[Notícia] Ministério da Saúde promove confusão sobre os dados da COVID-19

Ana Júlia – Redação UàE – 08/06/2020 

Em nota publicada ontem (7), o Ministério da Saúde informou que irá alterar as formas de divulgação e contabilização dos dados sobre a Covid-19. A análise de casos e mortes será realizada, a partir de agora, por data de ocorrência de forma regionalizada. Essas mudanças serão, de acordo com o ministério, implantadas durante a semana. 

A alteração na contagem e divulgação dos dados iniciou na tarde de sábado (6), no momento em que o site oficial da covid-19, alimentado com o balanço da pandemia pelo Ministério da Saúde, foi retirado do ar para uma “manutenção” não anunciada e passou mais de 19 horas sem funcionar. 

No seu retorno, a apresentação dos dados estava diferente: o site deixou de apresentar os números totais sobre a doença e o histórico de sua evolução desde o primeiro caso brasileiro. Agora, o site apresenta apenas os dados incluídos nas últimas 24 horas na base de dados do governo. Assim, em vez de noticiar as 35.026 mortes e 645.771 casos oficializados até ontem, o site informa apenas novos casos de recuperados, diagnosticados e óbitos.

Antes da mudança, os dados eram divulgados da seguinte forma:

Versão original do portal do Ministério da Saúde sobre Covid-19, com dados acumulados — Foto: Ministério da Saúde/Reprodução

Agora, na “nova versão”, os dados aparecem assim:

Portal oficial do Ministério da Saúde em versão com menos dados, divulgada neste sábado (6) — Foto: Ministério da Saúde/Reprodução

Por causa das mudanças da divulgação de dados pelo Ministério da Saúde – com menos transparência – a Universidade Johns Hopkins chegou a excluir o Brasil do balanço global sobre coronavírus atualizado ao longo do dia. Porém, depois de algumas horas, a universidade voltou a incluir o Brasil nas listas de dados.

Em nota de repúdio, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) se manifestou contrária a falta de transparência do Ministério da Saúde na divulgação de dados confirmados e de óbitos por COVID-19 no país. “É fundamental que em uma pandemia de tamanha magnitude tenhamos os números reais. Somente com informações epidemiológicas confiáveis será possível a avaliação das medidas atuais e o planejamento de ações para combater a propagação do novo coronavírus, que vem causando danos avassaladores no mundo e especialmente no Brasil”, afirmou a SBI.

Também ontem (7), o governo federal divulgou dois dados divergentes acerca do número de casos confirmados e de mortes pela doença, no intervalo de poucas horas. Uma primeira divulgação contabilizava 1.382 mortes nas últimas 24 horas, totalizando 37.312 mil óbitos totais. Já na segunda divulgação, realizado pelo painel de acompanhamento da doença gerido pelo Ministério da Saúde, o número de mortes é de 525, somando um total de 36.455 óbitos. A diferença é de 857 vítimas fatais. A divergência entre os número ainda não foi explicada pelo Ministério da Saúde.

Até o momento, os boletins com os dados sobre as 24 últimas horas consideravam a data da notificação para a Covid. Em outras palavras, os números incluíam as mortes cuja confirmação da doença havia ocorrido nas últimas 24 horas – poderia incluir, portanto, as mortes ocorridas naquele dia e também casos de óbitos antigos, cuja confirmação de infecção do novo coronavírus apenas se deu naquela data. Esse é o padrão adotado pela maioria dos países, na divulgação de seus dados de mortos e infectados. 

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