Edição UFSCàE/Original: Divulgação APUFSC

[Opinião] Hoje! Último dia de votação: Por que votar não à filiação da APUFSC ao PROIFES?

Amanda Alexandroni* – Redação UFSCàE –  22/07/2022

Está aberta desde quarta-feira (20/07) a votação em regime online para os/as professores/as filiados à Associação dos Professores da UFSC (APUFSC) decidirem se a entidade deve se filiar ao PROIFES. Na terça-feira (19/07) houve uma assembleia da categoria para discutir o tema. A cobertura do evento pode ser acessada nas nossas redes do twitter e instagram. A votação encerra hoje às 17h. 

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A assembleia contou com a participação de cerca de 50 professores, incluindo aposentados/as. Em linhas gerais, os setores que defendem a adesão do sindicato ao PROIFES apresentam preocupações com o caixa da entidade e a autonomia política da mesma. Além disso, esses setores, em alguns momentos da assembleia, questionaram a atuação política dos professores aos quais se opõe.

Já os setores que apoiam a filiação ao ANDES trouxeram falas na assembleia tanto para elucidar o histórico de apresentação desta pauta, quanto os motivos para apoiarem esta filiação.

Sobre o histórico, Célia Vendramini, professora do Centro de Ciência da Educação, em declaração ao UFSCàE, evidenciou o caráter vicioso no qual esta votação está submetida. Em primeiro lugar, porque a discussão sobre a filiação às entidades foi suspensa em razão da pandemia e recuperada apressadamente pela diretoria. Ela critica a ausência de discussões amplas com sobre o tema. Além disso, o processo não respeitou o estatuto da entidade e apresentou votações tendenciosas para cada escolha. A primeira votação, que tratava de decidir pela filiação ou não ao andes foi apresentada, na cédula de votação, atrelada à dissolução da APUFSC, o que é uma falácia. Já na votação em aberto até esta sexta-feira, que decidirá pela filiação ou não ao PROIFES, a cédula está objetiva. 

Confira a carta de docentes que tem mobilizado a categoria pela NÃO filiação ao PROIFES

Edivane de Jesus, professora do Departamento de Serviço Social da UFSC, em declaração ao UFSCàE, expressou os reais motivos pelos quais a atual diretoria da APUFSC encaminha um processo tendencioso pela filiação ao PROIFES, em oposição ao ANDES. 

Destaca que: a saída da APUFSC do ANDES relaciona-se diretamente a um histórico de rejeição à luta política por uma parcela reacionária da categoria. Desde o rompimento com o ANDES, em 2009, a atuação da entidade remete a um caráter “clubista”, associativo, preconizando a defesa do patrimônio e uma suposta autonomia sindical, em detrimento das perspectivas de luta encampadas pelo movimento docente a nível nacional.

Segundo ela, o ANDES-Sindicato Nacional é o maior sindicato da América Latina. A perspectiva da entidade é a luta política, a unidade do movimento docente, a defesa da universidade pública e das pautas que dizem respeito à categoria e à totalidade da classe trabalhadora. Sobre a função do sindicato, ela questiona os argumentos que refutam o retorno ao ANDES e usam como justificativa a preservação do patrimônio da APUFSC: 

“Pra quê serve um sindicato? Sindicato serve para os filiados usufruírem de serviços como num clube de descontos? Serve pra acumular milhões em uma conta bancária? Comprar uma sede para uso recreativo?  Fazer reuniões festivas? A função do sindicato é fazer a luta política, mobilizar a categoria, lutar por salário, condições de trabalho e defesa da universidade. É tudo que não se tem no âmbito da APUFSC desde a saída do ANDES. Tanto que a entidade não consegue engajar e filiar os novos professores, que entraram na UFSC nos últimos anos”. Prova disso foi a assembleia esvaziada da última terça-feira, que contou com poucos representantes, majoritariamente aposentados, para debater e votar uma pauta tão importante como essa.

Ela chama a atenção também sobre a defesa feita pela diretoria sobre a carta sindical estadual da entidade. “Outro argumento utilizado para refutar o retorno ao ANDES, tem sido a afirmação de que, a voltando a ser seção do ANDES a APUFSC perderia sua carta sindical. Mas a verdade é que essa carta sindical não traz nenhum tipo de respaldo à categoria docente da UFSC.  A nossa carreira é federal, logo as negociações se dão em âmbito federal, o que a carta sindical da APUFSC não a credencia para fazer. A vinculação ao ANDES tiraria a APUFSC do isolacionismo, e a colocaria novamente junto ao movimento docente em âmbito nacional ”.  

Por fim, destaca o caráter vicioso do processo, que impede com que haja reais condições para a categoria fazer sua escolha, evidenciando o caráter de aparelhamento e da pequena política em vigor no sindicato.

Sobre a questão do patrimônio, o docente Ilyas Siddique, do Departamento de Fitotecnia da UFSC, afirma ao jornal que a diretoria está levantando preocupações infundadas e enganosas acerca da questão patrimonial da APUFSC. Segundo ele, os filiados não deveriam se preocupar quanto a isso com um canário de filiação ao andes, pois segundo o Artigo n˚ 44, § 2, do estatuto do ANDES-Sindicato Nacional, está evidenciado que as seções sindicais e associações docentes que fazem parte do sindicato mantêm sua autonomia administrativa, política, jurídica, financeira e patrimonial. 

Ele sinaliza que em ambos os casos – com a filiação ao PROIFES ou ao ANDES – há repasse financeiros para a entidade nacional, mecanismo indispensável para a manutenção da entidade. A diferença, segundo ele, é que no caso do ANDES esses repasses de fato seriam utilizados para realizar a defesa das universidades públicas e dos institutos federais, na defesa de sua comunidade universitária e da autonomia dessas instituições, ou seja, para pautas que são de fato importantes para a instituição e para a categoria docente.  Segundo ele, essa destinação dos recursos não ocorre no caso do PROIFES, que tem sido um sindicato bastante inativo e pequeno. 

Pelas razões expostas pela própria categoria docente, há motivos suficientes para que, em nome da defesa da universidade pública e da capacidade organizativa da categoria, vote-se NÃO à adesão da APUFSC ao PROIFES. 

*O texto é de inteira responsabilidade da autora e pode não refletir a opinião do jornal.

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