[Notícia] Mobilização dos estudantes do CFM

Camilla Ferreira – Redação UFSCàE – 12/06/2023

Confira como foi o Ato do CFM do dia 07/06 e os próximos passos do movimento

Na última quarta-feira, 07/06, os estudantes do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), realizaram um ato pelas questões estruturais do centro. Os Centros Acadêmicos (CAs) do CFM (CALF, CALMA, CAO, CALQ e CALMET) vem organizando e mobilizando a base dos cursos do centro para discutir os problemas enfrentados no cotidiano. Com problemas de infraestrutura que se prolongam por várias gestões da universidade, o recente deslocamento dos CAs para espaços inadequados foi o disparador para a discussão que depois de algumas assembleias organizou um Ato para pressionar a reitoria por resoluções.

A realização do ato foi decidida em uma das assembleias e sua construção coletiva contou com participação de estudantes na confecção de cartazes, de material de divulgação e de uma carta de reivindicação a ser entregue a reitoria.

Chamado para o ato do dia 07.06. Fonte: @denuncia_cfm

Imagem de divulgação do Ato @denuncia_cfm

Fala da estudante Ana Paula do curso de Física chamando para participação no Ato

O ato por melhores condições de estrutura e segurança no CFM reuniu os estudantes no prédio abandonado que está em construção há quase 10 anos (obras iniciadas em 2013), por volta das 10h.

Fotos UFSCàE do início da concentração em frente ao prédio abandonado

Em seguida saíram em caminhada com batucada e gritos de ordem. Entre as frases entoadas pelos estudantes, estavam a urgência da situação e a necessidade de valorização da produção cientifica:

“Eu já falei, vou repetir, o CFM vai cair”

“Aí reitor, não leve a mal, 50 anos provisório nem a pau”

“Valorizem a ciência de base: É a mãe da universidade”

“Não foi por falta de aviso não, foi por falta de manutenção”

Estudantes em Ato passando pelo CFM

Os estudantes com instrumentos passaram por vários centros chamando os demais a se somarem na manifestação. O ato passou por dentro do CFM e pelo prédio do EFI (Espaço Físico Integrado), onde ocorrem várias aulas dos cursos do CFM, que tem poucas salas de aula próprias.

Em fala no EFI, a estudante da Física Gabriela expos que o ato objetiva que todos possam trabalhar e estudar com dignidade, e que esta é uma luta dos estudantes, mas também dos servidores e terceirizados”

Fala Gabriela, estudante do curso defísica

Em seguida passou pelo “labirinto”, como são chamados os blocos modulados, estrutura construída em caráter provisório nos anos 70 e que finalmente tem sua demolição prevista. Mas mesmo com esse atraso ainda não há garantia de espaço físico adequando para a realocação das entidades que alí estão alocados atualmente, como exposto na reivindicação dos estudantes

Em frente ao RU estudantes fizeram mais uma fala e seguiram até a reitoria.

Durante o ato vários estudantes fizeram falas resgatando que o caráter da infraestrutura e do orçamento das universidades é uma questão que não afeta só os estudantes do CFM, mas todos que por lá circulam e se estende como uma demanda de toda a universidade.

Os estudantes foram até a reitoria, onde chamaram o reitor Irineu para ouvir as demandas. Enquanto esperavam a descida do reitor que estava em reunião, a estudante de psicologia e militante do CESO, Rita saldou o movimento coletivo dos estudantes e expôs a luta dos trabalhadores da PMF, que estão em greve neste momento, Rita convidou todos a somarem no ato da PMF da tarde lembrando que muitos dos estudantes do CFM já estagiam e podem trabalhar nas escolas do município.

Depois da subida dos estudantes até o gabinete em ato o reitor desceu para falar com todos os presentes no hall da reitoria.

A carta aberta do CFM com as reivindicações foi lida no hall pela estudante da Física Gabriela. Na carta os estudantes descrevem o sentimento de indignação com o descaso com os espaços físicos e entidades estudantis do centro, descrevem várias questões de infraestrutura e listam as seguintes reivindicações:

“Assim, viemos aqui reivindicar os seguintes pontos:

– Participação estudantil nas decisões referentes aos espaços físicos do CFM;

– Garantia de espaços físicos adequados, individuais e definitivos para cada entidade estudantil, definido e planejado com cada entidade;

– Garantia de espaços físicos, adequados, individuais e definitivos para todos os espaços de convivência, integração e institucionais presentes nos blocos modulados;

– Ampliação do número de salas de aula nos prédios do CFM;

– Remanejamento e reorganização das salas de aula do EFI, priorizando o atendimento da comunidade acadêmica do CFM enquanto não houver salas de aula suficientes que atendam as necessidades do centro;

– Conclusão da obra do prédio administrativo do CFM com prioridade e celeridade;

– Priorizar os espaços liberados após a demolição dos blocos modulados para a construção de espaços físicos destinados ao CFM, além de praças e espaços de circulação;

– Calçamento e pavimentação adequada, além de realizar um paisagismo, pelos arredores do CFM;

– Assegurar acessibilidade para PcDs dentro dos prédios do CFM, em especial nos departamentos;

– Escadas de segurança no departamento de química;

– Iluminação adequada e aumento da vigilância ao redor dos departamentos do CFM, especialmente à noite;

– Manutenção regular dos espaços físicos pertencentes ao CFM; – Comprometimento da reitoria com a reivindicação da recomposição do orçamento das universidades perante o MEC.”

Gabriela, estudante de física lê carta de reivindicações ao Reitor

Assista a leitura AQUI

O reitor em sua fala indicou as questões orçamentárias da universidade, com os cortes e o subfinanciamento, extinção de cargos e falta de trabalhadore , que limitam a atuação da reitoria mas que entende que o CFM é prioridade. Ainda fez questão de destacar que “a Universidade não é uma empresa”. Para ele, se a universidade fosse uma empresa ou fosse gerida como tal estaria fechada. Durante as falas posteriores, ele ainda afirmou que a suplementação orçamentária do governo federal é insuficiente para manter a universidade funcionando.

O reitor reconheceu a legitimidade das demandas estudantis e se comprometeu a articular com os demais pró-reitores e diretores de centro para encontrarem soluções.

Reitor Irineu se compromete com demandas dos estudantes

Confira fala completa AQUI

Os estudantes questionaram ainda sobre as questões de segurança.  O prefeito do campus, Hélio Rodak, afirmou que o reitor irá construir salas de aula para o centro e falou sobre algumas possibilidades que estão sendo pensadas pela reitoria

Ao fim do ato os estudantes convocaram o reitor e demais autoridades para fazer uma caminhada pelo centro no período noturno para que eles conheçam de perto a realidade dos que circulam pelo centro. A caminhada pelo CFM com o reitor deve ocorrer nesta segunda, 12/06, às 18h e sair da frente do Labirinto.

Além disso como continuidade do processo de negociação com a reitoria os estudantes agendaram uma reunião para a próxima segunda-feira, 19/06, às 18h para definir as prioridades e ações relativas as demandas listadas.

Para avaliar o ato e discutir próxima reunião, os estudantes realizarão assembleia na próxima quinta-feira, 15/06, às 18h em local ainda a definir.

A demanda dos estudantes coloca em relevo a importância dos espações físicos para a existência e atuação independente dos Centros Acadêmicos nas universidades. A possibilidade de espaços de convivência e que permitam a auto-organização estudantil é fundamental para que o movimento de crítica possa ocorrer de forma autônoma e organizada. Entretanto, muito além desta pauta relevante, os estudantes ainda colocam em questão a necessidade de lutar pela reconstituição orçamentária das universidades, que vem perdendo financiamento ao longo dos anos e todos os últimos governos.

As questões estruturais e de manutenção das universidades fazem parte sim de uma crise do financiamento das universidades e da pesquisa no Brasil. As universidades têm visto a sua própria autonomia na produção do conhecimento científico ameaçada por movimentos que apontam para a captação de recursos externos como a única saída para a crise posta.

Que o movimento ousado dos estudantes do CFM sirva de combustível e possa contribuir com um movimento geral dos estudantes e de toda a comunidade universitária na luta pela reconstituição do orçamento e pela garantia da autonomia da universidade na produção de conhecimento, com orçamento público para a universidade pública. Acompanhe as atividades dos estudantes do CFM e contribua na construção do movimento estudantil de defesa da universidade pública.

Confira mais fotos do ATO

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