[Notícia] CALH em processo eleitoral: duas chapas concorrem ao pleito

Amanda Alexandroni – Redação UFSCàE – 19/05/2023

Imagem: notícias UFSC

O Centro Acadêmico Livre de História (CALH) está em processo eleitoral. Em 03/05 foi realizada a assembleia eleitoral que deu início ao processo. Duas chapas concorrem ao pleito: Chapa 1 – Coragem pra lutar, de continuidade da gestão anterior, e Chapa 2 – Barravento, de oposição. Ontem (18/05)  ocorreu o primeiro debate entre as chapas. A votação será no dia 25 de maio. 

A Chapa 1 – Coragem pra lutar está sendo composta por 18 membros de diferentes forças políticas – Brigadas Populares/Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), União da Juventude Comunista/ Partido Comunista Brasileiro (UJC/PCB), Juventude Comunista Avançando/Polo Luiz Carlos Prestes (JCA/Polo) e Afronte/PSOL – junto com alguns independentes. Segundo Roberto, que compõe a Chapa 1:

“Somos compostos por estudantes de várias fases do curso, alguns que participaram da última gestão do Centro Acadêmico e outros/as/es que participaram dos espaços de formação de chapa e tem interesse em fazer parte da gestão do centro acadêmico.

Nos propomos a fortalecer o Movimento Estudantil, dando voz e vez a todos os estudantes interessados em contribuir para a construção de um CALH comprometido com as demandas e anseios da comunidade acadêmica.

Nossa chapa compreende a importância da diversidade de experiências e perspectivas para enriquecer o debate e promover a representatividade dentro do Movimento Estudantil. Valorizamos o trabalho coletivo e a horizontalidade .

Defendemos diversas pautas que refletem nosso compromisso com os direitos e demandas estudantis. Entre essas pautas, destacamos as que devem ser prioridade para o Centro Acadêmico neste próximo período: combate ao racismo, misoginia e LGBTfobia dentro do curso, fortalecer o debate sobre a construção de um currículo antirracista e a luta contra o “Novo” Ensino Médio.

Estamos comprometidos em promover espaços de debate e reflexão, assim como em articular ações conjuntas com outros Centros Acadêmicos e movimentos da UFSC. Além disso, valorizamos a promoção de espaços conjuntos com a Atlética de História e o Coletivo Negro de História Preta Sankofa, no âmbito do curso de História, por exemplo.

Assim como na última gestão, empenharemos esforços para o fortalecimento do Movimento Estudantil, pautando sempre a nossa formação profissional crítica voltada aos interesses do corpo estudantil e do povo brasileiro.

Acreditamos e valorizamos a democracia interna das Entidades Estudantis. Pois apenas lado a lado dos/as/es estudantes podemos construir um CALH que seja cada dia mais representativo, atuante e comprometido com os elementos trazidos anteriormente.

No ano passado se abriu um debate fundamental sobre a reformulação curricular e a luta contra o racismo no curso. É essencial que essas questões sejam enfrentadas com seriedade por todos os membros da comunidade acadêmica e firmamos o compromisso em garantir que este seja o principal trabalho para a próxima gestão.

Valorizamos um debate político público e honesto, fundamentado no respeito mútuo entre os integrantes das chapas. Estamos abertos a ouvir diferentes perspectivas, a fazer as devidas críticas e a construir um diálogo saudável em prol do fortalecimento do nosso Centro Acadêmico. Neste sentido, durante o debate de hoje à noite (18/5 às 18h30), compartilharemos nossas avaliações sobre os recentes acontecimentos no curso e sobre nossas propostas, buscando contribuir para a politização do curso de história e fortalecimento do Movimento Estudantil.” 

A Chapa 2 – Barravento é composta por 21 militantes independentes, muitos deles constroem o Jornal Barravento, ligado ao curso de História. Hernán, da Chapa 2, declara ao UFSCàE:

“Acredito que o sentido da nossa participação neste pleito, de 2023, é o fortalecimento do protagonismo do corpo discente do curso de história, nos rumos que o curso deve tomar daqui pra frente. Nós é que somos os maiores interessados, pois somos nós que estamos nos formando neste período e que frequentamos o curso. Nesse sentido, a gente acredita que nossa vida acadêmica deve ir além da sala de aula. Não são apenas os professores aqueles que devem ser responsáveis pelo destino do nosso curso. Nós acreditamos que é necessário retomar a avaliação dos planos das disciplinas que é uma prerrogativa que o Centro Acadêmico tem estabelecida pelo projeto político pedagógico do curso; nós queremos discutir a nossa formação enquanto futuro docentes; e queremos que o Centro Acadêmico atue com mais energia e mais interesse na oferta de atividades formativas, culturais, na própria semana acadêmica –  para que nós, a partir da nossa autonomia, dos nossos interesses intelectuais, das questões políticas que palpitam no nosso país –  nós possamos ter um protagonismo na nossa formação, e poder influir nesse sentido.

E para que tudo isso aconteça nós acreditamos que é necessário que haja mais transparência, mais democracia, mais interesse do CA em prestar contas em assembleia do caixa, por exemplo, do fluxo de caixa dos recursos que o Centro Acadêmico tem. É necessário construir instrumentos de diálogo com as turmas através de um conselho discente, com representantes de turma. Enfim, nós precisamos aprofundar a participação dos estudantes porque isso faz parte do próprio amadurecimento profissional e intelectual dos historiadores, e o Movimento Estudantil tem uma grande contribuição a dar nesse sentido”. 

Hoje (19/05) a Comissão Eleitoral divulgou uma nota sobre acusações recentes realizadas pela Chapa 1 contra a Chapa 2. A nota foi lida na abertura do debate de ontem. Confira na íntegra:

A comissão eleitoral do Centro Acadêmico Livre de História (CALH) vem à público por meio desta nota esclarecer os ocorridos dos últimos dias em relação ao processo eleitoral, conforme acordamos nesta segunda-feira (15/05) com as duas chapas.

Na sexta-feira (12/05) o grupo que se tornou a Chapa 1- Coragem pra lutar nos apresentou uma denúncia referente a casos de assédio moral e machismo que estariam ocorrendo durante o processo de formação das chapas. No mesmo dia foi publicada uma nota pública com a justificativa de esclarecer o porquê o grupo buscou a comissão eleitoral, com uma resposta veiculada pela rede social do Jornal Barravento na segunda-feira (dia 15).

Na denúncia foram relatados dois casos referentes ao grupo que viria a se tornar a Chapa 2- Barravento. O primeiro refere-se à reunião de formação da Chapa 2 na Terça-Feira dia 09/05, onde um grupo de estudantes representando a formação da Chapa 1 esteve presente e pediu a realização de uma fala de abertura, pedido que foi concedido mediante uma restrição de tempo, o que foi cumprido. Após esse momento o grupo abandonou a reunião. Importante esclarecer que haviam dois representantes da CE presentes. A denúncia relatou que foram realizados comentários pelos presentes caçoando uma das estudantes que realizou essa fala de abertura. Como estávamos presentes e testemunhamos em primeira mão, não caracterizamos esse ocorrido como assédio moral, nem que tenha tido qualquer cunho machista no comportamento dos integrantes da reunião, visto que não houve naquele momento nenhum tipo de ofensa nem ridicularização direta ou indireta da estudante em questão.

O segundo caso relatado se refere a uma ofensa feita por um estudante que integrava o grupo de formação da Chapa 2 ao comentar sobre o ocorrido na reunião de terça-feira. No espaço de convivência do CALH, o estudante em questão proferiu um comentário de cunho machista (do qual não cabe reproduzirmos aqui). A CE, baseando-se no princípio básico de presunção de inocência, buscou os nomes que estavam presentes durante o momento para que relatasse o ocorrido. Com base nessa coleta de testemunhos, ficou claro que se confirmava o conteúdo problemático da fala. Discutindo internamente também ficou claro que ele representava a ação individual do estudante que o proferiu, não havendo qualquer evidência que ele representava a visão do grupo do Jornal Barravento como um todo. Com isso em vista, decidimos afastar o estudante da disputa eleitoral e orientar o Jornal Barravento a publicar uma nota de retratação

Em reunião realizada no sábado (13/05) o grupo do Barravento decidiu coletivamente repreender a atitude do estudante e convidá-lo a reflexão, encaminhando a redação da nota de retratação, onde nela seria publicizado a represália interna ao autor do comentário, conforme a orientação da CE, além da visão particular do grupo frente à nota . Além disso, se comprometeram frente a nós que manteriam o debate no campo político, evitando a personalização.

No domingo, dia 14, o Jornal Barravento nos encaminhou uma denúncia alegando irregularidades da nota pública divulgada pelo grupo que se tornou a Chapa 1, argumentando que se tratou de campanha antecipada, desrespeitando os artigos 11 e 12 do nosso regimento eleitoral aprovado em Assembleia. O grupo então pediu restituição da isonomia do processo eleitoral, frente ao prejuízo que eles teriam baseado em acusações que, conforme julgamos, seriam inverídicas. Acatamos a denúncia e nos reunimos na segunda-feira para discuti-la onde decidimos que era coerente a argumentação frente ao Estatuto e encaminhamos preliminarmente uma punição ao grupo que formaria a Chapa 1.

Na segunda-feira, durante a inscrição das chapas, pedimos para que dois representantes de cada uma se reunissem com nós para buscar um compromisso de civilidade no debate e uma conciliação coletiva. Após debate foi acordado que a CE redigiria esta nota esclarecendo o caso e ela teria que ser divulgada tanto pela Comissão Eleitoral nos veículos do CALH quanto pelas duas chapas desta nos meios que fossem necessários. Acordamos a retirada da punição preliminar da Chapa 1 em consenso geral, e encaminhamos o compromisso geral que o processo eleitoral seja pautado no debate político e de ideias, não por meio de acusações de tom pessoal. Reforçamos nosso compromisso com a garantia da isonomia do processo como um todo e com as garantias legais que todos temos não apenas no Estatuto Eleitoral, mas na legislação do país.

Por fim, pedimos encarecidamente que este tipo de caso não se repita, pois a publicização desvairada desse tipo de denúncia apenas atrapalha o trabalho dos órgãos competentes frente a casos que envolvem temas sérios como é o caso do machismo e da misoginia, além de prejudicar a democracia estudantil como um todo.

Att, Comissão Eleitoral. 

A votação ocorrerá no dia 25 de maio. A participação e envolvimento de estudantes nesse processo é muito importante. O Centro Acadêmico de um curso pode cumprir um papel decisivo na definição do caráter da formação dos estudantes durante os anos de graduação. O CA pode atuar dentro das questões institucionais do curso, e, também, sobretudo, em atividades formativas e culturais. Além disso, o CA pode articular a atuação do curso com outras entidades e categorias da universidade. Todas essas questões trazem um significado maior para a experiência em uma universidade pública. Participe do processo eleitoral do seu curso!

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