Imagem extraída do documentário "Prós e Contras" - momento da votação na Assembleia do CFH em 13.11.201

[Opinião] 8 anos da vitória contra as Empresas Juniores no CFH

Imagem extraída do documentário “Prós e Contras” – momento da votação na Assembleia do CFH em 13.11.201

Morgana Martins – Redação UàE – 17/11/2021

Já faz 8 anos que o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) decidiu em assembleia que “as empresas juniores não são coerentes pedagogicamente com o papel da universidade pública. Portanto, a posição desta assembleia é de que não se credencie/autorize a criação de empresas juniores neste centro”. Desde lá, muitos tropeços e tentativas de esquecer esse capítulo da história da UFSC ocorreram, mas cabe a nós, estudantes comprometidos com o papel de nossa instituição, relembrar essa tão inspiradora luta e fazê-la avançar.

13 de novembro de 2013 foi o dia decisivo para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A assembleia, que ocorreu nesta data, preencheu três andares do prédio de aulas com estudantes, professores e técnicos que decidiram que as EJs são incompatíveis com o projeto político e pedagógico de uma universidade pública. 

Esse foi o momento de ápice de um longo e árduo processo de lutas, debates, circulação de ideias e mobilização, que ocorreram desde 2008 quando um grupo de estudantes de psicologia propôs criar uma EJ no curso. A proposta, rejeitada posteriormente em Conselho de Unidade, foi, voltou, atropelou caminhos e, por fim, resultou em uma vitória para as universidades brasileiras.

Nesse processo de lutas, o Movimento Contra as Empresas Juniores no CFH teve um papel decisivo, foi criado até mesmo um Jornal do Movimento intitulado TIK. Até hoje esse movimento deixa como legado ao movimento estudantil a necessidade de que as lutas se integrem às disputas sobre o papel das universidades, sua função e seu futuro. 

Participaram desse movimento o Centro Acadêmico Livre de História (CALH), o Centro Acadêmico Livre de Geografia (CALIGEO), o Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais (CALCS), o Centro Acadêmico Livre de Antropologia (CALANT), Estudantes de psicologia contra as EJ’s, Estudantes independentes, Estudantes de Pós-Graduação, Servidores Técnicos Administrativos em Educação e Professores.

Em sua primeira edição, o jornal TIK levantou a problemática do empresariamento da educação, da ideologia do empreendedorismo e relatos de pessoas que participaram de EJs. Debates que continuam extremamente importantes e cabe a nós atualiza-los, já que o avanço dos projetos da classe dominante para a universidade tem avançado; na UFSC, vemos isso acontecer com a criação de uma Secretaria de Inovação, que tem por objetivo promover políticas de inovação e empreendedorismo.

Em um texto de 2015 do Jornal UFSC à Esquerda, há uma passagem que explicita o quão importante foi esse movimento ter saído vitorioso: 

Vencemos. Ante todos, que supostamente nas fileiras da esquerda diziam que fracassaríamos ou que diziam que era preciso ceder, que tentaram amainar o movimento pelos mais distintos e inconfessáveis interesses. Vencemos! Mas, não qualquer vitória. Todo o movimento contra as EJs foi construído com uma argumentação firme, sem concessões. A vitória contra as EJs, foi uma vitória contra o fundamento destas organizações, o empreendedorismo, a ideologia de gestão, o empresariamento da educação – formas ampliadas de privatização da Universidade. Vencemos contra uma formação reduzida e mercantilizada em seu conteúdo. Vencemos por uma formação integral e humana ampla, vencemos por uma Universidade vinculada às grandes questões da classe trabalhadora brasileira.

Desde o não às EJs de 2013, foram diversas as tentativas de boicotar a decisão que foi realizada na assembleia. No curso de psicologia, por exemplo, o projeto de criação de empresas juniores retornou ao Colegiado de Departamento e de Curso diversas vezes. 

Em 2016, inclusive, foi aprovado um parecer em reunião do Colegiado de Curso de Psicologia o parecer do conselheiro e professor Iuri Novaes Luna, que apresentava um argumento favorável à criação de uma EJ no curso, ignorando as decisões históricas tomadas em assembleia.

Atualmente, as empresas juniores adotaram outro meio de entrar no CFH, através da oferta de vagas em EJs de outros cursos. São diversos os e-mails que chegam pelo fórum da graduação fazendo um convite para participar voluntariamente dessas empresas. 

Portanto, é fundamental resgatar e tornar parte do cotidiano a memória de lutas e da decisão tomada pelo CFH, para que não deixemos essa vitória passar despercebida pelas gerações de estudantes que entram e saem de nossa universidade. Se quem não pula quer EJ, nós continuaremos pulando! Viva a luta contra as EJs no CFH!

Materiais importantes para o resgate da memória:

Documentário sobre os prós e contras de uma EJ: https://www.youtube.com/watch?v=h0tfmEFxHC0

Gravação da assembleia do CFH em duas partes:

Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=lnswBf_k5GI

Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=fPC8UYAbR2k

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *