Foto: Apresentação do Programa Future-se. Luis Fortes/MEC
Gustavo Bastos – Redação UàE – 06/08/2019
O programa apresentado pelo governo federal para “autonomia financeira” das universidades tem sido dura e justamente criticado desde a sua apresentação. Não é por menos, o projeto de universidade que representa é o de uma universidade desfigurada, destituída de suas capacidades mais elementares: fazer ciência, e fazer a crítica a tudo e a todos.
É importante notar que esses ataques não estão descolados da ascensão dos grupos monopolistas da educação, atrelados a fundos de capitais e de um processo mais longo de privatização e de acumulação de capital a partir do fundo público. Por isso, além de fazer os capitais monopolistas da educação sorrirem, essa proposta não está descolada das propostas como a da reforma da previdência, a trabalhista. Essa relação fica ainda mais evidente com a criação de fundos de investimentos para gerir recursos das universidades.
Não é possível descolar o future-se do conjunto dos ataques que vem sendo perpetrados contra a classe trabalhadora. Mais do que isso, não é como se tudo fosse inédito, a nota emitida pela ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), pelas reitorias da UFSC, UFMG e outras deixa claro que essas relações entre o capital e as universidades já existem e funcionam há muito tempo, passando pelas fundações ditas de apoio.
Fundações essas que movimentam cerca de 5 bilhões de reais por ano se queixam da proposta do future-se. Para continuarem atuando essas fundações teriam que virar OSs e se credenciarem junto ao ministério da educação. As fundações hoje pleiteiam junto ao MEC uma alteração no projeto para que possam participar da gestão dos recursos sem que a conversão em OSs seja necessário.
Para os defensores da universidade pública deve ficar claro que lutar contra o future-se deve significar lutar contra todas as formas de privatização, inclusive aquelas que já estão naturalizadas, como são as fundações de apoio. Além, é claro, de lutar contra toda a rapinagem que é cometida contra os trabalhadores, é preciso derrotar o projeto do capital na sua integralidade.
Se enganam também aqueles que acham que é possível derrotar o future-se sem enfrentar os monopólios da educação. Estão umbilicalmente ligados! Esses monopólios não existiriam se não fossem as polpudas parcelas do fundo público destinadas a eles através de programas de “democratização do ensino superior”. Cresceram e engordaram com dinheiro público, através do sonho de jovens em acessar um curso universitário, nada mais justo que se tornem todas instituições públicas. É preciso expropria-los!
Como podem perceber, o tamanho do nosso inimigo é grande, mas não devemos paralisar diante dele. Conhecer quem enfrentamos e seu tamanho só nos indica o tamanho da nossa responsabilidade, da disciplina e da organização para derrotá-lo.
Vamos à luta!
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