Trabalhadores da Eletrobrás e das subsidiárias Furnas e do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) entraram em greve por tempo indeterminado no dia 17 de janeiro, seguindo decisão tomada em assembleia na semana anterior.
Os funcionários da Eletronorte aderiram à greve a partir da zero hora do dia 24 janeiro. A greve teve 84% de aprovação na assembleia. A CGT Eletrosul e a Chesf também aderiram à greve, que já soma mais de 12 mil trabalhadores.
Segundo a Associação de Empregados da Eletrobrás (AEEL), inicialmente as principais pautas da greve foram as mudanças no plano de saúde com cobranças excessivas, as demissões e a privatização da empresa.
Os três pontos elencados estão diretamente relacionados. “A redução da participação da estatal no plano de saúde tem como pano de fundo a privatização da Eletrobrás, a fim de entregar uma empresa mais enxuta para os próximos acionistas” afirma a Federação Nacional dos Urbanitários.
A AEEL diz que a empresa está tentando “empurrar goela abaixo um plano de saúde com cobranças abusivas”. Os eletricitários querem manter a contribuição que fazem ao plano de saúde em 10%. A Eletrobras quer subir para 40%.
Vitor Costa, que é diretor da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF) e membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários, explica que o contexto que deflagrou a greve da categoria envolveu o anúncio de uma mudança de custeio no plano de saúde. “Para se ter uma ideia, com esse reajuste um em cada três empregados não terão condições de arcar com o plano de saúde e vão ter que deixar o benefício. Saber que essa atitude da empresa ocorre justamente em período de pandemia torna a tentativa de mudança ainda mais cruel.”
A Eletrobrás, estatal de energia, é a principal empresa do ramo elétrico do país. É ela quem garante, de forma estratégica, que a energia elétrica chegue em cada rincão do Brasil. No último balanço financeiro, realizado com dados do terceiro trimestre do ano passado, registrou um lucro líquido de R$ 965 milhões, mesmo oferecendo o serviço mais barato para seus consumidores. Apesar de ser uma empresa lucrativa, ela é um dos alvos principais do plano de privatização do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Para evitar que os consumidores sejam os únicos prejudicados com a paralisação, os eletricitários estão atendendo as situações emergenciais.
“A eletricidade não é algo que se pode estocar como petróleo, por exemplo, por isso é preciso atender as emergências. Neste caso, o gerente da unidade solicita ao comando de greve, que se entender que é uma emergência, o serviço será feito”, explica o engenheiro de Furnas, Felipe Araújo.