Ilustração do UFSC à Esquerda: A UFSC está ocupada pelos nossos sohos
Imagem: Ilustração "A UFSC está ocupada pelos nosso sonhos", em referência ao movimento de ocupação de 2016, de UFSC à Esquerda

[Opinião] Mensagem: Início de Semestre

Imagem: Ilustração “A UFSC está ocupada pelos nosso sonhos”, em referência ao movimento de ocupação de 2016, de UFSC à Esquerda

José Braga* – Redação UàE – 31/07/2017

Hoje, 31 de julho, foi oficialmente iniciado mais um semestre na UFSC. Com isso cerca de dois mil novos estudantes chegam aos diferentes campi da universidade. Para alguns as aulas começaram, já para os estudantes dos cursos dos Centros de Filosofia e Ciências Humanas, Educação e Comunicação e Expressão as aulas devem ser adiadas por conta da realização do 13º Mundos de Mulheres e 11º Fazendo Gênero. De todo modo, atividades de recepção já estão sendo realizadas pelos centros acadêmicos, pelos veteranos, e caras pintadas de guaxe já circulam pela universidade.

Este texto é uma mensagem. Para os que retornam, e principalmente para os que acabam de chegar. Sejam bem-vindos. Entrar na universidade pública em qualquer tempo é uma experiência singular e para muitos de vocês cheia de significados próprios. Para muitos é o momento de tornar concreto o resultado de uma trajetória de esforços próprios e coletivos.

Entrar na universidade pública hoje, no entanto, carrega também um sentido amplo – coletivo. Vivemos tempos difíceis. Marcados pelo desemprego generalizado que atinge cerca de 13 milhões de trabalhadores, a aprovação da reforma trabalhista e a vindoura reforma da previdência – que deteriorará ainda mais as condições de vida do povo; pelas arbitrariedades e imoralidades do mais alto escalão de políticos e dos maiores empresários do país; na própria universidade, pelos contínuos cortes e contingenciamentos orçamentários que desde ao menos 2014 tem precarizado seu funcionamento por todo o país. Tornar-se um universitário hoje, mais do que a saída individual para um momento duro é encarar este tempo de frente.

Não haverá saída para a crise econômica e política sem a organização e a luta de trabalhadores e estudantes. Mas isto é sabido: não é a toa, mesmo com todas as dificuldades, diferentes ciclos de lutas foram abertos nos últimos anos. Estudantes e trabalhadores têm feito muitas lutas, na UFSC, na cidade, no país. E é certo que muitas outras ainda virão! Em defesa de nossa classe, em defesa da universidade pública.

Para que elas sejam cada vez mais fortalecidas, para que resistamos e vençamos seja preciso dar um passo a mais. Talvez, na universidade, seja o caso de nos reconectarmos com a história: o movimento estudantil tem uma longa trajetória de lutas, de experiências, de ousadia. Extrair o que há de melhor dessa história e aprender com as derrotas pode ajudar a expandirmos nossa imaginação política. Talvez, reconstruir democraticamente as entidades de base, solidifica-las novamente com o conjunto de estudantes dos cursos – ampliando a capacidade de bater e pensar caminhos coletivamente.

Não haverá, é certo, respostas prontas. Mas, há caminhos para que se possa construí-las. E este talvez seja o tal sentido de entrar na universidade pública hoje – esta universidade cuja existência está ameaçada. Construir caminhos para enfrentar este tempo. Não sozinhos, mas ombro a ombro com aqueles que teimam em resistir e sonhar. Sejam bem vindos!

Desejamos que possam contribuir com esta tarefa coletiva. Encham a universidade de vida.

 

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.

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