depois deste período de testagem que ocorreu entre 18 e 20/08.

 A testagem foi anunciada pelo governo depois de protestos contra o retorno diante de vários casos de contaminação nos primeiros dias de aula presencial Um professor testou positivo no primeiro dia o que acarretou fechamento da unidade de ensino, outros casos suspeitos foram confirmados, mas os dados do sindicato não eram compatíveis com os do governo. Segundo a Associação Sindical dos Professores de Manaus (Asprom) a estimativa de casos de Covid era muito maior do que o estimado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), cerca de 50 professores contra 8.

Protestos

No dia 18/08, professores realizaram carreata contra o retorno das aulas presenciais pelas ruas de Manaus, a carreata seguiu até a Assembleia Legislativa do Estado fazendo buzinaço. A tentativa era de marcar data de audiência pública.

A categoria também deliberou por greve contra o retorno das aulas presenciais. Em ato, dezenas de cruzes foram fixadas em rotatória representando as mortes por covid-19. Uma placa com a frase “Escolas fechadas, vidas preservadas” foi colocada no local. Allém da Asprom, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) também tem se colocado contrário ao retorno presencial neste momento.

A secretaria de estado da educação e desporto (Seduc-AM) não atendeu a reivindicação de trabalhadores e estudantes de  suspender as aulas presenciais mas adiou os planos do retorno das aulas do Ensino Fundamental. Sem data ainda confirmada, a secretaria indica a necessidade de realização de mais testes e de preparação das unidades, há um protocolo de saúde em preparação para ser implantado em de 107 escolas. O Secretário de Educação afirma que a dificuldade de localizar insumos para adequar a estrutura física é um dos motivos do adiamento. Em abril o Amazonas teve colapso do sistema de saúde e funerário por conta da pandemia.

Situação em outros estados

Vários outros estados já anunciaram planos de retomada de aulas presenciais e os adiaram por conta das condições da pandemia, a exemplo São Paulo (previsto para 08/09 e adiado a princípio para outubro), Rio Grande do Sul (prevista para 31/08 também adiada). Entre os estados que já adiaram planos para início de aulas presenciais também estão: Goiás, Pará, Rio Grande do Norte, Acre e Tocantins.

Até agora além do Amazonas, o Maranhão também permitiu a volta das aulas presencias das escolas particulares. Cerca de 50 instituições particulares aderiram ao ensino presencial a partir de 03/08, mas já em 09/08 houve casos de suspensão por conta de casos confirmados. A volta na rede pública já foi adiada cinco vezes e a Secretaria de Educação segue fazendo pesquisa com as famílias sobre essa possibilidade.

No Distrito Federal a suspensão das atividades presenciais nas privadas se deu por medida judicial e já foram realizadas algumas audiências para conciliação. Em todo o país a pressão das particulares segue firme apesar da situação de contágio ainda grave.

 

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