[Notícia] O Imbróglio Renan – O Capital não têm escrúpulos

Redação UàE 08/12/2016

Nesta semana o Brasil assistiu atônito o imbróglio entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, que contou também com o dedo da Presidência da República, no caso Renan Calheiros que encerrou ontem com a decisão de mantê-lo no cargo. Na segunda-feira o escândalo teve início com a notícia de que Renan Calheiros (PMDB) havia sido afastado da presidência do Senado Federal, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. Em sua decisão liminar o ministro entendia a necessidade do afastamento do senador uma vez que seu cargo está implicado na linha sucessória da presidência da república não pode ser ocupado por réu em processos penais – e Renan, investigado por crimes contra o erário, é réu naquela corte pelo crime de Peculato.


Tão logo recebida à notícia, já na terça-feira, a mesa diretora do Senado emitiu um documento expressando que não tomaria nenhuma providência até fosse exarada a decisão do plenário do STF. Renan, tampouco, se dispôs a receber a notificação da decisão pelas mãos do oficial de justiça, responsável. Enquanto isso, no transcorrer da semana, os jornalões da mídia empresarial se ocupavam de noticiar as articulações e as conversas de gabinete realizadas no alto escalão do governo para tentar sair ileso da crise aberta com o STF – inclusive deram destaque às conversas de Temer com figurões de seu partido e também do PSDB para encontrar uma saída para Renan.


No meio do quiproquó, chamou à atenção a postura submissa do Partido dos Trabalhadores na figura do vice-presidente do Senado, Senador Jorge Vianna. O Senador declarou na grande mídia que afastado ou não Renan continua presidente do Senado, realizou conversas com os Ministros do STF na tentativa de resolver a situação de Renan e não fez qualquer esforço para obstruir a agenda reacionária do governo que tramita naquela casa. Mais um episódio notável em que o partido demonstra que há muito tem carregado o nome dos Trabalhadores apenas por uma tragicômica tentativa de escamotear que é apenas mais uma fração do Partido da Ordem.


Enfim, nesta quarta-feira o pleno do STF por seis votos a três se pronunciou contrário ao afastamento de Renan, excluindo-o temporariamente apenas da linha de sucessão a Presidência da República. A decisão apenas deixou evidente que a despeito de suas disputas, os três poderes estão unidos na agenda de ataques a classe trabalhadora. O fogo que tomou o circo de horrores nas altas casas da República, só nos diz uma coisa – em pedaços ou não esta República continua atestando seu conteúdo de classe, seu compromisso com o Capital. E o que temos visto no transcorrer deste ano, e também nesta semana, é que os capitalistas e seus representantes ao afirmar seus interesses por sobre a cabeça da classe trabalhadora não tem o menor apreço por suas próprias instituições, por seu direito, por seu intragável moralismo – o Capital não guarda qualquer escrúpulo.

 

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