Foto: UFSCTOCK – Florianópolis/SC – Por Piruka
Morgana Martins – Redação UàE – 01/09/2020
O dia de ontem, dia 31 de agosto, marca o início do semestre letivo 2020.1 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de forma remota. Ontem já sentimos na pele o quanto a educação universitária não cabe nesses moldes que nos obriga a ter contato com nossa universidade através de nossos equipamentos eletrônicos. Isso porque a universidade não é somente a sala de aula.
Em todos os minutos, me recordava dos espaços e das diversas atividades que faziam parte do cotidiano estudantil, principalmente no que diz respeito a utilização do campus. Isso porque a universidade é muito mais do que uma aula ou uma transmissão de conteúdo, mas é uma experiência completa com conhecimentos de todas as áreas, sejam eles culturais, filosóficos e artísticos.
Se lembrarmos de como era nosso cotidiano antes da pandemia, diversos de nós recordam que saindo das salas de aula tínhamos contato com diversos cursos e atividades. Na quarta-feira íamos para a feirinha orgânica da UFSC, ao meio dia havia shows de música; tínhamos o teatro da UFSC, exposição de filmes e, nessa época do ano, comíamos amoras de sobremesa.
Vale lembrar que antes da pandemia, muitos dos espaços culturais e de lazer já haviam sido precarizados e extintos, exemplo muito marcante foi o palco que havia no bosque do CFH, que foi derrubado ao invés de restaurado. Assim como a concha acústica do CCE, onde ocorriam atividades culturais, que foi simplesmente removida, sem nenhuma explicação ou aviso à comunidade acadêmica. Houve um tempo em que o acesso ao espaço universitário era livre, sem as cancelas, que os Happy Hours eram semanais e importante para os estudantes, tanto pelo lazer e convívio quanto por manter a política financeira dos Centros Acadêmicos.
O campus da UFSC de Florianópolis já foi também local de grandes festivais de arte – até mesmo o maior do estado -, o UFSCtock, que ocorreu durante seis anos, de 2009 a 2014, e era organizado pelos estudantes. Um festival de música independente mas que contava também com exposições de artes visuais, debates, teatro, oficinas e cinema e com atrações nacionais no festival de música.
Tudo isso fez parte da formação universitária de muitos que vieram antes de nós, que souberam dar uma nova cara a universidade e disputar esse espaço que é nosso de diversas formas. E isso em nenhum momento significou uma oposição ao sério compromisso com a educação que a universidade deve ter. Pelo contrário. Um momento muito marcante foi o “pulo no laguinho”. Os estudantes reivindicavam manutenção das salas de aula, mais bolsas e moradia e reforma do Restaurante Universitário, enquanto a prioridade do reitor foi inaugurar a estátua que hoje está ao lado do laguinho. Diante disso, os estudantes, vestidos com roupas de banho, pularam no laguinho, chamando a atenção da comunidade e apontando o que estava ocorrendo na universidade.
Portanto, que não deixemos passar em branco esse momento tão devastador para a universidade e para a educação nacional, em que a universidade está sendo reduzida a uma máquina de distribuição de diplomas. Que saibamos que a universidade pode ser muito mais do que aquilo que é e até mesmo pode ser repensada para além do que já foi.
*O texto é de inteira responsabilidade da autora e pode não refletir a opinião do Jornal.