[Notícia] Comitê de base cria campanha contra o ensino remoto na UFGD

Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 30/06/2020

Publicado originalmente em Universidade à Esquerda.

Na Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD), comunidade universitária se organiza para combater a implementação do ensino remoto como forma de retorno do calendário acadêmico nas universidades brasileiras.

A “Campanha contra o ensino remoto na UFGD” é uma iniciativa de organização da base, incluindo todas as categorias da comunidade, com o objetivo de ampliar o debate e mobilização contra o ensino remoto, a Educação a Distância, a precarização do ensino e do trabalho e o projeto de financeirização e privatização da Educação Pública.

Na manhã da última segunda-feira (29), a reitora-interventora da UFGD lançou a portaria nº 367 resolução n. 106 que impõe o retorno às aulas a partir do mês de agosto. A decisão gerou revolta na comunidade universitária tanto por a decisão ter sido tomada e imposta de forma autoritária, sem ampla discussão, quanto por ir contra os interesses daqueles que defendem a educação pública e uma formação de excelência nas universidades.

Em junho do ano passado, o Ministério da Educação (MEC) nomeou Mirlene Ferreira Macedo Damázio como reitoria pro tempore (temporária) da UFGD. A nomeação foi assinada pelo ministro Abraham Weintraub. A professora do curso de pedagogia da universidade sequer participou da consulta prévia que levou a elaboração da lista tríplice e é alinhada aos projetos do governo Bolsonaro para a educação

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É nesse contexto que surge o movimento de organização de base na UFGD, com a campanha contra o ensino remoto. Leia abaixo texto de apresentação do movimento e de suas pautas, retirado de sua página no Facebook:

A campanha contra o ensino remoto na UFGD é uma iniciativa de organização de base da comunidade universitária para enfrentar as medidas de trabalho e ensino remotos que vêm sendo impostas como solução ao isolamento social necessário para combater a Covid-19. Diante da pandemia e sob condições cada vez mais precárias de funcionamento das universidades públicas, o Ministério da Educação (MEC) vem constrangendo as instituições de ensino a se adaptarem ao ensino remoto, que substitui aulas presenciais por aulas virtuais. Entendemos que essa política é excludente e elitizante, além de ser gravemente prejudicial ao caráter público, gratuito e de qualidade da educação, gerando efeitos perversos na formação de estudantes, no trabalho docente e na construção dos conhecimentos e das ciências comprometidas com as realidades sociais dos povos. Para além de ser uma medida de “improviso”, a imposição do ensino remoto emergencial não considera o acesso desigual que a comunidade acadêmica possui aos recursos materiais necessários para a sua execução. Isso prejudica ainda mais a já grave questão do acesso à educação de qualidade no Brasil, somando-se com outras medidas catastróficas do MEC, que “se aproveita” da crise sanitária que enfrentamos para “passar a boiada” e empurrar a agenda neoliberal já em curso. Agenda essa que requer o colapso da educação pública para o avanço do projeto de precarização e privatização do ensino superior, à serviço de interesses de grandes corporações e organizações empresariais que disputam pela monopolização dos meios tecnológicos da educação remota. A interventoria da UFGD, alinhada com o MEC e com o governo genocida de Bolsonaro, tem se manifestado publicamente sobre o breve retorno das aulas na modalidade remota. A prioridade deveria ser a saúde e o bem-estar de todo o corpo social da universidade, a permanência de todas/os as/os estudantes e garantia de formação de excelência. Ainda que o problema do acesso fosse resolvido, a implementação do Ensino Remoto desconsidera que o corpo discente enfrenta um contexto de sofrimento emocional, perdas familiares e desemprego em massa. Além disso, mesmo em aulas supostamente opcionais, a dinâmica competitiva estará ainda instaurada. Mais uma vez as/os estudantes pobres ficarão para trás. Não aceitamos a imposição do Ensino remoto pela interventoria como solução para a retomada do calendário acadêmico. Todo este esforço em encaminhar uma agenda contra a educação do povo deveria estar sendo empregado em defendê-la. Saudamos e nos inspiramos na luta e organização de base das/dos compas da UFRJ, UFSC e outras universidades públicas, que nos trouxeram esperanças e forças para fazer oposição combativa contra o extermínio da Educação Pública.

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