[Notícia] Universidades em todo o país debatem sobre a retomada das atividades

 

Martim Campos – Redação UàE – 11/06/2020

Publicado originalmente em Universidade à Esquerda.

As estruturas e formas de vida em todo o seu espectro social encontram-se estremecidas pela propagação desenfreada do vírus COVID-19 combinada com a debilidade nas medidas de contenção da contaminação. O que vemos são flexibilizações cada vez maiores dos isolamentos sociais, junto com a parca garantia para que este possa ser feito. Há uma inflexibilidade quanto as previsões que se formam neste cenário, apontando para incertezas, livres de qualquer garantia com a estabilidade neste momento em que os colapsos são iminentes.

Entre essas estruturas em ruínas, as formas de organização de diversas de nossas instituições passam agora a vislumbrar em seus horizontes o que poderia se chamar de um “novo normal”. Nesse novo horizonte, a educação, por exemplo, tem um contato ainda mais estreito com a modalidade do ensino remoto: via que parece ser a única, uma vez que a forma presencial se torna um risco sanitário e está suspendida por tempo indeterminado.

Entretanto, tais modalidades não são equivalentes e justamente por essa razão, para a implementação do ensino à distância todo cuidado é pouco. Para a formulação de propostas viáveis leva-se tempo, uma vez que a tarefa é múltipla – tanto no sentido de condições materiais, quanto técnicos e de currículo. E esta mesma tarefa requer a construção de todos os seus elementos envolvidos composta por docentes, técnicos, estudantes e servidores. Sem realizar debates que são tão caros para a garantia de um conhecimento crítico, científico e com sentido, corremos riscos ainda maiores com uma instituição já tão ameaçada, antes mesmo do início desta pandemia. As pressões para a volta às aulas são feitas por parte do governo e de empresas, e em alguns níveis da educação, como por exemplo o básico, já aderiram ao ensino remoto. As falhas desta modalidade mal formulada foram sentidas rapidamente, especialmente por parte dos professores, que encontram-se cada vez mais sobrecarregados por demandas e assédios por parte de diretores e pais.

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No ensino superior, de acordo com o portal criado pelo Ministério da Educação para acompanhar o status de funcionamento das instituições federais de ensino,  das 69 universidades federais públicas do país, 54 encontram-se com suas atividades suspensas.

Da parcela das universidades que mantém atividades remotas ou parciais,  compõem o quadro as seguintes: Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Mesmo com as aulas suspensas, diversas universidades públicas federais e estaduais começam a pensar sobre a retomada de suas atividades e a planejar seu retorno. Essas encontram-se em diferentes fases de seus planejamentos, que passam por Coordenações Institucionais, Comitês e Grupos de Trabalho (GT). Junto com a elaboração de Planos de Ação para orientar setores das unidades acadêmicas, são feitas formulações de questionários aos discentes e docentes com o objetivo de coletar informações para mapear a situação socioeducacional e estrutural para o possível retorno remoto das atividades acadêmicas. Tais medidas estão sendo realizadas por diversas universidades, tais como a Universidade Federal do Rio Grande (FURG)Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Brasília (Unb), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Algumas destas universidades que estão com suas atividades suspensas também começaram a organizar estratégias de capacitações pedagógicas para ambientes virtuais, com programação on-line para a comunidade abordando temáticas e difundindo conhecimentos relacionados a letramento digital e tecnologias educacionais, como são os casos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em grande parte, as universidades continuam ativas e promovendo contribuições com a comunidade, como é o caso por exemplo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde a instituição segue operando ações variadas no combate ao covid-19 e reportando em seu portal. Em relação aos centro de pesquisas por exemplo, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já retomou as atividades na pós-graduação, com aulas a distância desde quarta-feira (04/06).

Algumas outras universidades, tais como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Nacional de Rondônia (UNIR) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) tem a possibilidade de retomada mais indefinida.

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) optaram por manter as atividades em sistema de ensino remoto emergencial. A USP por exemplo já conta com mais de 90% das aulas teóricas dos cursos de graduação e mais de 900 disciplinas de pós-graduação sendo ministradas on-line. A instituição distribuiu mais de 2 mil kits de internet para os estudantes com necessidades socioeconômicas acompanharem as aulas. Recentemente foi divulgada a decisão da retomada por ensino remoto das aulas dos cursos de graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que serão retomadas em 22 de junho de forma não presencial.

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