[Notícia]  Trabalhadores da Embraer estão em greve há 8 dias contra demissões

Foto: Trabalhadores da Embraer em Assembleia – Rosevelt Cassio/Sindmetalsjc

Publicado originalmente no Universidade à Esquerda

Flora Gomes – Redação UàE – 11/09/2020

As demissões em massa realizadas pela Embraer, empresa transnacional de fabricação de aviões, peças aeroespaciais e serviços, motivaram o anúncio de greve pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (Sindmetalsjc). No dia 3 de setembro, a companhia comunicou o desligamento de 900 funcionários, o que corresponde a 4,5 % do total de empregados da empresa. A estes, somam-se outros 1600 trabalhadores, que foram pressionados a assinar o Programa de Demissão Voluntária (PDV). No total são 2500 empregados demitidos. Na terça-feira (8) ocorreu uma audiência em que não foi possível chegar a um acordo. 

Os trabalhadores da Embraer estão sendo fortemente afetados pelos efeitos da crise econômica. Com a redução das atividades da empresa durante a pandemia, estão sendo demitidos ou forçados a assinarem PDVs. Segundo o Sindmetalsjc, diversos trabalhadores denunciaram que gestores da Embraer pressionam os funcionários que estavam em licença remunerada para aderirem ao PDV. 

Em assembleia, os trabalhadores pautaram uma alternativa que poderia diminuir os impactos da crise na dos funcionários, propondo um teto salarial na companhia de R$ 39.200. A disparidade entre funcionários e gestores da embraer é gigantesca. Há três salários superiores a R$ 1 milhão por mês, chegando a 2,7 milhões de reais. A redução destes salários seria o suficiente para garantir emprego aos desligados. Na audiência de mediação ocorrida na última terça-feira (08) em São José dos Campos, não foi possível chegar a um acordo porque a Embraer negou a proposta do Sindicato, afirmando que remuneração estariam de acordo com os padrões do mercado. 

Diversas entidades do Brasil e de outros países prestam solidariedade à luta dos trabalhadores. Ao todo, 78 entidades sindicais e de movimentos sociais enviaram moções ao presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, ao prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth (PSDB), e à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ontem (10), o Sindmetalsjc e o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos do Vale do Paraíba (Sintect-VP) realizaram um ato unificado em defesa dos empregos e direitos. Participaram representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas. Os trabalhadores dos correios estão em greve nacional desde o dia 17 de agosto, com audiência de conciliação agendada para hoje (11). No fim de Julho, os funcionários da fábrica da Renault de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR) também haviam realizado greve após o anúncio do PDV que poderia atingir 800 empregados. 

Leia também: 24 dias de greve dos correios 

Nos últimos dois anos, a direção da Embraer esteve negociando uma transação comercial com a Boeing – corporação multinacional norte-americana de desenvolvimento aeroespacial e de defesa. A formação do acordo declinou em abril deste ano. Atualmente, o governo brasileiro possui apenas uma pequena participação acionária na empresa. A empresa foi sucateada pelo governo Fernando Collor e privatizada durante o mandato de Itamar Franco. 

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