[Notícia] Ocupação das UTIs em Florianópolis aumenta para 84,6% em 5 dias

Martim Campos – Redação UàE – 30/06/2020

Com o aumento do número de casos e óbitos por Covid-19 em Santa Catarina entre o período de domingo (21/06) e sábado (27/06), esta última semana foi a mais grave desde o início da pandemia no Estado. Em Florianópolis, a ocupação dos leitos de UTI do SUS e leitos públicos e privados por pacientes diagnosticados e suspeitos de covid-19 já atingem 84,6% desde domingo (28/06). Dos 235 existentes para adultos e crianças, há apenas 36 disponíveis. Segundo os dados da prefeitura do município, 168 espaços estão ocupados e 31 constam como “indisponíveis”. Este número contempla vagas para diferentes tipos de doença e atendimentos. 

No Hospital Universitário (HU) da UFSC o número de casos graves atendidos chamou a atenção da equipe profissional de saúde, pois em um breve período de cinco dias, os 10 leitos de UTI destinados aos casos da doença foram ocupados, com paciente entre 32 e 68 anos. Visto a necessidade de internações mais longas do que a média, o aumento de pacientes nos leitos por conta da Covid-19 é preocupante uma vez que em um curto prazo de tempo poderá acarretar em uma superlotação nas UTIs dos hospitais do Estado.

Apesar de poucos óbitos e internações por Covid-19 na faixa etária abaixo dos 20 anos, nesta manhã de segunda-feira (29/06) foi registrada a morte mais jovem causada pela doença no Estado, de uma menina de 1 ano nascida em São José. A criança estava internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) e foi a primeira paciente da unidade a morrer por causa da doença. A menina era moradora do bairro de Fazenda Santo Antônio, em São José, na Grande Florianópolis, e sofria de doença cardiovascular. 

Em Santa Catarina, até a manhã desta terça-feira (30) havia 25.056 casos confirmados da doença, com 324 óbitos. De sábado para domingo, o Estado confirmou mais oito mortes e 556 novos diagnósticos positivos da covid-19.

Diante de tal ascensão no número de casos e ocupações nos leitos, nesta segunda-feira, foi realizada uma reunião às 17h chamada pela secretaria municipal de Saúde e Associação Catarinense de Medicina (ACM) em conjunto com os diretores de hospitais da Grande Florianópolis. Foi realizado um breve relato da situação diante dos números de casos e óbitos entre os diretores, e foi discutido o agravamento do quadro do novo Covid-19 na região, levando em consideração o fator da intensificação das doenças respiratórias causadas pelo inverno, como a Síndrome Respiratória Aguda e a Influenza.

O Secretário de Estado da Saúde André Motta anunciou que há previsões para ainda esta semana de ampliação no número de leitos, entretanto, esse tipo de medida está longe de ser eficaz no que diz respeito ao controle da pandemia, pois está apenas na ponta do serviço. A lógica de investir nos leitos de UTI é curativa, ou seja: parte da espera do adoecimento das pessoas para então investir na ampliação do cuidado. Mas quais são as medidas atuais de fato preventivas para conter a pandemia? Além da realização de testes rápidos, em larga escala para diagnosticar as pessoas que tem a doença e isolar essas pessoas, para quebrar com a cadeia de transmissão, a garantia do isolamento social seria fundamental no momento para que tivéssemos uma chance sequer no controle da doença. Houve, inclusive um respaldo indevido em relação a baixa da taxa de ocupação dos leitos da UTI para realizar essas aberturas “regradas” ou o aguardo da ocupação dos leitos ser mais alta para que então fossem implementadas medidas mais severas. Esse é o tom sinistro de fundo das medidas apostadas por inúmeros governantes: atuar em medidas mais restritivas após grande parte das pessoas  encontrarem-se empilhadas e doentes por vagas nos leitos dos hospitais.

O que estamos acompanhando são medidas implementadas pelo Governo Municipal e Estadual que vão de encontro com uma abertura cada vez maior e forçada das atividades comerciais (com fortes pressões empresariais por esse retorno) e afrouxamento das restrições sociais. Os casos aumentam pois há pessoas nas ruas não simplesmente “porque estão realizando atividades de lazer, abusando das ampliações da circulação” como pronunciam inúmeros governantes, mas porque os trabalhadores tentam sobreviver e garantir mínimas condições de vida, se expondo diariamente em suas rotinas laborais. Os casos aumentam e nessa conta é imprescíndivel constar a responsabilidade dos governantes em seus números que multiplicam rapidamente. 

 

 

 

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