[Entrevista] Como está a mobilização pelo Fora Colle no CTC?

Foto: montagem UFSCàE.

Giulia Molossi – Redação UàE – 30/06/2021

Hoje, dia 30, será realizada a terceira votação do pedido de Sérgio Colle para continuar como professor voluntário na Universidade Federal de Santa Catarina. Esse assunto tem gerado mobilizações no Centro Tecnológico (CTC), onde o professor dava aulas, e foi criada a campanha Fora Colle. Para compreender mais sobre o assunto, o UFSC à Esquerda conversou com uma das representantes discentes envolvidas nas mobilizações. 

A estudante é do curso de Engenharia de Materiais, do departamento de Colle, e diz que estão chamando novamente a UFSC a olhar para o CTC pois a luta para sua saída da universidade continua, ela pretende estar na votação que irá ocorrer hoje e diz que a diferença de votos a favor dele está diminuindo, ou seja, há chance de que seu pedido seja rejeitado. 

Ela diz que houveram duas votações a respeito da aceitação dele como professor voluntário, uma no Departamento de Engenharia Mecânica (EMC) e outra no Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica (POSMEC). 

Na primeira votação, a estudante diz que foi feito bastante barulho, mas estavam presentes os professores que trabalhavam diretamente com ele e todos foram pegos de surpresa com as falas dos representantes estudantis, alguns poucos concordaram e depois de uma votação secreta o pedido de Colle foi aceito por 32 votos, contra 20 contrários

A entrevistada ressalta que “no final dessa reunião, na qual diversos professores se posicionaram contra as atitudes do Colle, um professor falou que estava se aposentando e pretendia ser voluntário, mas mudou de ideia por medo que algo assim possa acontecer com ele, o que me faz achar q eles começaram a perceber que esse tipo de atitude não será mais aceita”.

Na segunda votação, a representante não esteve presente, mas recebeu o relato de que o Colegiado Pleno do POSMEC foi um “show de horrores, com direito a professores lendo a carta da Ana Capagnolo de apoio ao Colle; professores dizendo que quem tinha escrito a carta contra o Colle tinha que se desculpar por ter chamado ele de racista porque racismo é crime e o Colle até orientou dois alunos negros; professores dizendo que admiravam a coragem do Colle de se posicionar; professor dizendo que o Colle estava sendo atacado porque era contra a esquerda universitaria e é claro que os alunos eram contra ele porque jovens são de esquerda e depois viram de direita”.

Somente duas estudantes fizeram falas contra o Colle. A votação foi secreta, novamente e os estudantes se surpreenderam com o resultado: 20 votos a favor de Colle contra 18 votos contrários. Uma das representantes discentes achou a votação bem importante, porque deixa a votação mais acirrada e percebem que demonstraram como a figura de Colle é absurda, evitando que haja mais posturas como as dele.

Um detalhe sobre a segunda votação é que era para ter sido votado no colegiado delegado, mas os delegados não se sentiram à vontade para votar, aí foi para o Colegiado Pleno. Tiveram até que eleger mais representantes discentes em caráter de urgência, mas ainda assim sobrou uma das 10 vagas. 

Agora, para ele ser aceito, é preciso que o pedido dele de professor voluntário seja aceito pelo Conselho do CTC, composto pelos coordenadores de todos os programas de graduação, pós-graduação e coordenadores de departamento. Em todos esses colegiados, há estudantes nomeados que estão desde o começo argumento contra Colle. 

“A cada reunião nos ficamos mais perto de virar essa votação e mostrar pra UFSC que o que importa não é só o currículo, eles não contratam apenas um pesquisador, mas um professor que tem como função instruir e formar a nova geração de profissionais da área. Esperamos que seja possível mostrar isso pro CTC e convencê-los”, diz a entrevistada. 

A estudante diz que no CTC é sempre difícil trazer os estudantes a se manifestarem, muitos têm medo de represálias dos professores, que acontecem eventualmente. Porém, os estudantes que estão puxando as mobilizações têm reparado que a cada publicação sobre o Fora Colle o alcance é maior. 

À pergunta do que representa para o CTC e para  UFSC as posições que o Colle defende publicamente, a entrevistada responde que “ter o Colle na grade de docentes representa uma vergonha pra UFSC, quando eu olho pra essa logo em homenagem ao orgulho LGBT+ e vejo a falta de atitude da universidade a situações que claramente agridem essas pessoas é realmente revoltante e me sinto bem envergonhada, eles permitem que essas pessoas se sintam menosprezadas na universidade, que passem por situações que nenhum ser humano deveria e acreditam que uma logo colorida vai resolver?

Ela diz que não adianta a universidade se dizer inclusiva e colocar uma logo colorida por uma semana, mas que isso deve ser construído no cotidiano. Ela cita explicitamente a luta LGBT+ porque o dia internacional dessa luta foi nessa semana, mas que sua fala também se aplica para mulheres, negros e todos os outros grupos agredidos pelas falas de Colle. 

Por fim, ela diz aos estudantes, professores e técnicos para se juntarem ao Fora Colle se acreditam na universidade pública, na democracia e no respeito à diversidade. 

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