Foto: DAC/UFSC.
Leila Regina – Redação UFSC à Esquerda – 16/06/2021
Nesta segunda-feira, 14/06/2021, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) iniciou um novo semestre. O semestre 2021.1, previsto para o período de 14/06 a 02/10, mantém a previsão das atividades não presenciais. Será o terceiro semestre com atividades pedagógicas não presenciais. Para quem entra na universidade estar apartado do cotidiano e da vida universitária certamente deixa marcas em seu processo formativo.
Não podemos deixar de desejar boas-vindas aos novos calouros que colocam na universidade muito de seus sonhos. Ao adentrar em uma instituição que tem por finalidade a produção, sistematização, organização e socialização do conhecimento artístico, científico e filosófico no seu mais alto nível, é esperado que se tenha grandes expectativas.
Um sentimento de empolgação e esperança costuma ser contagiante para toda a comunidade universitária nos inícios de semestre, um momento de renovação e retomada do nosso compromisso social. É verdade também que parte das expectativas dos calouros vão encontrando ao longo da experiência as contradições com uma instituição que se insere em uma sociedade que prioriza as relação de lucro sobre todas as outras.
Estas contradições ficam ainda mais evidentes nesse momento que o contato com a universidade se limita ao contato frio com as telas. Sem as atividades de recepção dos calouros, o cotidiano, as atividades culturais, o contato com os veteranos nos corredores, as conversas na fila do Restaura Universitário (RU), o contato com os estudantes de outros cursos e áreas de conhecimento, os Happy Hours, o contato com o movimento estudantil e entidades como DCE (Diretório Central dos Estudantes) e CAs (Centros Acadêmicos), e toda a efervescência de uma vida universitária pulsante.
Mesmo o sentido da sala de aula neste formato remoto, nas suas expressões síncronas ou assíncronas, nos deixa com a sensação do quanto estamos perdendo da experiência do ensino em uma universidade. A relação com a vida universitária vai possibilitando uma formação ampla e contempla uma das funções mais marcantes da universidade, e que deveríamos retomar a todo momento, a de fazer a crítica.
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Aos que entram na universidade agora, e aos que se deparam com mais um semestre distante, e mesmo àquelas que tiveram seus percursos interrompidos, de fato temos que concordar que vocês estão perdendo muitas experiências importantes. Parte do nosso compromisso coletivo é não deixarmos toda a história de uma vida universitária pulsante se perder. Contamos com todos e cada um de vocês no compromisso de resgatar e manter vivo uma concepção de universidade que de fato vá ao encontro dos nossos maiores sonhos.
Há grandes desafios pela frente, estamos em um contexto de cortes orçamentários, sucateamento e afirmação de um projeto limitante a interesses privatista. Precisaremos manter vivo um outro projeto de universidade e construirmos ele juntos.
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Assim, essas boas-vindas são também um convite. Um convite para se comprometer de fato na construção de uma universidade que cumpra sua função mais fundamental de ser um espaço de crítica e produção de conhecimento independente de interesses privatistas ou de governos de ocasião. É preciso que cada um em seu cotidiano, com seus colegas, na relação com o conhecimento e com a sala de aula mantenha vivo o compromisso com um ensino rigoroso e que ajude a manter uma concepção de universidade viva para as novas gerações universitárias.
Convidamos também para que acompanhem o Jornal UFSC à Esquerda e nos ajude na tarefa de produzir notícias, registros e materiais a partir de concepções socialistas e independentes para a comunidade universitária.
