[Editorial] Posicionamento do UàE no primeiro turno das eleições: um voto contra Roselane/Cancellier

Para o UFSC à Esquerda, enquanto escolhermos a candidatura “menos pior” – posição tão típica dos tempos de “Muda Mais”, de Dilma Rousseff – continuaremos permitindo que nenhuma delas corresponda aos nossos sonhos: para dizer o mínimo, que façam uma defesa intransigente e violenta do caráter público de nossas universidades e de seu compromisso com as grandes questões que atingem nossa classe, a classe trabalhadora.

Assim, chamamos a comunidade universitária da UFSC a votar amanhã (21), no primeiro turno das eleições para a reitoria, contra as candidaturas de Roselane Neckel e Luiz Carlos Cancellier. Apesar de haver diferenças, Roselane e Cancellier representam o rebaixamento intelectual da reitoria, a arrogância dos interesses do empresariado e a privatização ampliada da universidade, por todas as formas e todos os meios que possam empregar. Permitir que essa eleição resuma-se à terrível escolha entre Roselane e Cancellier é reduzir a possibilidade de um debate real sobre nossos dilemas às picuinhas históricas entre grupos políticos, sejam eles novos ou velhos: a universidade continuará refém de uma forma de política que nada tem a ver com a dinâmica dos movimentos que lutam realmente em defesa da instituição e da educação nacional.

Acreditamos que Irineu de Souza não conseguiu colocar-se à esquerda. Os méritos de sua candidatura não anulam seus graves defeitos, pois os primeiros são menos do que o mínimo que uma candidatura deveria defender. Com Irineu a UFSC não estará resguardada de processos ampliados de privatização e empresariamento, e permanecerá sujeita a parcerias público-privadas; captações de recursos complementares e extraorçamentários por via das fundações; contratos de gestões e pactuações; pedagogia de projetos em conjunto com empresas; e a instauração de um regime de mérito baseado na ideologia das competências. Sem falar nas incubadoras, empresas juniores e prestações de serviços avulsos de pesquisa e extensão que vêm vilipendiando nossa universidade e descomprometendo-a com os problemas de nosso povo. Sob esta ótica, as candidaturas de Edson De Pieri e Cláudio Amante nem mesmo merecem ser comentadas.

Aos que esperavam que nos posicionássemos em favor de Irineu, lamentamos, não nos inclinamos politicamente pelo mais fácil. Não somos nós que temos que inventar um discurso positivo sobre a candidatura de Irineu, é a sua candidatura que tem muito a melhorar. É uma redução cínica situar o problema da universidade entre conservadorismo e progressismo. Somos todos testemunhas de como muitas das formas ampliadas e violentas de privatização da vida passam por vias progressistas e liberais. Irineu pode ser progressista, mas não é uma candidatura de esquerda.

Não será somente através de uma trajetória de preparação acadêmica que qualquer candidato se preparará para assumir a gestão da universidade. O que formaria um reitor à altura da dignidade do cargo, hoje, é tão somente ter sido forjado no calor das lutas em defesa da universidade e da educação. Isso, Irineu não é. Não por falta de oportunidade, mas por descompromisso, como demonstrou com os recentes movimentos grevistas de docentes e TAEs.

Nesse sentido, Irineu não merece nossos votos pelo mérito de suas propostas, mas tão somente porque votar em sua candidatura é votar contra Roselane Neckel e Luiz Carlos Cancellier. É isso o que defendemos.

Para aqueles que, contudo, não se inclinam a votar contra Roselane e Cancellier por essa via, que seja por qualquer outra; o que não podemos permitir, o que nos impõe maior envergadura, é impedir que qualquer um ou os dois estejam no segundo turno.

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