[Debate] A quem interessa a censura dos espaços?

Foto: UFSC à Esquerda

Clarice Lima* – Redação UàE – 19/09/2019.

Em contextos históricos, a supressão da liberdade de expressão e de crítica se relaciona com as relações de domínio de classe em seus mais diversos espaços.  Não é à toa que especificamente alguns tipos de materiais vinculados a causas são geralmente os repudiados, mostrando as vinculações e pretensões de forças que querem que a massa de trabalhadores e estudantes não tenha acesso à crítica e à cultura. É interessante para a manutenção das relações de domínio que elas não sejam contestadas ou figuradas em uma esfera em que elas possam ser reinterpretadas e subvertidas.

A censura da manifestação está vinculada a interesses de classe, seja quando os objetos censurados confrontam diretamente esses interesses, ou quando entram em discordância com a visão de mundo que representam. Um fato político recente é uma demonstração disso: a retirada pelo Marcelo Crivella de livros com a temática LGBT da Bienal do Rio de Janeiro ao propor que eles seriam classificados como impróprios.

Já na UFSC, ao mesmo tempo que ocorre uma Greve, cria-se um comitê (ou comando) interno para discutir as articulações onde vota-se que as reuniões tenham que ser de caráter fechado. Ficando assim, apenas um titular e um substituto de representação a cada graduação por questões de “organização” e “segurança” sendo que em muitos lugares essa discussão nem chegou a ser pautada pelo curto espaço de tempo.  

A quem interessa impedir que a massa de estudantes possa acompanhar as discussões do comitê de greve? Quais interesses estão em jogo quando se suprime a manifestação da base dos cursos? Vejamos bem, se foi a base que construiu essa greve, é a ela que cabe decidir os rumos que ela vai tomar. Restringir a discussão e se fechar em uma sala sem ver e ouvir a realidade de quem tem dia após dia construído a greve é uma escolha política. Isso seria uma tática, então, para matar aos poucos quem vem construindo o movimento estudantil no cansaço? Ou para simplesmente ter controle partidário em todas as ações? Quem tem tanto medo dos estudantes independentes? E por quê?

Tais exemplos vem de espaços e percepções diferentes de realidade porém como eles se conectam em seus próprios contextos?

 

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.

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