Luiz Costa – Redação UàE – 31/05/2018
No primeiro minuto desta quarta-feira (30), petroleiros de todo o país começaram uma greve de advertência. Porém, antes mesmo de começar a greve o Tribunal Superior do Trabalho (TST) havia comunicado, em nota, que considera a greve ilegal e, por isso, acarretaria multa no valor de R$ 500 mil por dia.
A mobilização já estava sendo anunciada desde antes da greve dos caminhoneiros e tinha a previsão de durar 72 horas. Mesmo com a tentativa de barrar a greve por parte do TST, diversos terminais e refinarias aderiram a greve no dia de ontem.
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Com grande adesão à greve, a ministra Maria de Assis Calsing, do TST, aumentou de R$ 500 mil para R$ 2 milhões a multa diária em caso de desobediência. A decisão foi tomada na tarde de ontem (30), depois de análise de uma petição apresentada pela União (Michel Temer) e pela Petrobrás (Pedro Parente).
Em nota, o TST adverte que “ao todo, 18 entidades de classe (sindicatos e federação) estão sujeitas à penalidade a partir da ciência da decisão. O montante incide tanto para o caso de continuidade do movimento grevista quanto para a hipótese de ação que obste o livre trânsito de pessoas”. Além disso, “a ministra também determinou que cópias dos autos sejam remetidas à Polícia Federal, para fins de apuração de crime de desobediência”, afirma a nota.
Segundo a ministra, “esse cenário, corroborado pelas notícias disponibilizadas nos diversos veículos de informação, demanda, com certa perplexidade, o recrudescimento da ordem judicial, pois efetivamente o valor inicialmente arbitrado não se revelou suficiente a compelir o cumprimento da medida”.
Há duas federações que reúnem os sindicatos do ramo petrolífero. A Federação Nacional dos Petroleiros (PNP) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), essa última é ligada a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Até o momento, apenas a FUP orientou os sindicatos a suspenderem a greve. Em nota, a direção da Federação argumentou que a suspensão é “um recuo momentâneo e necessário para a construção da greve por tempo indeterminado, que foi aprovada nacionalmente pela categoria. Essa grave violação dos direitos sindicais será amplamente denunciada”.

Apesar da recomendação, plataformas continuam em greve nesta quinta-feira (31). São 25 plataformas da Bacia de Campos que entram em seu segundo dia de greve.
O petroleiro Tezeu informou hoje que a greve continua forte. “Isso é um absurdo! Como é que a gente pode aceitar, em um país em que os trabalhadores tentam protestar e na mesma hora a própria justiça do trabalho proíbem os trabalhadores de protestar? A greve é uma ferramenta legal, nós fizemos todos os trâmites burocráticos que tinham que ser feitos”, desabafa o petroleiro.
Com um dia de greve os petroleiros já conseguiram alguns resultados. O representante da Shell que o mercado colocou no Conselho de Administração da Petrobrás pediu demissão no dia de ontem
A senadora Vanessa Grazziotin fez um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a política de preços de combustíveis e derivados do petróleo, que foi alterada por Pedro Parente quando este assumiu a presidência da Petrobrás.
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As pautas que os petroleiros reivindicam
Os petroleiros pedem pela redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, manutenção dos empregos e retomada da produção das refinarias a plena carga. Afinal, com o aumento da exportação do petróleo bruto e redução do refino em território nacional, aumentou o desemprego nas refinarias.
Além disso, os petroleiros pedem o fim das importações de derivados de petróleo, são contrários às privatizações e ao desmonte do Sistema Petrobrás e exigem a saída imediata de Pedro Parente do comando da Petrobrás.
A CUT e o PT
Desde o início da greve dos caminhoneiros, não houve nenhum chamado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para aderir à greve da categoria. Ao contrário, o foco do partido nesses dias de mobilização intensa é voltado apenas para o lançamento da candidatura de Lula.
A CUT, assim como outras centrais sindicais, não fez chamado de greve geral em apoio aos caminhoneiros. Além disso, a Central minimizou o potencial da greve dos petroleiros ao informar que esta não teria nenhum vínculo com a mobilização por parte dos caminhoneiros. Porém, diversos setores do ramo petrolífero já demonstravam apoio aos caminhoneiros antes mesmo de quarta-feira.
Leia também:
Nota da Federação Única dos Petroleiros em recuo a greve
Nota do Tribunal Superior do Trabalho sobre o aumento no valor da multa