Foto: Jeyaratnam Caniceus/Pixabay

[Notícia] Santa Catarina em meio ao Coronavírus

Foto: Jeyaratnam Caniceus/Pixabay

Maria Fernandez   – Redação Universidade à Esquerda – 25/03/2020

O governo do estado tem feito transmissões diárias atualizando as informações sobre o coronavírus. Na transmissão de hoje, 25/03, os números divulgados são de 122 casos confirmados e 325 casos suspeitos. São 28 municípios com casos confirmados.

As informações do estado de Santa Catarina até ontem, 24/03, apontavam que eram 336 casos suspeitos e 109 casos confirmados de coronavírus, os dados estão disponíveis na atualização da secretaria de estado da saúde. No dia 24 foi anunciado também um aumento no número de leitos no estado que receberá 713 novos leitos de UTI.

O governo do estado noticiou ontem uma “retomada gradativa da atividade econômica”, como um exemplo há previsão de retomada de obras públicas de infraestrutura e conservação rodoviária, sendo dispensados trabalhadores do grupo de risco.

Ainda que tenha sinalizado alguma flexibilização nas medidas de isolamento social, o governador Carlos Moisés declarou hoje, pela manhã 25/03, ter ficado “estarrecido” com o pronunciamento do presidente Bolsonaro que recomendou no dia de ontem a “retomada à normalidade”. Em sua fala o governador reafirma a importância de ficar em casa neste momento embora reconheça que esteja avaliando medidas para retomada de atividades econômicas.

A partir de hoje SC entra em mais um período de sete dias de quarentena, esse período que deve durar até 31 de março foi definido pelo Decreto Nº 525, publicado no Diário Oficial. O decreto de 23 de março dispõe sobre novas medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus e estabelece outras providências. O estado já havia publicado decreto anterior declarando a situação de emergência de 7 dias.

Assim, algumas das atividades que estão suspensas por 7 dias são as atividades não essenciais e a  circulação de transporte urbano; e por 30 dias (a partir de de 19 de março) as aula na rede pública e privada em todos os âmbitos (municipal, estadual e federal), os eventos e reuniões, e a concentração e permanência de pessoas em espaços públicos de uso coletivo. O decreto detalha quais podem ser consideradas atividades essenciais, ampliando a definição para além de assistência médica, para padarias, mercados, guinchos, indústrias, segurança, entrega de carga, imprensa, entre outras.

A Federação Catarinense de Municípios, Associações de Municípios e Consórcios – FECAM também se manifestou em relação ao pronunciamento de Bolsonaro. A federação se diz preocupada com as declarações do presidente e afirma que podem gerar riscos à população, na nota também reforçam a necessidade de manter a estratégia de isolamento social. Segue a nota na íntegra:

A Federação Catarinense de Municípios, Associações de Municípios e Consórcios – FECAM, preocupada com o pronunciamento do Presidente da República em rede nacional nesta terça-feira (24/3), se manifesta em relação aos riscos causados na manifestação ao se referir a situação do Coronavírus (COVID-19) no país.

Tal pronunciamento inadequado, gera graves conflitos político-institucionais, riscos à população, falta de unidade institucional e prejuízo à consolidação de estratégias nacionais para enfrentar a pandemia e proteger a vida e a saúde da população brasileira. A FECAM manterá sua posição de ouvir as autoridades sanitárias, espelhando-se no que as instituições públicas, entidades e a maioria das lideranças brasileiras propõe e implementam: o isolamento social e a tomada de medidas preventivas, em esforços conjuntos para preparar a nação brasileira no enfrentamento da pandemia que ameaça toda a sociedade, a economia e nosso futuro.

Estados e municípios tomam medidas, com coragem e protagonismo, na função de cumprir medidas estaduais e locais. Pelo mundo inteiro, exemplos demonstram que o enfrentamento determinado e o isolamento social representam o único caminho eficaz. A Índia prepara o isolamento de 1,3 bilhão de pessoas e Organização Mundial de Saúde é enfática em orientar por medidas firmes e preventivas. No Brasil, em posição inaceitável, o Presidente destoa, desinforma e deve ser ignorado. A gestão pública catarinense, unida, continua agindo determinada em proteção à população. A FECAM pede que o Estado de Santa Catarina se mantenha firme e reafirme sua posição de restrições.

As medidas de isolamento social devem ser asseguradas. As restrições de circulação são ações responsáveis e ainda precisam ser mantidas. O posicionamento do governo do Estado de Santa Catarina, preditivo, antecipatório e precursor, merece apoio do municipalismo e a mesma posição deve ser assumida pelas forças produtivas e a sociedade em geral. Num Estado produtivo e pujante como Santa Catarina, com equilíbrio, as autoridades têm ajustado critérios e limites de forma responsável em defesa da população. Que toda a sociedade tenha paciência e firmeza para sustentar mais alguns dias de medidas duras e necessárias para abreviar a duração da pandemia, pois os entes públicos e sistema de saúde precisa desse tempo para enfrentar adequadamente o que vem pela frente.

Nosso ambiente econômico precisa colaborar. Os órgãos de controle precisam colaborar. A imprensa precisa colaborar. Os cidadãos precisam colaborar. A cidadania precisa compreender que os sacrifícios antecipatórios são para salvar vidas, proteger pessoas vulneráveis, salvar idosos e exercer a solidariedade que nos cabe como civilização.

A FECAM mantém-se pronta para continuar colaborando, dialogando e pautando as autoridades sanitárias. A FECAM defenderá apoio financeiro aos municípios e pede ponderação e equilíbrio para as autoridades federais. Pelos próximos dias, o esforço catarinense deve estar concentrado em uma missão central: praticar o isolamento social, restringir a circulação de pessoas, assegurar a infraestrutura mínima essencial, preparar medidas econômicas de proteção à economia, empreendedores e municípios. A FECAM pede apoio da sociedade para com as autoridades competentes que cientificamente nos orientam e roga à população catarinense: FIQUE EM CASA!

Saulo Sperotto, pelo Conselho Executivo da FECAM

A Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC também anunciou a prorrogação da suspensão do expediente presencial por mais sete dias.  Segundo a Portaria Normativa Nº 355/2020/GR de 24 de março de 2020,   que complementa portarias anteriores e estabelece prazos para o funcionamento para atividades administrativas e acadêmicas, ficam prorrogadas até 1º de abril a suspensão das atividades presenciais, excetuando-se as de saúde, segurança e de caráter inadiável e essencial.

Além de seguir as recomendações estaduais, houve também por parte de integrantes da administração central da UFSC manifestação sobre o pronunciamento do presidente Bolsonaro. Áureo Morais que é chefe de Gabinete publicou em suas redes sociais:

Quero falar, neste momento, com a comunidade universitária da ufsc, com as lideranças políticas e do setor privado e com cada uma das pessoas que em todo o país ficaram indignados, como eu, com o pronunciamento do presidente da república, exibido, agora há pouco, em rede nacional.
Irresponsável, inconsequente, leviano e patético – para dizer o mínimo.
Assustador e desagregador, voltado no sentido contrário do que temos visto em todos os países que, a exemplo do Brasil, tentam ainda compreender a dimensão, não de uma “gripezinha “, mas de uma tragédia de dimensões, ainda, incalculáveis.
Nós, na ufsc, temos ouvido especialistas. Temos orientado nossas decisões baseados na ciência, no conhecimento, na serenidade e no equilíbrio, sob o comando de nosso Reitor. Condições que, desde sempre, sua excelência tem demonstrado não compartilhar.
Propagar a minimização do drama que, por enquanto, ainda não alcançou os setores historicamente mais vulneráveis, beira a insanidade. E nós não vamos concordar com isso!
Desde antes de declarada a pandemia, temos adotado medidas que têm como premissa preservar vidas, respeitar fragilidades, apoiar o combate à doença. E disso, senhor presidente, não abrimos mão!
As universidades públicas brasileiras estão comprovando sua vocação, sua essência. Somos nós a quem o país recorre para aliviar nossas angústias e garantir saúde. Algo que o senhor, presidente, não tem capacidade de reconhecer.
Não vamos recuar um milímetro nas medidas de isolamento social; não vamos recuar um milímetro para proteger vidas e acolher quem mais precisa.
E, se a sua vida de “atleta” lhe faz crer que está livre, cuidado: as verdadeiras provas que a vida nos apresenta não são as de velocidade, mas aquelas de resistência.
Aureo Moraes
Servidor docente e chefe do gabinete do reitor
ufsc

Apesar desta declaração não há nenhuma declaração oficial sobre o pronunciamento do presidente na página da universidade.

A UFSC também tem divulgado sua participação no combate e nas pesquisas em relação ao coronavírus e o funcionamento de seus serviços. A exemplo seguem algumas notícias:

 

 

 

 

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