[Entrevista] A luta por condições de estudo continua no CFM, confira a entrevista com o movimento Denúncia CFM

Giulia Molossi – Redação UFSC à Esquerda – 06/06/2023

Confira a entrevista do jornal UFSC à Esquerda com os representantes do movimento Denúncia CFM sobre como está atualmente a mobilização. O movimento é feito por um grupo de estudantes de física que denunciam por fotos, imagens e relatos os descasos que ocorrem com o Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A luta por melhores condições de estrutura e segurança no CFM teve início no ano passado, e em outra entrevista para o UFSC à Esquerda, integrantes do Centro Acadêmico Livre de Física (CALF) e do Centro Acadêmico de Oceanografia (CAO) falaram que naquele momento estavam se reunindo em assembleias de curso para posteriormente realizar assembleias do centro para mobilizar desde as bases dos cursos.

Leia a primeira entrevista na íntegra: [Entrevista] Estudantes do CFM denunciam a precariedade do labirinto e lutam por condições de estudo 

O próximo passo da mobilização será um ato por estrutura e segurança no CFM, que ocorre amanhã em frente à reitoria. Às 10h ocorre a concentração para o ato na construção abandonada do prédio administrativo do CFM e às 11h30 inicia o ato na reitoria. Como parte do ato, os estudantes irão ler e entregar uma carta aberta ao reitor da UFSC. O UFSC à Esquerda reitera o convite a todos os estudantes da UFSC a estarem presentes!

Confira a entrevista: 

[UFSC à Esquerda] Qual a estrutura que o CFM tem hoje?

[Denúncia CFM] Os Departamentos de Física, Química e Matemática, o NEMAR e os Blocos Modulados. Não lembro se tem mais algum. Sendo que os últimos dois estão num estado mais complicado de deterioração do que os outros, que também não estão numa situação boa — vide por exemplo uma mancha de infiltração enorme em uma das maiores salas do Departamento de Física, a inacessibilidade geral dos prédios, etc. 

Tem também o prédio administrativo em construção há quase 10 anos.

As atividades dos blocos modulados estão sendo realocadas (em geral, para lugares nem um pouco ideais), mas não há nenhuma previsão concreta da realocação da biblioteca setorial que é amplamente usada.

[UFSC à Esquerda] Como vocês têm se organizado entre os Centros Acadêmicos participantes da mobilização? 

[Denúncia CFM] Desde o final do ano passado, alguns Centros Acadêmicos estão debatendo em reuniões e assembleias internas, para conversar e situar os colegas nas discussões sobre a eventual demolição dos Blocos Modulados (Labirinto). Depois de introduzido representantes estudantis (um representando centros acadêmicos, outro, atléticas) no Grupo de Trabalho – Setor 09 – Renovação – Demolição Modulados (mais conhecido como GT Blocos Modulados), começaram-se reuniões periódicas com os líderes e componentes anteriores dos centros acadêmicos para mediação de informes entre um grupo e outro.

Dando continuidade às atividades, neste ano, aproximávamos cada vez mais da perspectiva de realocação, quando o CCB45 (parte do antigo prédio da Biologia) apareceu como uma alternativa. Havia espaço para as atléticas e, apesar de ter 4 salas para entidades, havendo a necessidade de 5, uma das salas era suficientemente grande para comportar dois CAs e assim a divisão se deu, com CALF (Centro Acadêmico Livre de Física) e CALMA (Centro Acadêmico Livre de Matemática) no mesmo espaço — a lógica usada foi de juntar um CA com menor número de circulação de pessoas, com um maior, mesmo que achássemos que CALF e CALMET (meteorologia) fosse mais favorável, para que diminuísse a sensação de perda de espaço.

Tudo ia bem, até que apareceram alguns empecilhos, como quando os Departamentos e outros espaços da universidade, que não fossem longe dos demais, não conseguiram absorver em seus prédios, o PET (Programa de Educação Tutorial) da matemática, por falta de espaço. Nos colocando numa situação indesejada de termos que dividir dois Centros Acadêmicos em um espaço ainda menor, já que o espaço maior foi cedido a ele.

Foi quando os ânimos se agitaram. Afinal, pouco a pouco, percebíamos que diferente da biblioteca setorial, salas da pós graduação e empresas júnior, os centros acadêmicos eram os únicos sem nenhuma perspectiva palpável de espaço definitivo, independente e de qualidade. Visto que os outros já se encaminhavam nos projetos do prédio administrativo em construção.

Aí surgiram, organicamente, as assembléias e a construção do ato.

[UFSC à Esquerda] Quais as mudanças e reivindicações foram planejadas até agora?

[Denúncia CFM] Principalmente um comprometimento da reitoria para com os espaços físicos das entidades estudantis, construídos conforme suas necessidades e com ampla participação nesses processos, maior segurança (várias bicicletas já foram roubadas, alguns registros de casos de assédio, os fios de cobre dos refletores que iluminam as passagens, são repetidamente roubados, trazendo ainda mais o sentimento de insegurança de circulação nos espaços, etc) e maior acessibilidade (piso tátil, calçamento, rampas de acesso, manutenção de elevadores, readaptação dos banheiros, etc).

[UFSC à Esquerda] O que vocês têm discutido sobre os impactos que as mudanças trariam? 

[Denúncia CFM] Percebemos um forte senso de importância dos espaços físicos para o verdadeiro exercício de representação estudantil dos cursos, bem como de combate à evasão que é amplamente conhecida dentro dos cursos do CFM, já que é um espaço não só onde ocorrem assembleias internas, mas também é um espaço de descontração e estudo usado por muitos colegas. Vemos, nessa situação de divisão de uma pequena sala  entre dois CAs, por exemplo, uma perspectiva de apagamento da identidade e independência dos dois CAs e de desmobilização estudantil — que, claro, tentaremos internamente combater e lidar da melhor forma possível. Sente-se também um sentimento generalizado de marginalização e desconsideração com o CFM e, principalmente, suas entidades estudantis.

[UFSC à Esquerda] Como vocês imaginam que outros CAs da UFSC e Diretório Central dos Estudantes (DCE) poderiam fortalecer a luta que vocês tem feito hoje no CFM.

[Denúncia CFM] O que alguns de nós sentimos falta é de uma postura geral de todos os estudantes da universidade, centros e DCE, de valorização de um espaço físico de qualidade e independente. De uma forma que parece esvaziar as discussões dentro e fora da reitoria de se pensar as entidades estudantis como uma das peças relevantes para a construção da universidade. Com espaços muito maiores que meras cabines de banheiro, que não saiam água pelas lâmpadas, que não tenham fossas abertas em frente às janelas, mofo generalizado, infiltração, com buracos na parede e pisos, que não ofereçam pontos de acúmulo de água parada, nem iminência de que o teto caia sobre nossas cabeças, ou seja, o mínimo que se espera de uma universidade de relevância como a UFSC. Que tenham portas para a rua, arborização e praças.

Para fortalecer nossa luta, além de somar, divulgar e participar do ato do dia 07/06 e a quaisquer outros que poderão vir a seguir, faremos o convite, para que tragam, para dentro de seus centros, essa discussão. Para que não se admita, nem se naturalize quaisquer descasos com a comunidade universitária.

[UFSC à Esquerda] Vocês gostariam de falar de mais alguma questão para compartilhar com os demais estudantes da universidade?

[Denúncia CFM] Apenas pedir para que todos apoiem essa luta. Mesmo que não afete tão diretamente os estudantes de outros cursos, é o dinheiro de todos que foi investido nas obras e está parada há anos. O estado da obra atual apresenta perigo para todos que frequentam a região. Diversos casos de assalto e assédio foram relatados pelas redondezas, intensificados pela falta de iluminação e locais abandonados que facilitam os mal intencionados a se esconderem. 

Ademais, sigam, engajem e compartilhem as denúncias que são postadas no @denuncia_CFM, nos ajudem a chamar atenção das maiores influências na UFSC. Se juntem à luta, pois ela também é de vocês!

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