[Notícia] Posicionamentos sobre o Future-se: UFRPE junta-se às universidade que se posicionaram contrárias

Imagem: Divulgação do programa Future-se

Maria Fernandez – publicado originalmente em Universidade à Esquerda– 16/10/2019

Universidades de Pernambuco posicionaram-se contra o Future-se. O posicionamento mais recente foi da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que no dia 14/10 em reunião dos três conselhos superiores emitiu sua posição contrária ao programa apresentado pelo MEC.

Outras universidades do estado já haviam se posicionado contrárias como: a Univasf (Universidade Federal do Vale de São Francisco) que emitiu posição ainda em 09/08, e a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) no dia 26/08. Já são mais de 40 universidades que se posicionaram em relação ao programa, confira levantamento dos posicionamentos realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – (Andifes)

 

Leia a íntegra da Nota da Universidade Federal Rural aprovado no dia 14/10:

NOTA DA UFRPE SOBRE O PROGRAMA FUTURE-SE DO MEC

“A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – Instituição centenária com tradição em ensino, extensão e pesquisa no estado e no País – conta com ampla capacidade de inovação e contribui para a superação dos problemas sociais, ambientais e econômicos, participando diretamente no desenvolvimento socioambiental, tecnológico e político regional e nacional. Frente à proposição de um novo programa pelo Ministério da Educação para o Ensino Superior – o Future-se – e da importância de posicionar a UFRPE pelo legado conquistado em seus 107 anos de história, esta Universidade apresenta uma análise crítica de sua Comunidade, uma instituição baseada em princípios mais fundamentais como o direito à Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade, Inclusiva, Socialmente Referenciada e, acima de tudo, AUTÔNOMA.

O Programa Future-se, que declara pretender avançar nas áreas de gestão, empreendedorismo e governança – sem mecanismos claros de controle social e de transparência -, não garante a preservação da autonomia das universidades e manutenção de sua natureza pública, ao incluir novas instituições e formas de financiamento e indicar uma centralização administrativa e de gestão que não será realizada pelas universidades.

O eixo que trata de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação se baseia principalmente na implementação da Lei de Inovação (Lei 13.243/2016). A referida Lei constitui um marco legal da iniciativa privada dentro das IFES. Reconhecemos a importância da ampla implementação dessa Lei, porém para que ela seja explorada economicamente pelas universidades, se faz necessária a não vinculação das receitas próprias (convênios, parcerias e outras forma de arrecadação) ao teto do orçamento geral da união. Vale ressaltar que esse é um entrave para as universidades para o qual o Future-se não traz solução.

O documento do Future-se mostra um amplo desconhecimento do que já é feito nas IFES do país em relação à internacionalização. Muitas universidades trabalham a partir de planos de internacionalização, construídos internamente em fóruns e conselhos, com limitações orçamentárias. O programa não esclarece sobre a disciplina da política de internacionalização da organização e gestão dos processos. Neste sentido, é importante um diálogo sobre as atuais dificuldades enfrentadas pelas IFES, visando maximizar a política de internacionalização.

O Programa Future-se propõe a revogação ou mudança de pelo menos 16 leis constitucionais que tratam de aspectos diversos, como aplicações de crédito (recursos públicos em investimentos de riscos, como os fundos imobiliários), a participação de lucros (partilha de lucros – iniciativa pública/privada), financiamento (questões orçamentárias), incentivos fiscais, plano de carreira (contrato de dedicação exclusiva), conduta do servidor público (conflito de interesse), dentre outros o que indica a amplitude das mudanças propostas que vai da alteração da natureza das IFES à perda de autonomia universitária em diversos aspectos, desde gestão até políticas de internacionalização.

As universidades públicas, consagradamente, já atuam em gestão, inovação, pesquisa, empreendedorismo, internacionalização e governança. Com isso, o programa Future-se não sugere alternativas que conduzam as IFES a um Futuro de desenvolvimento promissor e com garantias estáveis para sua manutenção, através de investimentos essenciais para sua existência que são de obrigação do Estado, de acordo com a nossa Carta Magna.

Dessa forma, a Universidade Federal Rural de Pernambuco se posiciona contrária ao Programa Future-se.

Recife, 14 de outubro de 2019.
Conselhos Superiores da UFRPE”

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