Imagem: Divulgação da paralisação e ato contra a intervenção na UFPB; ADUFPB
Renato Milis – Redação – 17/11/2020 – Publicado originalmente no Universidade à Esquerda
Trabalhadores e estudantes seguem lutando contra a intervenção de Bolsonaro na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As manifestações pedem pela saída de Valdiney Veloso Gouveia, reitor-interventor que foi menos votado na consulta pública, e pela posse da reitora escolhida pela comunidade universitária Terezinha Domiciano.
Nesta quarta-feira, 18/11, os professores paralisarão as atividades em protesto contra a intervenção. O Sindicato dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB), seção sindical do ANDES está convocando os docentes para participarem da paralisação. A decisão foi tomada em assembleia geral dos docentes no dia 13 deste mês.
Os docentes também participam de um ato conjunto com Técnicos Administrativos em Educação e Estudantes em João Pessoa. Os manifestantes se concentram às 16 horas na Praça da Paz e seguem em caminhada para o prédio da Reitoria.
Lá encontrarão os estudantes que seguem firmes na ocupação da reitoria, a despeito das tentativas de repressão. A ocupação teve início dia 05/11, quando estudantes se acorrentaram nas dependências da reitoria em protesto pela autonomia universitária.
Repressão
Na última semana, a Justiça Federal concedeu em decisão liminar a “reintegração de posse” da reitoria contra a ocupação. A decisão autorizava o “uso de forças cabíveis” e preconizava multa diária de R$ 1 mil para cada manifestante que continuasse na ocupação.
Com apoio de professores, técnicos e muita solidariedade de trabalhadores por todo o país a ocupação resistiu e segue na luta. A comunidade realizou um ato de posse para reitora eleita pela comunidade na ocupação, que contou com a presença da reitora e da vice-reitora. E se mobilizou para impedir a posse do interventor que teve que realizar uma cerimônia privada e com forte segurança.
O reitor-interventor tentou também intimidar os docentes. Enviou um ofício a procuradoria da universidade a consultando sobre às implicaçõe jurídicas da paralisação do dia 18 e às medidas que deveriam ser adotadas. A direção do sindicato dos professores denunciou a medida que tenta constranger a luta dos trabalhadores. Os docentes manterão a paralisação e lutarão também contra qualquer medida que vise coibir a luta dos trabalhadores.
Autonomia Universitária
As lutas de trabalhadores e estudantes da UFPB se encontram com lutas que têm tomado às universidades e institutos contra as intervenções de Bolsonaro. O Presidente da República tem utilizado a permanência do mecanismo da lista tríplice para nomear reitores que não foram escolhidos pela comunidade universitária e que estão mais alinhados a sua política.
Em cada universidade há disputas em torno do modo em que a escolha para seu dirigente máximo deve ser feito. O próprio debate sobre o modo de escolha é parte da tradição democrática que com muita luta tenta se construir nas universidades, em geral a partir dos movimentos dos trabalhadores e estudantes. E é parte do que dá substância a autonomia universitária em seu sentido pedagógico e político.
As intervenções de Bolsonaro, e a própria sobrevivência do mecanismo autoritário da lista tríplice ao longo de toda a Nova República, atacam o princípio da autonomia e a própria substância universitária – e afetam não apenas cada comunidade intervida, mas a Universidade brasileira. As lutas em cada comunidade contra os interventores são lutas de todos nós.