Foto: Estudantes de psicologia reúnem-se no Hall do CFH para pensar estratégias para o movimento “Ele não!” em 2018 – Ufsc à Esquerda
Flora Gomes* – Redação UàE – 30/08/2020
Desde a aprovação das atividades de ensino obrigatórias na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Conselho Universitário (CUn) do dia 17 de julho, o cenário para os próximos meses ficou mais palpável à comunidade universitária. A insegurança frente à incerteza do calendário acadêmico deu lugar à angústia frente a aprovação de uma modalidade de ensino que passa ao largo da experiência universitária. No curso de psicologia, com a integral adaptação do currículo à modalidade remota aliada a uma ausência completa de diálogo por parte do corpo docente, estudantes do curso decidiram reagir, promovendo uma campanha contra o Ensino Remoto.
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Impedidos de participar das decisões políticas e administrativas do curso, seja pela recusa por parte do corpo docente em permitir o acesso dos estudantes nas sessões dos colegiados de curso e departamento, seja pela exclusão de poder integrar as decisões políticas do Centro Acadêmico Livre de Psicologia (CALPSI) – que mesmo realizando algumas reuniões abertas tem referendado suas decisões em espaços restritos aos membros da gestão -, os discentes de psicologia estão buscando sensibilizar colegas de curso quanto às problemáticas do Ensino Remoto.
A campanha é realizada por meio de postagens em mídias sociais, utilizando tanto o Instagram como o Facebook. Com imagens sensíveis que visam resgatar as experiências e tradições no curso, os posts tratam de temas relevantes tanto para estudantes que iniciarão a experiência universitária – mostrando a ampla experiência que se perde na modalidade remota -, quanto para os veteranos, cuja formação ficará marcada por um precarização profunda em disciplinas e estágios. Há textos que trazem inclusive aspectos que são completamente renegados nas discussões burocráticas que assistimos nos últimos meses, como o momento da entrada, a integração com colegas e a ambientação com um espaço que se apresenta praticamente como uma “segunda casa” aos estudantes por muitos anos. A campanha também trata das problemáticas formativos inerentes ao Ensino Remoto, tratando por exemplo, das atividades práticas do curso.
A discussão que tem sido movimentada pelos estudantes de psicologia é de fundamental importância, sobretudo pelas próximas semanas. É sabido que a modalidade de ensino remota corrompe a formação universitária não apenas pela via da precarização do ensino, mas também porque dificulta as possibilidades de construir laços de solidariedade. A tendêndencia acentuada por esse modelo gera uma completa individualização do sofrimento.
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Neste sentido, como forma de se solidarizar com a comunidade acadêmica nesse difícil momento, O UFSC à Esquerda criou um espaço de relatos para dar voz aos estudantes, professores e técnicos. Envie seu relato contando sua experiências, percepções e dificuldades por meio do nosso formulário.
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