O Comandante Militar do Leste, General Braga Netto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Beatriz Costa – Redação UàE – 18/06/2018
O general Walter Braga Netto, interventor federal no Rio de Janeiro, tem agido no sentido de impedir que a imprensa registre suas falas públicas e o questione sobre suas atitudes como responsável pela segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Um dos episódios aconteceu na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACR) no dia 13 de junho. A cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, esteve no evento e relatou o caso a alguns veículos de mídia.
No encerramento do evento – onde já tinha ocorrido duas mesas de debates – o general Braga Netto fez uma explanação sobre a intervenção, o plano estratégico etc.
Foi chocante a forma como ele começou a exposição. Pediu que as câmeras de TV e máquinas fotográficas que estavam posicionadas no alto do auditório fossem deligadas. Fiquei surpresa porque as câmeras foram desligadas e baixadas. E mais surpresa pelo fato de que nenhum veículo mencionou esse fato nas matérias publicadas no dia ou no dia seguinte.
Também na semana passada, dia 15 de junho, a situação ocorrida em um evento promovido pela Câmara Espanhola de Comércio no Museu do Amanhã, gerou repercussão. Apesar de a imprensa ter sido chamada para o evento, no momento do debate, os repórteres foram impedidos de permanecer no local.
Diversas explicações a respeito disso foram fornecidas por diferentes fontes. Para os participantes do evento, o general Braga Netto vetou a presença de repórteres durante sua fala. Já o coronel Roberto Itamar, porta-voz de Braga Netto, explicou que o interventor federal tinha autorizado a presença e inclusive perguntas de repórteres, mas que não queria que seu discurso fosse filmado ou fotografado porque “perde a concentração na hora de falar”. Os representantes da Câmara Espanhola disseram que não havia consenso entre os convidados sobre a presença de jornalistas durante o debate. Por isso, decidiu-se não permitir que os profissionais permanecessem ali.
Estes acontecimentos não são pontuais. De fato, desde a sua primeira entrevista coletiva como interventor federal, em 27 de fevereiro, Braga Netto tem mostrado sua forma de agir perante questionamentos. Neste dia, as perguntas dos repórteres tiveram que ser escritas em papéis distribuídos pela assessoria de imprensa (nos quais se pedia para colocar nome, veículo, e-mail, telefone e cargo) e entregues dez minutos antes da entrevista começar, para que fossem previamente analisadas. O general do Exército e comandante militar do Leste ainda continuará como o máximo responsável pela segurança pública do Rio até o dia 31 de dezembro deste ano.