[Opinião] Kroton e a educação básica: o que muda em nossas vidas?

Por Sereno Rodrigues em 06 de outubro de 2017

Nesta semana, o conglomerado empresarial Kroton Educacional (maior empresa no mundo da área da educação), informou que está perto de comprar mais três empresas de educação básica. Com o impedimento da fusão da Kroton com as faculdades Estácio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o grupo se viu impelido a diversificar e aumentar seus negócios na educação básica.

A consolidação desta compra representa um grande perigo à educação pública e um aprofundamento do processo de privatização do ensino no Brasil. O surgimento de empresas gigantescas que figuram entre as maiores do mundo só é possível através uma relação íntima e perversa com o aparelho estatal.

No caso da Kroton, assim como outras empresas do segmento, vimos um aumento exponencial de seu crescimento principalmente com a implementação do financiamento das matrículas pelo estado através do Programa Universidade para Todos (ProUni) e do Financiamento Estudantil (Fies).

Estas medidas representam o claro posicionamento de sucateamento da universidade pública pelo Estado, visto que elas possuem duas consequências claras: a opção de se investir e fomentar o ensino privado – ao invés de utilizar esses recursos para ampliação de vagas e estrutura do ensino público – e permitir a consolidação de gigantes conglomerados que concorrem e atuam no sentido da destruição do ensino público, gratuito e de qualidade.

Empresas privadas de ensino só conseguem sobreviver em um cenário de precarização acentuada do ensino público, afinal, se tivéssemos uma educação de qualidade não faria sentido pagarmos duas vezes pelo ensino (já que pagamos impostos) colocando nossos filhos em colégios e/ou faculdades pagas. Ou seja, os serviços prestados pelo setor público são os maiores concorrente do setor privado (tanto na educação quanto em outros serviços essenciais).

Nesse sentido, a aquisição e o fortalecimento deste grupo educacional se desdobra em um aumento de poder e consequente interferência deste grupo no poder público, este é um imperativo para um serviço privado desta natureza sobreviver, barrando e atacando o avanço do ensino público.

Neste cenário onde o capital encontra cada vez mais dificuldade de crescer para outras regiões do mundo, os serviços públicos se tornam potenciais mercados a serem conquistados. Suas consequências vão desde a privatização dos serviços públicos até o aumento do endividamento estatal pois submetem estes serviços a lógica mercantil onde os serviços se tornam meras mercadorias que devem ser vendidas objetivando o lucro em detrimento de um serviço de qualidade.

 

Para saber mais, confira nosso artigo “Parceria público-privado na universidade pública: um debate necessário e urgente” em: https://ufscaesquerda.com.br/parceria-publico-privado-na-universidade-publica-um-debate-necessario-e-urgente/

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