Beatriz Costa* – Redação UàE – 23/09/2019
Desde a campanha eleitoral que culminou na vitória de Jair Bolsonaro em outubro de 2018, os discursos permeados pelo medo de ataques e de repressão tem sido mais frequentes. Alguns atos pelo #ELENÃO foram muito enfraquecidos por medo de ataques de apoiadores do Bolsonaro, por exemplo.
Hoje, na greve estudantil da UFSC, uma parte dos discursos contrários à greve tem sido pautada no argumento de que estamos em um período de repressão e criminalização. Para eles, não estaríamos mais num período em que podemos fazer manifestações. Porém, essa repressão não tem se mostrado efetivamente com a intensidade que é temida.
A reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, ficou ocupada por 20 dias contra a nomeação de um interventor para a reitoria e a ocupação só acabou depois de uma longa negociação com o conselho universitário. Os estudantes ficaram satisfeitos com a garantia de que a renúncia do interventor será discutida na próxima reunião do conselho e desocuparam o prédio. Por mais que tenha havido um pedido de reintegração de posse, esta não foi autorizada pela Justiça e não houve qualquer ação violenta contra os estudantes que ocupavam o prédio.
Na UFSC, também não há repressão nem criminalização por parte do Estado e da reitoria. O reitor Ubaldo Balthazar já se manifestou diversas vezes como favorável às mobilizações, pois elas fortalecem a negociação que os reitores tentam fazer com o MEC. É claro que não queremos somente uma negociação melhor nos termos da reitoria, mas sim acabar com o programa Future-se e com os cortes. Para isso, precisamos de uma mobilização nacionalizada, com várias universidades em greve.
Dessa forma, é necessário que todas as pessoas que tenham contatos em outras universidades, envolvidos com movimento estudantil, dos técnicos ou professores, conversem sobre a experiência de vanguarda da UFSC. Partidos e organizações nacionalizadas podem usar suas redes, inclusive com DCEs e centros acadêmicos em diversas regiões do país para estimular a nacionalização da greve. Essa é uma atitude mais frutífera do que esperar que a UNE chame a greve e achar que tudo está perdido porque essa entidade não o faz.
Articulação e construção é difícil, dá trabalho, às vezes podemos ficar com medo da repressão, mas se não fizermos agora, não teremos mais universidade para defender no futuro. Fortalecendo a greve será possível passar por cima daqueles professores, que de certa maneira também exercem a repressão, seja ameaçando com a realizações de avaliações, seja com frequência insuficiente. Não podemos ter medo agora, a nossa universidade está em risco.
Vamos rumo à nacionalização da greve estudantil e rumo à greve geral dos trabalhadores!
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