Flora Gomes e Daniella Pichetti – Redação UFSCàE – 07/12/2022
Desde o anúncio dos cortes no valor de R$ 344 milhões para as universidades federais, estas têm sua existência ameaçada. A Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) afirmou que nem mesmo as despesas empenhadas poderiam ser pagas se o corte não for revertido. Nessas condições, as bolsas e outras políticas de permanência estudantil ficam duramente afetadas. Os estagiários do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) e do Colégio de Aplicação estão paralisados enquanto não receberem suas bolsas. Ambos os estudantes da graduação e da pós realizaram assembleias hoje (07/12) para discutir a situação orçamentária da UFSC.
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Assembleia Estudantil
Inicialmente convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) para discutir a situação do Restaurante Universitário (RU), a Assembleia Estudantil ocorreu hoje em frente à sede do DCE e discutiu também os cortes orçamentários. Os estudantes debateram sobre a forma como essa medida do Governo Federal afeta a permanência estudantil, os contratos com os trabalhadores terceirizados, bolsas de pesquisa e estágio, e qualquer outra atividade da universidade. Em junho deste ano já haviam sido cortados R$ 12,6 milhões da UFSC. Em declaração ao UFSCàE, o reitor da UFSC, Irineu Manoel, afirmou que está há quase 50 anos na universidade e nunca viu algo próximo deste cenário.
Frente a essa catástrofe, os estudantes estiveram dispostos a organizar atividades de mobilização. Alguns encaminhamentos foram:
- Realizar paralisação amanhã (08/12) e na sexta-feira (09/12);
- Construir materiais impressos para panfletagem;
- Realização de uma nova Assembleia dos Estudantes na próxima segunda-feira (12/12);
- DCE articular a ida dos estudantes para Brasília;
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Assembleia da Pós-Graduação
A Assembleia dos pós-graduandos que ocorreu hoje em frente à sede da Associação de Pós-Graduandos (APG) havia sido convocada para discutir o processo eleitoral da entidade. A pauta dos cortes foi adicionada posteriormente em razão da conjuntura.
Os cortes afetaram os pagamentos realizados pelas agências de fomento. Os pós-graduandos ainda não receberam suas bolsas de pesquisa referente ao mês de novembro.
Muitas falas surgiram manifestando a indignação com relação aos cortes, que são salários de um contingente significativo de estudantes que dividem o tempo entre empregos fora da universidade e o trabalho com a pesquisa. Além disso, foi debatida a questão de não haver reajuste no valor da bolsa há muitos anos e como, para diversos estudantes, a situação é de que trabalham sem remuneração por consequência dos cortes que já ocorreram.
As discussões tocaram também na importância de compreender como todo o modelo de pesquisa no Brasil hoje se organiza de forma que os estudantes, trabalhadores, sejam mal remunerados e que seus direitos não estejam garantidos.
Os encaminhamentos relativos ao ponto dos cortes foram:
- Aderir ao calendário de mobilização da graduação;
- Paralisar as atividades de aulas e pesquisa amanhã (08/12) e sexta-feira (09/12);
- Organizar um Grupo de Trabalho para levantar dados sobre o orçamento e os cortes;
- Buscar articular com a Associação Nacional dos Pós-Graduandos com relação aos próximos passos da mobilização.
Com relação ao segundo ponto de pauta, sobre a avaliação da gestão Carcará e o processo eleitoral, a mesa inicialmente abriu espaço de falas de avaliação, seguida da votação sobre o fim da gestão, que foi aprovado. No entanto, em decorrência da conjuntura, a gestão apresentou uma proposta de estender a gestão até o tempo da posse da próxima gestão, dada a necessidade de organização contra os cortes; a plenária propôs que a gestão permanecesse por um período maior pelo mesmo motivo.
O regimento eleitoral foi lido e aprovado pela maioria dos estudantes. Dada a deliberação da prorrogação da gestão até março do ano que vem, um novo calendário foi proposto pela mesa e aprovado por contraste.
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Os cortes orçamentários realizados há quase uma década vêm sistematicamente rifando a existência das universidades públicas do país. A UFSC está vivendo uma crise dramática. Esses cortes ocorrem poucos dias após as fortes chuvas afetarem duramente a estrutura da universidade. Ainda não se sabe o tamanho desse prejuízo para a existência da instituição.