[Opinião] Consulta para Reitor: Os estudantes farão a diferença

Por Carlos Gouveia para UFSC à Esquerda

Amanhã, 11 de abril, será um dia decisivo para a UFSC. A comunidade universitária escolherá o nome de quem deseja para dirigir a universidade para os próximos quatro anos. Ubaldo e Irineu, que disputam o segundo turno da consulta para indicação do Reitor, vem de uma votação acirrada, no qual cada voto foi importante.

A consulta é paritária, em que os votos de cada categoria e segmento da universidade tem o peso de 33,3%. No dia 28 de março, o primeiro turno foi decidido com um resultado estreito entre os candidatos. Com isso, a expectativa da comunidade é que o acirramento se repita na votação de amanhã.

 Excerto da tabela de resultados do 1º turno da consulta para reitor divulgada pela Comissão Eleitoral UFSC

Se no primeiro turno ainda pudesse existir dentro da universidade alguma dúvida em relação às candidaturas postas, agora ela não pode mais existir. Está claro o caráter de cada candidatura. Enquanto Irineu se esforça para dialogar com amplos setores da universidade, Ubaldo faz a política da polarização, aproveitando-se de um sentimento “anti-esquerda” e mobilizando para isso os setores mais conservadores da universidade.

Os fatos recentes envolvendo a moradia estudantil demonstram quais são as prioridades políticas elegidas por Ubaldo e sua candidatura. Por meses os estudantes convocam a administração central da universidade, o reitor, o pró-reitor de assuntos estudantis (PRAE), e quem mais pudesse auxiliá-los na resolução dos problemas. A resposta de sua reitoria? O descaso e o desleixo!

Nas últimas duas audiências públicas convocadas pelos estudantes da moradia estudantil isto ficou muito evidente: numa delas compareceu apenas o chefe de gabinete da reitoria, o Professor Áureo de Moraes, mostrando despreparo, incapaz de responder e explicar como a situação da moradia chegou ao estado em que se encontra. Prometeu que as soluções dos problemas mais básicos (como a troca dos chuveiros que não funcionam, a resolução da infestação de ratos e a manutenção dos encanamentos) aconteceriam a partir do dia seguinte. Entretanto nada ocorreu.

É importante relembrar que estes problemas têm sido levantados há anos. Assim que assumiu a gestão, o reitor Cancellier, junto de Pedro Barreto (pró-reitor de assuntos estudantis desde que Cancellier assumiu a reitoria), estiveram na moradia e prometeram uma série de reformas. A empresa então contratada desistiu do serviço e deixou a situação da moradia pior! Cheia de entulho, ambiente propício para a infestação de ratos que hoje existe lá. Desde então, nada foi feito, e sequer uma explicação aos estudantes foi dada.

 

Leia também: Estudantes denunciam descaso da Reitoria em reunião sobre a Moradia EstudantilMovimento de Luta pela Moradia Estudantil da UFSC

 

A permanência estudantil está essencialmente conectada às atividades-fim da Universidade, a produção de conhecimento, a investigação científica, a formação superior. As condições de moradia, alimentação, as bolsas-estudantis são fundamentais para que  para que o conjunto dos estudantes possam viver a universidade em todas as suas dimensões e se integrar plenamente as atividades de pesquisa e estudo. Condições que são ainda mais sérias quando uma ampla parcela dos estudantes está permanentemente preocupada com os elementos mais básicos para sua sobrevivência na universidade.  Por isso as políticas de permanência são essenciais para um projeto universitário que se pretende efetivamente público, gratuito e de qualidade socialmente referenciada.

Diferente de Ubaldo, que representa continuidade, Irineu têm demonstrado que possui um projeto alternativo para a universidade. É por isso que nunca se furtou a participar das discussões e debates promovidos pelo movimento estudantil, ao contrário de seus adversários no primeiro turno, que não compareceram ao debate organizado pela Associação de Pós Graduandos da UFSC e o Diretório Central dos Estudantes.

Mesmo com as características citadas neste texto, e também as já citadas por Marcos Meira, na ocasião do primeiro turno da consulta: Consulta para Reitor: é preciso escolher um candidato à altura da dignidade do cargo, quero dizer que a vitória de Irineu não depende apenas do seu próprio esforço, e daqueles que trabalham incansavelmente em sua campanha. Diferente do que os pessimistas e os otimistas acreditam, não nos parece que haja de antemão alguém vitorioso nesta disputa. Pelo contrário, o resultado da consulta está indefinido, o que faz com que a importância de cada voto seja reiterada, e se torne ainda mais vital a participação estudantil.

A possível vitória de Irineu amanhã só será concretizada com uma ampla participação estudantil. Dentre as categorias este foi o segmento que percentualmente obteve o menor comparecimento às urnas no primeiro turno – cerca de 70% dos estudantes não votaram. No entanto, a escolha que a comunidade fará amanhã afetará a todos nós, tendo ou não votado na eleição. Amanhã escolhemos o modo como vamos encarar nosso futuro.

E ele não será fácil. Os cortes no orçamento da educação e da ciência e tecnologia vem se aprofundando desde 2015 e tomarão dimensões ainda mais graves, das quais a UFSC não estará ilesa. Não é tempo para indiferença.

Amanhã, os estudantes serão decisivos, sua participação poderá apontar um rumo diferente daquele das últimas décadas para a Universidade Federal de Santa Catarina. Neste dia 11, o voto de cada estudante fará a diferença para o futuro da UFSC.

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