Vista do prédio da Reitoria da UFSC, Praça da Cidadania. Foto: Airton Jordani
Helena Lima – Redação UàE – 01/12/2020
Nesta terça feira, dia primeiro, às 14 horas, está marcada sessão do Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Através desta publicação o jornal fará a cobertura da discussão e das deliberações. O link para a transmissão ao vivo está disponibilizado abaixo.
A primeira pauta do CUn diz respeito a proposta da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve/UFSC) para o processo seletivo dos cursos de graduação da UFSC em 2021. A Câmara de Graduação da UFSC aprovou a adoção de um processo seletivo não presencial, onde a ocupação de vagas nos cursos de Graduação será assim distribuída: 30% das vagas destinadas para preenchimento através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e 70% das vagas através de um processo seletivo não presencial, que utilizará como critério a nota que o candidato obteve nas edições do Enem entre 2009 e 2021.
A segunda pauta desta sessão será referente a apreciação da proposta para o Calendário Acadêmico Suplementar Excepcional 2020.2. A proposta aprovada na Câmara de Graduação prevê que o semestre 2020.2 comece no dia 1º de fevereiro de 2021 e dure até 22 de maio, com o semestre de 16 semanas, mais curto que o normal. Para os semestres 2021.1 e 2021.2, a previsão da proposta é a seguinte:
Você pode acompanhar a transmissão no canal do Youtube clicando aqui.
- Cobertura
14h00 Início da reunião do Conselho Universitário
14h10 Debate sobre a solicitação da leitura de duas cartas no início da sessão do CUn. Pedidos da Conselheira Ana Lara, da leitura da nota “Carta de sensibilização das políticas de permanência” e da Conselheira Iclícia Viana, da leitura da carta “REPÚDIO FRENTE AOS COMENTÁRIOS RACISTAS PROFERIDOS POR ALGUNS DOCENTES DO CTC/UFSC EM 20 DE OUTUBRO DE 2020, DE FORMA INSTITUCIONAL”.
Conselheira Ana Lara e Conselheiro Hiago defendem a leitura das cartas no início da reunião. Conselheiro Márcio Costa defende que os documentos devem ser lidos ao fim da sessão.
Votação para a leitura no início ou final da sessão. 44% dos Conselheiros votam pela leitura ao fim da reunião, 36% pela leitura ao fim.
14h14 Início do debate sobre o processo de ingresso na UFSC para o próximo ano.
Foi pedido questão de ordem pelo Conselheiro Matheus Voigt, representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE). De acordo com o Conselheiro, ainda não houve aprovação da pauta do dia e, com relação a isso, o DCE possui a proposta de adiar essa decisão por ver a necessidade de haver maior debate sobre a pauta do vestibular e outras possibilidade de ingresso na UFSC.
O reitor Ubaldo pontuou que por essa ser a última sessão do CUn neste ano, não seria viável adiar apenas para o ano que vem a decisão sobre o ingresso na universidade, pois ficaria muito tarde. O reitor colocou em debate o assunto e pedido do Conselheiro Matheus.
O Conselheiro Andrey, representante do DCE, complementa a fala do Matheus. É necessário um momento de apreciação anterior à decisão. O DCE está acompanhando com estudantes de fora da Universidade sobre a entrada. É preciso ter mais acúmulo para tomar a decisão. Propõe que daqui a 15 dias tenha outro CUn, em sessão extraordinária, para decidir sobre este ponto.
Votação para adiamento da pauta sobre o ingresso na universidade. 27% dos Conselheiros favoráveis ao adiamento e 30% contrários ao adiamento.
14h28 Conselheiro Oscar Bruna-Romero inicia a apresentação de seu parecer sobre o relatório da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve/UFSC) no qual apresenta sua proposta para o processo seletivo 2021 da UFSC. Leia sobre os detalhes da proposta no início deste texto.
Após ler seu parecer, o relator Oscar votou favorável à proposta apresentada pela Comissão.
Maria José, presidente da Coperve convidada a participar da sessão de hoje, faz uma fala sobre o trabalho da Comissão para pensar uma alternativa em relação ao processo seletivo da UFSC durante a pandemia, tendo em vista a impossibilidade de realizá-lo de forma presencial.
Algumas alternativas foram debatidas. A primeira foi a do ingresso a partir do histórico escolar dos inscritos. Maria comenta que esta se torna inviável por conta da diferença muito grande entre os currículos nas escolas do país. Outra alternativa seria o ingresso como foi o Enem Digital, mas a segurança durante a realização da prova ainda é muito instável para ser aplicada.
Tanto Maria José quanto o parecerista e Conselheiro Oscar apontaram a inviabilidade de a Coperve garantir as condições de segurança sanitária para os participantes do vestibular e fiscais. Dentre as alternativas estudadas, tendo em vista o alto número de pessoas que participam desse processo – com uma amplitude de idade entre eles -, a realização de uma prova presencial está descartada.
A Coperve considera o ingresso pelo ENEM como uma boa alternativa, tendo em vista que, de acordo com Maria José, há anos que o ENEM “deixou de ser uma prova optativa para ser uma prova optatória”. Ou seja, de que grande parcela dos estudantes do país já realizariam o ENEM. Maria José também aponta que o INEP tem buscado manter um padrão nas provas do ENEM, o que seria favorável a sua utilização.
Maria José reafirma que o CUn é quem decidirá sobre o processo seletivo, mas que a Coperve também poderá se posicionar se a escolha é viável ou não.
15h00 Se inicia a discussão dos Conselheiros sobre a proposta da COPERVE para o ingresso na UFSC.
Conselheira Graziela aponta algumas dúvidas sobre a apresentação: Por que aceitar o ENEM desde 2009? A pessoa que fez o vestibular em 2009 ainda está capacitada para entrar na Universidade? Frente à isso, a conselheira propôs que se utilize apenas os últimos 3 anos de ENEM. A segunda questão da conselheira é sobre como se dará a inscrição. Por fim, o que acontece se o governo cancelar a prova do ENEM do final de janeiro?
Maria José, em resposta a Graziela, diz que opção pelos últimos 10 anos é de dar amplitude aos concorrentes, para abarcar uma diversidade de pessoas. Ela aponta que há um banco de reserva de pessoas que querem se inscrever nos processos de ingresso, mas que não necessariamente fazem o ENEM do referente ano. Mas coloca que se o Conselho avaliar que não é o mais apropriado, é possível alterar a amplitude das notas do ENEM aceitas.
Sobre o formato de inscrição, Maria José diz que a Coperve criou um sistema próprio para isso, onde o estudante selecionará a nota de um único ENEM para concorrer a vaga. Sobre a utilização do ENEM 2021, Maria aponta que ainda não possui informações o suficiente sobre a garantia de que o ENEM ocorrerá de fato e sobre quando sairá seu resultado.
O conselheiro Edson de Pieri, diretor do Centro Tecnológico (CTC), agradece as colocações de Maria José. Ele relata que trabalhou no concurso de residência médica há três semanas atrás e que a experiência tida não foi boa, coloca que é impossível não ter aglomeração e contaminação. Citou também a experiência das eleições municipais e como muitas pessoas foram colocadas em risco. Diz que está fora de possibilidade realizar qualquer concurso presencial neste momento.
Ele apresenta três questões sobre a proposta da Coperve: Como fica a pessoa que não possui nota do ENEM? Ela ficará sem possibilidade de ingressar? Como esperamos que a pandemia comece a diminuir pela metade do ano que vem, não haveria a possibilidade de realizar o concurso de ingresso de alunos apenas para um semestre e para os outros deixar em aberta a possibilidade de um concurso presencial a partir do meio do ano?
Maria José responde que a Coperve considerou aqueles que não fizeram Enem ou não se inscreveram para a prova neste ano. A Comissão fez uma consulta à Procuradoria em relação à sua proposta, que respondeu que a Universidade tem autonomia para decidir pelo ingresso apenas pelo Enem. Sobre o segundo ponto, diz que seria possível, do ponto de vista da Coperve, oferecer apenas 50% das vagas no início do ano e realizar um Vestibular no meio do ano que vem. Mas pensa que seria necessário considerar os cursos que são anuais e o orçamento da Universidade.
O Conselheiro Matheus Voigt, do DCE, aponta que nesse momento de pandemia é uma atitude correta a da Universidade de não realizar uma prova presencial, apesar da frustração de uma parcela dos inscritos; afirma que as vidas devem ser colocadas em primeiro lugar. Ele questiona se a Coperve considerou um sistema mais híbrido, no qual as notas anteriores de vestibulares da UFSC e também o sistema de sorteio possam ser utilizados. Aponta que ser utilizado apenas o ENEM exclui alguns estudantes. Ele aponta também problematizações sobre a utilização de histórico escolar e que isso geraria uma discrepância entre estudantes de escolas privadas e públicas. Ele pede que os Conselheiros que são contra o sistema de sorteio se manifestem no áudio para promover o debate.
Maria José responde o conselheiro e comenta que o sorteio não é adequado nem para uma pequena parcela. Questiona como ficaram a entrada por cotas e qual a porcentagem da entrada por sorteio.
O Conselheiro João Martins aponta que o debate do vestibular movimenta muito a sociedade e que o Conselho deve apresentar o melhor caminho do ingresso na Universidade. Ele realiza duas perguntas: sobre o valor da inscrição e possibilidade de sua gratuidade. Segunda pergunta: podemos aguardar o ENEM de 2021?
Maria José responde que a Coperve espera que o ENEM de 2021 possa contar para o ingresso. Sobre a gratuidade da inscrição, diz que foram feitas todas as planilhas de planejamento e que a inscrição para esse ano seria no valor de R$ 70,00, mantendo as possibilidade de isenção para os estudantes de escola pública e de baixa renda.
O Conselheiro Lucas Pazin, do DCE, aponta que a primeira coisa que deve ser olhada nesse momento é o contexto de excepcionalidade que estamos vivendo e os fatores externos à universidade. Aponta que todos sofrerão as consequência das escolha da Universidade com relação ao vestibular. Diz que é importante considerar as frações da sociedade que, com a pandemia, estão sendo mais impactadas e terão um prejuízo maior no processo de seleção do vestibular. Diz que, por isso, o formato de ingresso no ano que vem será mais excludente. Ele diz que, considerando que a UFSC se compromete com a democratização do acesso ao ensino superior público e com a justiça social, esta deve pensar sobre essas questões. O conselheiro aponta que, ao olharmos para os estudantes mais vulneráveis neste momento, uma proposta que deve ser considerada é o sorteio, em contraproposta ao uso do histórico escolar – proposta considerada e que seria muito excludente. Diz que a proposta do DCE não é que todo o processo seja no modelo de sorteio, mas que uma parcela possa ser por meio dessa modalidade, tendo em vista que muitos estudantes não possuem nota em provas do ENEM. Coloca também a importância de utilização de notas de provas antigas da UFSC.
Maria José afirma que, sobre as provas antigas da UFSC, a Coperve esbarrou no problema de que hoje quem está no terceiro ano não fez outros vestibulares, só como teste. Que esse caminho daria mais trabalho para a Comissão, para definir quais provas seriam aceitas, mas não é impossível. Sobre o sorteio, continua pensando como seria a distribuição dessas vagas.
O Conselheiro Vitor Castro diz que compreende a proposta da Coperve de ampliar ao máximo as possibilidade de ingresso, considerando o ENEM de 2009 a 2021. Mas diz que isso não resolve o problema, pois há, por exemplo, aqueles estudantes que não se inscreveram para o ENEM deste ano e que não possuem provas antigas. Cita também as disparidades do ensino privado e público nesse momento e como isso interferirá no processo de seleção, tornando-o mais injusto. Diz que, para que a UFSC tome a decisão de restringir a forma de ingresso pelo ENEM, as inscrições deste último deveriam estar abertas, portanto que, caso aprovada essa proposta, a UFSC deve reivindicar que se reabram as inscrições do ENEM. No caso de negação dessa reabertura, se deve sim utilizar uma forma de ingresso híbrida. Coloca as problemáticas do uso do histórico escolar e de que esse método não seria justo. Diz que as porcentagens de cotas devem se manter, independente da modalidade de ingresso. Por fim, aponta a necessidade de ampliar essa discussão entre todas as categorias da comunidade universitária.
A Conselheira Taylana afirma que muitos vestibulandos a procuraram com desespero em relação ao cancelamento da prova da UFSC, que está tendo um descontentamento muito grande da sociedade. Pensa que a proposta do professor de Pieri seria a melhor opção, de realizar uma prova com 50% das vagas na metade de 2021, se a pandemia estiver mais controlada.
A professora Maria José pensa que o Conselho deve ser pragmático sobre a situação de quem se prepara ou não, das frustrações dos vestibulandos, tendo em vista que todos os inscritos têm diversas dificuldades.
O Conselheiro Andrey Santiago, do DCE, aponta a complexidade das discussões sobre o vestibular e dificuldade em atender à todas as demandas do momento. Cita a reunião do DCE em que se debateu o assunto e a proposta da Coperve e que se chegou à conclusão de que a entrada pelo ENEM é válida, mas não suficiente, defendendo o modelo híbrido de ingresso. Defende a utilização de, além do ENEM, as provas antigas dos vestibulares da UFSC. Coloca que nem todas as propostas vão agradar a todos os setores, mas que se deve pensar na amplitude de possibilidades. Coloca que um único critério não é o melhor caminho. Insere também a possibilidade do sorteio como uma das modalidades, no formato de ingresso híbrido. Diz que o DCE vem percebendo no debate sobre a pauta do vestibular que ainda não há uma profundidade no debate para tomada de decisão, apontando a necessidade de adiar essa decisão para um momento em que se tenha maior segurança. Nesse sentido, o Conselheiro faz um pedido de vistas do processo, para que o DCE apresente um parecer dentro das próximas 72h a ser votado em uma nova sessão do Conselho.
Frente ao pedido de vistas do Conselheiro Andrey Santiago, em nome do DCE, o reitor Ubaldo Balthazar suspendeu a discussão sobre o ingresso na Universidade de 2021. O assunto voltará a ser debatido em nova sessão a ser convocada.
15h58 Início do próximo ponto de pauta, sobre o Calendário Acadêmico Suplementar Excepcional 2020.2
O Professor Antônio Brunetta faz a leitura do Parecer sobre o Calendário. O relator vota favoravelmente para o Calendário Excepcional do segundo semestre de 2020 com 16 semanas e para os termos da minuta da Resolução Normativa.
16h13 Início da discussão sobre a pauta do calendário Acadêmico Suplementar Excepcional 2020.2
A Conselheira Iclícia faz apontamentos sobre o processo de como chegou-se a essa proposta de Calendário Acadêmico 2020.2, que foi diferente do debate do semestre 2020.1. Diz que a discussão foi mais fechada e que fica preocupada com o fato de a pesquisa não dar conta dos aspectos que não estejam bem durante o Ensino Remoto. Diz que viu a chamada de notícia no site da UFSC de que as Coordenações de Curso avaliam de forma satisfatória a experiência com o ensino remoto, mas que precisamos pensar que do ponto de vista dos processos pedagógicos há vários problemas que precisam ser considerados. Diz que fica preocupada que tais aspectos não estejam sendo considerados nos relatórios.
Professor Brunetta agradece o comentário da Conselheira Iclícia, pois não quer afirmar que o ensino remoto é um modelo desejável de ensino. Aponta que é preciso ter cuidado na divulgação desses dados coletados, pois eles não podem ser apresentados isoladamente.
A Conselheira Tereza Cristina comenta sobre a resposta dos cursos sobre a avaliação do primeiro semestre. Ainda existem muitos encaminhamentos a serem feitos como resultado deste Grupo de Trabalho.
Conselheiro Joni pede um esclarecimento sobre a discussão sobre as 16 ou 18 semanas para o semestre 2020.2. Pensa que seria preciso uma readequação dos planos de ensino de 18 para 16 semanas. Em segundo lugar, os estudantes relataram um excesso de carga de trabalho no ensino remoto. Questiona se a redução de 18 para 16 não aumentaria a carga horária assíncrona dos estudantes. Quais critérios os Conselheiros utilizaram para votar em 16 semanas?
Em resposta, o Conselheiro Brunetta afirma que a redução para 16 semanas é baseada na Resolução do Conselho Nacional de Educação, que nos faculta uma versão mais enxuta das práticas na Universidade. Defende que é possível fazer o semestre em 16 semanas, como foi o semestre excepcional 2020.1 (retirando as 2 semanas presenciais que ocorreram em março). Outro ponto que baseia o semestre mais curto é a necessidade de ajustar o Calendário Acadêmico com o calendário civil.
O Conselheiro Carlos Vieira afirma que a maioria dos professores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) manifestaram aprovação para 16 semanas, mas também muitos têm receio sobre a compactação dos conteúdos em um tempo mais curto. Afirma que seria preciso ter dados maiores sobre a evasão na Universidade.
O Conselheiro Brunetta pensa que seria necessário uma relação melhor dos Centros com os representantes da Câmara de Graduação, para que estas reivindicações possam ser encaminhadas antes do CUn. Além disso, pensa que um fórum ou um comitê permanente devam ser implementados para que análises como esta sejam feitas regularmente.
A Conselheira Rosalba fala sobre a necessidade de discutir as dificuldades institucionais durante este momento, de fazer um amplo e democrático debate. Isto para que seja feito um debate mais aprofundado e embasado para a tomada de decisão. No semestre passado, a decisão de 16 semanas foi feita por conta de que já havia um semestre em andamento. Não se pode naturalizar a compressão do semestre para o próximo ano, pois isto requer a transformação dos currículos, segundo a professora, “currículo é tempo”. A Conselheira diz que está em jogo a própria excelência da Universidade, está em curso um processo de reducionismo pedagógico.
Em resposta, o Conselheiro Brunetta parabeniza a fala da Conselheira Rosalba. Afirma que não colocou isto no relatório, mas pensa que não é viável que o semestre de 16 semanas seja institucionalizado para semestres presenciais. Ou seja, o Calendário é apenas excepcional, não irá afetar os outros semestres presenciais.
O Conselheiro Vitor Castro aponta sua preocupação com o sofrimento psicológico e desgaste material que os estudantes estão sofrendo com o ensino remoto. Coloca que nesse período, o sofrimento dos estudantes acaba sendo maior do que o da categoria docente. Diz que na cartilha dos docentes há várias recomendações que não estão sendo seguidas pelos professores da UFSC. Aponta que comprimir o número de semanas dificulta que os docentes consigam seguir as recomendações e oferecer um conteúdo de qualidade, pois terão que dar conta do conteúdo em um menor período de tempo. Traz que o DCE defende que se aumente o número de semanas, com a proposta de 18 semanas para o semestre. Aponta, também, que os Colegiados não conseguiram dar conta das necessidades pedagógicas do Ensino Remoto.
Em resposta, o Conselheiro Brunetta agradece os apontamentos do Vitor e diz que, para um outro semestre, é possível pensar a possibilidade de 18 semanas.
O Conselheiro João Martins afirma que a maioria dos Coordenadores de Curso em Blumenau é favorável às 16 semanas e acompanham a proposta do relator. Diz que este momento não é só de votar e aprovar o calendário, mas refletir permanentemente sobre o ensino remoto.
A conselheira Tatiane Maranhão levanta que na consulta feita aos professores do CFM, 56% dos professores está de acordo com as 16 semanas letivas, mas aponta que há uma alta porcentagem de professores, de 41%, que reivindicam a necessidade das 18 semanas para dar conta do conteúdo do semestre. Estes últimos questionam se não poderia iniciar o período letivo em janeiro, ao invés de fevereiro, e dizem que em 16 semanas com certeza haverá parte do conteúdo que será cortada.
O Conselheiro Brunetta agradece as colocações de Tatiane e aponta a necessidade de se pensar as diferentes áreas do conhecimento e como serão impactadas com as decisões do calendário. Diz que para o semestre de 2021.1 o debate precisará ser mais aprofundado e considerar essas questões para pensar um semestre com 18 semanas letivas.
A Conselheira Camilla de Amorim afirma que a conselheira Rosalba contemplou muitas de suas inquietações em relação à proposta, que em parte estão sendo ignoradas pelo Conselho. O ensino remoto precariza e intensifica o tempo de trabalho e estudo, diminuir as semanas irá amplificar esta condição. A Conselheira questiona o que está embasando a decisão pelas 16 semanas, tendo em vista que muitos docentes demonstraram a dificuldade de dar conta de um currículo e dos conteúdos neste período. O descompasso do calendário civil e acadêmico é algo comum no ensino público, então entende que esta não é uma sustentação suficiente da proposta que terá . Pensa que outros pontos seriam mais importantes para se discutir, que não apenas o número de semanas, mas como o ensino está sendo feito. Dessa forma, a Conselheira coloca sua posição de manter o tempo normal, de 18 semanas, para o semestre 2020.2.
Em resposta a Camilla, Brunetta aponta que compreende essas problematizações e que não está defendendo uma precarização pedagógica, mesmo que defenda as 16 semanas em seu parecer. Diz que parece que estamos trocando qualidade pedagógica por qualidade de vida, e que essa decisão não é irresponsável.
17h15 Votação do parecer favorável do conselheiro Brunetta para o Calendário Acadêmico Excepcional de 2020.2: 43% favoráveis ao parecer e 14% contrários ao parecer.
Dessa forma, ficou aprovado pelo CUn que o semestres de 2020.2 possuirá 16 semanas letivas, ao invés de 18 semanas.
Assuntos gerais. Abre-se o espaço para leitura de notas.
A conselheira Ana Lara pediu que seja aprovada a entrada de membra do Movimento N’Aya, Izzie M. S. Amancio, movimento que escreveu a nota sobre as políticas de permanência para estudantes transexuais e travestis.
A entrada de Izzie Amancio foi aprovada para que ela realize a leitura da carta.
Enquanto isso, a Conselheira Jocemara questiona o Reitor Ubaldo sobre o pedido da Câmara de Graduação sobre uma modificação na Resolução Normativa 140, em relação ao IAA, que precisa passar pelo CUn antes de fechar o semestre. O Reitor Ubaldo se responsabilizou de olhar isto e dar um retorno.
Agora com a entrada de Izzie Amancio, lhe é passada a palavra. Ela agradece o apoio da Associação de Pós-graduandos (APG) nesta pauta. Em seguida, se inicia a leitura da carta intitulada “Carta de sensibilização acerca de políticas de permanência”, que reivindica a inserção de políticas específicas de ações afirmativas, por meio das políticas de permanência às travestis e transexuais nos cursos de graduação e programas de pós-graduação na UFSC.
A conselheira Derani realizou informe de que foi aprovado na Pró-reitoria de Pós-graduação, por unanimidade, a inclusão de costas raciais e para pessoas com deficiência. Agradeceu a carta lida por Izzie e suas contribuições para pensar as políticas de permanência.
A Conselheira Ana Lara parabeniza a leitura da carta e afirma que este é um momento histórico para a Universidade.
Em seguida, a Conselheira Iclícia, em nome do coletivo de conselheiros autodenominado “Conselheiros pela Democracia” realizou leitura de nota de repúdio escrita pelos mesmos, frente aos comentários racistas proferidos por alguns docentes do Centro Tecnológico da UFSC (CTC) em 20 de outubro.
O reitor, após leitura da carta, se disse surpreso e que deverá ser apurado pelo gabinete da reitoria essa situação.
A conselheira Miriam agradeceu a leitura da carta por Iclícia. Disse que sente muito triste por ler comentários tão deploráveis de professores, que ficou em choque com o palavreado utilizado. diz que as ideias expressas nas mensagens são retrógradas e expressam um projeto de Brasil arcaico. Diz que é uma incompreensão dos professores com relação ao papel social das Universidades. Por fim, rechaça todas as palavras e ideias dos professores e diz que seguirá reafirmando suas defesa de 56% de ações afirmativas.
O Conselheiro Brunetta contribui que concorda ser completamente impróprio o comportamento dos docentes presentes na lista. Diz ser preciso reverter essa mentalidade que se demonstra nestes professores, pois é possível, sim, que na Universidade ainda se expressem posicionamentos tão arcaicos.
A Conselheira Ana Lara salda a carta que a conselheira Iclícia. Coloca que os comentários dos professores do CTC diz muito sobre a universidade. Diz que é indignante que ainda exista esse tipo de mensagens circulando em uma lista institucional da UFSC. Aponta que é fundamental que o Conselho discuta essa situação e tome providências, inclusive com uma nota de repúdio a ser encaminhada posteriormente pelo gabinete da reitoria. A conselheira rememora que há um ano atrás foi entregue ao reitor Ubaldo uma pasta com mensagens dessa mesma lista de emails com mensagens misóginas, racistas, capacitistas e de ódio às pessoas pobres; na época, eram emails do professor Colle, uma figura da extrema direita da UFSC, sobre um evento que tratava das mulheres na engenharia. Nos atuais emails com mensagens racistas, há mensagens também do professor Colle. Pontua que nessa lista de emails do CTC há 200 professores e que, apesar de serem cerca de 8 professores que escrevem as mensagens, os outros 182 ficaram calados, inclusive o professor e Conselheiro Márcio, o qual pediu que a carta fosse lida apenas ao final da sessão do CUn e que agora se ausentou. Por fim, diz que se deve ser encaminhado algo com relação a esses professores pois essas mensagens se materializam na forma como tratam os estudantes. Pede que se não houver tempo hoje, que na próxima sessão do CUn se debata sobre esse assunto.
O Conselheiro Edson de Pieri, diretor do CTC, afirmou que já foi aprovado terminar com a lista de discussão, e ela não estará mais circulando. Defende que estes posicionamentos expostos por certos docentes não devem ser extrapolados para todas as pessoas do Centro Tecnológico. A lista não tem moderação, mas pensa que todas as pessoas deveriam ter bom-senso neste ambiente institucional e universitário.
A Conselheira Iclícia propõe que, como uma resposta institucional do CUn, seja encaminhada uma nota em repúdio a este tipo de comportamento da Universidade, a ser aprovada na próxima sessão do Conselho.
O reitor Ubaldo concordou com a proposta da Iclícia, e a nota será discutida na próxima sessão. Reafirmou que ficou muito surpreso com a atitude dos professores na lista de discussão.
A próxima sessão do CUn será convocada para a próxima sexta-feira (4) ou, no mais tardar, para a próxima terça-feira (8).
18h15 Encerrada a sessão do Conselho Universitário desta terça-feira.