[Notícia] As atuais lutas travadas pela classe trabalhadora em diferentes países do mundo

Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 29/04/2019

Próximo à grande mobilização do dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, e com o chamado de uma Greve Geral no Brasil, nos deparamos com exemplos de lutas construídas por trabalhadores de todo o mundo.

Em Portugal, enfermeiras e enfermeiros realizaram neste ano a segunda greve cirúrgica do país. Exigindo o descongelamento das progressões de carreira e aumento do salário base, o Movimento Greve Cirúrgica realizou uma greve de um mês nos blocos operatórios, abrangendo dez centros hospitalares entre o meses de fevereiro e março. No dia 08 de março foi feita a marcha pela enfermagem em Lisboa e uma greve nacional para garantir a participação de todos os trabalhadores na mobilização.

A primeira grande greve organizada pelo setor ocorreu no fim do ano passado e  durou cerca de um mês e meio. Após o Conselho de Ministros tentar acusar o movimento de greve dos enfermeiros de estar violando  serviços mínimos e de tornar ilícito o movimento dos trabalhadores, estes se mantiveram firmes em sua luta e reivindicações por uma vida mais justa; e os sindicatos que convocaram a greve, inclusive, expuseram que os próprios hospitais é que realizam a manipulação de cirurgias abrangidas nos serviços mínimos.

Também em Portugal, em abril, os caminhoneiros realizaram greve em reivindicação do reconhecimento de uma categoria profissional específica para caminhoneiros e gratificações adicionais por conta dos riscos, além de melhor remuneração. Após três dias de paralisação, o governo português declarou crise energética e as reservas de combustível dos aeroportos chegaram a níveis de emergência; o que mostrou a importância e força desses trabalhadores.

Nos Estados Unidos da América, professores declararam no início deste ano uma onda de greves pela educação. O movimento dessa categoria teve início já em fevereiro de 2018, na Virgínia Ocidental, o que levou depois educadores de outros estados a se mobilizarem, incluindo Oklahoma, Arizona, Kentucky, Colorado e Carolina do Norte. O ano de 2018 foi finalizado com a primeira greve das escolas charter de Chicago.

Em 2019, o movimento de greves se espalha para outros estados do país, começando por Los Angeles com 34.000 professores paralisados. Dentre as reivindicações do movimento está o aumento do orçamento da educação, tendo em vista o desmonte do ensino público em prol do cerco privatista, e o aumento salarial da categoria de professores.

Na Irlanda, no dia 30 de fevereiro, 35.000 enfermeiros e enfermeiras fizeram greve geral em busca de novas contratações urgentes nos hospitais; melhores condições de trabalho e salário; direito de licença maternidade e vagas sem reposição; e menor jornada de trabalho. A maior greve já realizada na Irlanda foi também iniciada pelos enfermeiros, em 19 de outubro de 1999.

Na França, há mais de cinco meses o movimento dos Coletes Amarelos reivindica por mais justiça social no país. Todos os sábados eles saem às ruas e no última dia 27 eles mobilizaram-se pela 24ª vez em diversas cidades da França. Foram mais de 23.600 manifestantes em todo o país.

Recentemente, o presidente Emmanuel Macron anunciou um conjunto de medidas em resposta à crise social no país, dentre as quais está a reforma da previdência, a redução dos gasto públicos e o  corte de impostos. Frente à isso, o movimento dos Coletes Amarelos não apenas mantém os atos pela cidade, mas fortalece-se. No dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, será realizada uma grande manifestação pelo país.

Na Argentina, a população após realizar Greve Geral em setembro do ano passado contra as negociações do governo argentino com o FMI e consequências que isso traria principalmente aos mais pobres, chama agora uma Greve Geral para o dia 30 de abril, em protesto contra a política econômica do governo do presidente Maurício Macri.

O governo argentino vem impondo à população ajustes e arrochos. Com o acordo firmado com o FMI, uma série de medidas foi imposta, como o fim dos subsídios, reformas trabalhista e previdenciária e metas de inflação. Com isso, o índice de desemprego encontra-se exorbitante e a população está tendo dificuldades até mesmo para para pagar as contas de itens básicos, como água, energia e gás.

No Brasil, categorias de trabalhadores também mostram a possibilidade de luta da classe. Os metroviários de São Paulo paralisarão suas atividade amanhã (30) em mobilização contra a reforma da previdência, privatização do metrô e por aumento salarial.

Desde o começo do mês os trabalhadores vestem-se com coletes vermelhos nos metrôs e estações com mensagens sobre suas reivindicações. Além de realizarem atividades nas estações dialogando com os passageiros e coletando assinaturas de um abaixo assinado contra a reforma da previdência; o que resultou em tentativas de intimidação e ameaças de punição por parte da direção do metrô, com a justificativa de que a ação possui fim político e descaracteriza o uniforme. Ainda assim, os trabalhadores mantêm-se unidos construindo a greve do dia de amanhã e a luta por suas reivindicações.

Na Bahia e no Rio Grande do Sul, docentes realizaram movimentos de greve em defesa dos direitos trabalhista e orçamento destinado às universidades estaduais. No estado do Rio Grande do Sul, os professores se declararam também contrários ao projeto de reforma da previdência e indicaram o dia 15 de maio como dia de Greve Geral da Classe Trabalhadora. Caso as demais categorias não consigam se mobilizar para tal, declararam que ocorrerá uma greve nacional da educação.

No Rio de Janeiro, ocorreu também esse mês greve dos garis em luta de seus direitos trabalhistas enquanto categoria organizada.

No Brasil e no mundo todo, a classe trabalhadora está mostrando sua garra e organização para lutar por uma sociedade mais justa. E nos dá exemplos de como podemos, juntos, construir essa mobilização e um outro projeto de sociedade para nossa classe.

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