Montagem UFSCàE a partir de fotos do Instagram denuncia_cfm.

[Entrevista] Estudantes do CFM denunciam a precariedade do labirinto e lutam por condições de estudo

Giulia Molossi – Redação UFSC à Esquerda – 24/04/2023

Desde o ano passado, os estudantes do curso de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), localizado no Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), têm se mobilizado para denunciar a precarização do seu local de estudo. Desde então, a luta tem atingido os outros cursos do centro. Confira a entrevista do jornal UFSC à Esquerda com integrantes do Centro Acadêmico Livre de Física (CALF) e do Centro Acadêmico de Oceanografia (CAO), que falaram um pouco sobre a mobilização.

Segundo a integrante do CALF, desde o ano passado os estudantes do curso de Física tem se deparado com o departamento e os blocos modulados do CFM (o labirinto) com estruturas precárias e com risco à saúde e à vida. 

“Começamos então a discutir entre nós através de reuniões e assembleias do CALF essa situação, na tentativa de conseguir expor nossa situação e indignação com o descaso da universidade perante o CFM e, também, para exigir nossos direitos e espaços seguros para nós dentro da universidade”, diz a estudante.

Leia também: As condições das estruturas dos prédios da UFSC

Essa luta tem uma história

Segundo a integrante do CAO, denúncias de precarização do labirinto ocorrem desde os anos 90, então essa é uma pauta antiga da universidade. A estudante entrou na UFSC em 2017 e disse que desde então essa é uma pauta recorrente. A reivindicação da época era por um espaço melhor e por interditar o labirinto, pois já não dava para ter aulas lá. Essa luta era organizada por alguns CAs do CFM e pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT). 

No ano de 2017, o jornal UFSC à Esquerda publicou alguns textos que acompanharam as mobilizações da época. Em março, cerca de 200 estudantes do CFM se reuniram no auditório do Espaço Físico Integrado (EFI) para debater a problemática da segurança em seu Centro, “chegando a alguns consensos sobre como poderiam dar visibilidade a situação em que se encontram, deliberaram por um dia de paralisação das aulas no Centro e um ato para entrega de uma carta de reivindicações à Reitoria, com medidas que vão desde a realocação temporária das aulas, ampliação da iluminação dos corredores do Centro, vistoria dos bombeiros da condição de infraestrutura do Centro e por fim uma guarda especializada em lidar com pessoas para a Universidade”, escreve Clara Fernandez

Em outro texto, intitulado UFSC e a balela da segurança, o jornal discute algumas questões sobre a temática: “Nesta segunda-feira, dia 20 de março, duas estudantes da licenciatura em matemática foram assaltadas e agredidas no bloco A do CFM, também conhecido como labirinto. Este é um ótimo exemplo de lugar que além da péssima estrutura arquitetônica, não possui nenhuma perspectiva de segurança mesmo se atravessado durante o dia. Infelizmente, casos como o supracitado são recorrentes neste lugar. No entanto, o reitor prefere investir no teatro do monitoramento participativo do que em simples sistemas de iluminação”.

Leia também: As veias abertas do CCB

Grupo de trabalho de demolição dos modulados: para onde vão os estudantes do CFM?

Segundo a integrante do CALF, alguns membros da gestão e alunos que estão mais à frente desses problemas estruturais, descobriram um grupo de trabalho (GT) de demolição dos modulados e exigiriam que ele fosse aberto para representação estudantil. Participam dele dois estudantes do curso de Física.

A partir da participação desse GT, os estudantes souberam que o labirinto do CFM está sendo esvaziado para que se inicie a sua demolição.

“Como o labirinto será demolido, nós precisamos nos realocar. O grupo de trabalho da demolição dos modulados tem, pelo que eu sei, o papel de encontrar salas para nós e nos realocar nelas. Existe uma extensão dos blocos modulados que fica no CCB que não estão sendo mais utilizados desde a mudança para o novo CCB. Aparentemente, é um dos únicos lugares que temos disponível para a realocação das salas. Entretanto, continua sendo um espaço com problemas estruturais, sem falar que também é pequeno para tudo que ainda precisa ser realocado”, diz a estudante.

Como consequência da mudança de local, a integrante do CALF diz que possivelmente os espaços para os CAs e Atléticas serão divididos. Por conta disso, os estudantes do CFM se mobilizam também para que no futuro tenham a garantia de um espaço definitivo, seguro e adequado para as entidades estudantis.

Em resumo, o que está colocado aos estudantes por parte da Administração Central da UFSC é: aguardem nesse local que está perigoso e insalubre até que sejam realocados.

Quais caminhos a luta está seguindo hoje?

Segundo a integrante do CAO, estão participando da mobilização os Centros Acadêmicos (CAs) dos cinco cursos que estão alocados no CFM: Física, Química, Meteorologia, Matemática e Oceanografia.

Recentemente, foi criado pelos estudantes de Física um Instagram intitulado denuncia_cfm, com o objetivo de expor a situação para a administração da universidade e para a comunidade em geral. Confira algumas das denúncias realizadas:

Na última segunda-feira (24), o CALF convocou os estudantes do CFM para uma reunião com a pauta de reivindicação de salas para os CAs; como encaminhamento, os cursos participantes da mobilização irão chamar Assembleias de Curso e, posteriormente, será realizada uma Assembleia Geral do CFM.

A Assembleia Ordinária do curso de Física já foi convocada pelo CALF e irá ocorrer na próxima terça-feira (02), às 17 horas na sala CFM B012. Além de discutir a luta pelo espaço físico, será formada a Comissão Eleitoral (CE) para as eleições anuais da gestão do CA.

O Centro Acadêmico Livre de Química (CALQ) também convocou a Assembleia de Curso para a próxima terça-feira (02) às 18 horas na sala do CALQ: “Com a demolição do labirinto, os centros acadêmicos do CFM correm o risco de perderem suas salas, apenas o movimento estudantil é capaz de impedir que isso aconteça. Sua participação é muito importante!”.

Outras situações na UFSC

Ontem (26), uma estudante do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) publicou em seu Twitter que foi atingida por uma lâmpada no meio de uma aula, no Bloco A. “Sucateamento total da universidade, a gente não tem mais segurança nem dentro da sala de aula por causa de falta de manutenção!”, escreveu.

Hoje às 18h30 também ocorre uma Assembleia Estudantil da Biologia no auditório do CCB, com a pauta de revisão do documento de acesso aos espaços do CCB. Segundo o Centro Acadêmico de Biologia (CABio), “mais uma vez estamos tendo que defender nosso direito ao livre acesso de nossos espaços cotidianos nas instâncias, nossa segurança, e muito mais além disso”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *