[Editorial] Irineu e as parcerias-público-privada

Foto: UFSC à esquerda

 

Como os leitores estão acompanhando, seguimos com a cobertura das eleições para reitoria da UFSC, que tem primeiro turno previsto para o dia 21 de outubro. Hoje foi publicado o vídeo da entrevista com o candidato Irineu Manoel de Souza (CSE), cuja candidata a vice é a professora Mônica, do campus de Curitibanos (CBS).

Na entrevista o UFSC à esquerda (UàE) procurou abordar as polêmicas existentes no meio universitário e cobrar claramente um posicionamento do candidato. Foram abordados temas como: a crise orçamentária e posicionamento de um reitor frente aos cortes; as greves; a distribuição de pesos entre as categorias na eleição para reitor; cooptação de entidades na campanha; EBSERH; segurança no campus, o regime jurídico único de contratações e políticas privatizantes na universidade. Durante mais de uma hora de entrevista foi possível conhecer as posições do candidato, contrapondo e buscando evidenciar as contradições presentes no discurso.

Dentro do rol de candidaturas à reitoria da UFSC, a chapa encabeçada por Irineu diz se diferenciar através da defesa da autonomia universitária e das posições claras e objetivas sobre as questões da universidade. No entanto, no transcorrer da entrevista que o UàE realizou com o candidato, tal postura não se verificou. Em alguns momentos reiteramos a própria diferenciação que o candidato faz das outras chapas, pedindo posições claras e objetivas.

Um dos mais importantes aspectos a serem enfrentados na construção de uma universidade que exerça sua autonomia, que seja um espaço privilegiado dentro da sociedade para a realização dos grandes debates, exercendo a crítica sobre todos os aspectos da vida, é o enraizamento de interesses privados e econômicos dentro da estrutura universitária, que acaba por direcionar a produção de conhecimento dentro da universidade. Diante deste tema, Irineu nos forneceu respostas ambíguas, se esquivando diante desta problemática.

Para o UàE um reitor não pode se esquivar do enfrentamento dos problemas fundamentais, por isso seu papel não deve ser o de um mero gestor, mas de um intelectual comprometido profundamente com as questões de nosso povo, da classe trabalhadora. Sendo assim, é preciso que enfrente as questões que estão colocadas para a universidade. É preciso combater, com toda força, os interesses do capital dentro da universidade, essa é a tarefa que está colocada para um reitor nesse tempo histórico.

A postura que naturaliza na universidade as fundações, como a de Irineu, devem ser combatidas. O discurso de que a regulamentação poderia reverter o papel de instrumento que direciona o conhecimento produzido pela universidade por essas instituições é falso e não passa de mera ilusão, dessa forma não podemos concordar com Irineu, que coloca:

“[as fundações] estão aí, estão constituídas, não dá para dizer que elas não existem. (…) Elas precisam estar envolvidas com a instituição. Seria um setor para auxiliar a grande política da instituição, facilitar a participação com a sociedade.”

O mesmo acontece quando Irineu é questionado sobre as parcerias-público-privadas (PPPs), sua resposta é mais uma esquiva, o que é inaceitável. Além de toda a problemática já exposta sobre o direcionamento do conhecimento produzido na universidade, as PPPs acabam por desvalorizar o trabalho docente, que perde sua autonomia, tendo que se submeter a racionalidade do capital, a critérios produtivistas, etc.

A universidade precisa de uma reitoria que se posicione sobre todos os problemas fundamentais, enfrentando-os, caso contrário estaremos escrevendo nossa derrota.

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