Foto enviada por leitora do jornal.

[Notícia] Aumento de rondas e ações de repressão pela PM na UFSC e na cidade

Clara Fernandez – Redação UFSC à Esquerda – 25/07/2022* 

Quem anda pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela cidade de Florianópolis atualmente consegue observar o aumento das rondas de viaturas da Polícia Militar (PM) durante o dia.

Nossos leitores têm nos relatado que em alguns pontos da universidade a presença da polícia já é cotidiana, como no caso do Teatro Carmem Fossari, próximo da rótula no bairro Trindade.

Foto enviada por leitora do jornal.

 

Na última sexta-feira (22), enquanto haviam atividades integrativas na universidade e no seu entorno, nossos leitores relataram que houve um grande número de viaturas com policiais armados com fuzis nos seus entornos e a entrada da PM para expulsar da universidade aqueles que se encontravam nas proximidades da reitoria e do Centro de Comunicação e Expressão, por volta da 00h.

Antes da entrada da PM, a segurança patrimonial do campus, a DESEG já estava realizando a expulsão de vendedores ambulantes e de estudantes que estavam frequentando a universidade pela entrada da Carvoeira, entre 21h e 22h. 

Na mesma data, a repressão policial se expandiu por uma série de atividades nas ruas da cidade, com relatos de atuação repressiva da PM no Container da Carvoeira, na praça do Pida e no Centro da Cidade.

Em 2016, a polícia e a gestão do reitor Luiz Carlos Cancellier firmaram um Convênio que previa a atuação da PM junto da DESEG, em troca do uso do espaço da universidade para ações da corporação, como treinamentos táticos que remetiam a cenas de guerra realizados na fazenda da Ressacada. As reuniões com a PM para debater a segurança no campus  Trindade se tornaram práticas contínuas desde a gestão da reitora Roselane Neckel.

Desde então, os episódios de repressão aos eventos de integração estudantil vêm se ampliando, ano após ano; em consonância com a repressão a espaços culturais de ocupação da cidade, como a batalha da alfândega, encontros massivos nas ruas do centro, carnavais de rua, entre outros.

Leia mais em: O sempre trágico encontro entre a polícia e a universidade 

Na UFSC já ocorreram também episódios espalhafatosos de testes de equipamentos alegóricos, como uma torre de segurança móvel. A torre era uma cabine com diversas câmeras e iluminação própria, sobre uma plataforma de elevação. Tal experimento, que não teve seus valores divulgados, serviu apenas para evidenciar a panaceia que se tornou o debate sobre segurança pública em uma universidade que se nega a pensar de forma crítica a sua relação e impacto na cidade.

Torre de segurança móvel da reitoria da UFSC
Foto: Torre de segurança móvel da reitoria da UFSC na praça da cidadania no campus central – Florianópolis/SC, 05/07/2017 – por UFSC à Esquerda

Recentemente nossos leitores também nos informaram de que a PM estaria fazendo uso do ginásio aquático do Centro de Desportos (CDS). Segundo o jornal Notícias do Dia, o uso de ginásios de esportes e piscinas da universidade estava previsto no acordo firmado em 2016. Este acordo nunca foi alvo de debate ou ao menos divulgado publicamente para a comunidade universitária.

Foto de policiais militares acessando o ginásio aquático do CDS, enviada por leitora do jornal.

 

Nos últimos anos, o uso do ginásio aquático tem sido cada vez mais restrito ao conjunto da comunidade universitária, em função da precária manutenção das piscinas do mesmo, assim como do conjunto do CDS. 

Este conjunto de situações só deixa mais evidente o quanto a relação com a PM vai diretamente na contramão do pleno uso do espaço da universidade pelo conjunto da comunidade interna e externa da UFSC. É essa polícia que protagoniza episódios de expulsão até mesmo de crianças soltando pipa pela universidade. 

A questão da segurança na universidade envolve olhar para outras problemáticas, como por exemplo a manutenção das iluminações e a ampliação da circulação coletiva nos espaços públicos, que estão sendo sentidas por quem frequenta cotidianamente o seu espaço. Estas são questões que tocam no desmonte da universidade e no papel que ela precisaria estar cumprindo, mas nada disso pode ser pensado sem movimentos universitários efetivamente vivos.

Leia mais em:

UFSC e a balela da segurança

*Erramos: A PM não atuou no sarau de cênicas na sexta, dia 22/07, como noticiado inicialmente. A PM atuou dentro da universidade, próximo a reitoria e ao CCE, no mesmo horário em que o sarau estava encerrando. Última atualização no dia 27/07/2022, às 10h33m.

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