Imagem: Ato em Campo Grande em 14 de fevereiro de 2023, parte da mobilização nacional pelo piso salarial da enfermagem. Foto: Reprodução/SINTE-MPCG.

[Notícia] Trabalhadores da enfermagem em luta: Greve em Campo Grande (MS)

Maria Alice de CarvalhoRedação Universidade à Esquerda – 27/02/2023

A luta dos trabalhadores da enfermagem pelo reajuste do piso salarial no Brasil segue neste ano de 2023. Hoje, 27 de fevereiro, os trabalhadores da enfermagem de Campo Grande (MS) iniciaram uma importante greve na capital do estado. Nacionalmente, os trabalhadores já haviam apontado um indicativo de greve para o dia 10 de março.

A tramitação e promessa do reajuste do piso salarial da enfermagem já se estende por meses e permanece indefinida. Apesar de já ter sido aprovada no Congresso Nacional, a lei que estabelece o novo piso de R$4.750,00 para a categoria se encontra suspensa desde 4 setembro de 2022, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.

O ministro do STF alegou, para sua decisão, que não há clareza sobre quais as fontes de financiamento para garantir o pagamento dos enfermeiros no país. Barroso afirma que não há, a princípio, recursos suficientes para pagar o reajuste nos estados e municípios. O Ministério da Saúde estabeleceu, a partir deste mês de fevereiro, um grupo interministerial para estudar a implementação da medida no país e pensar formas de garantir recursos para tal.

Os trabalhadores, porém, têm pressa em receber um salário mais justo. Aqueles que se colocaram na linha de frente no enfrentamento a pandemia da Covid-19, abrindo mão de suas famílias e de sua própria segurança para salvar as vidas de muitos brasileiros, aguardam já há muito tempo por esse reajuste. Em um cenário de alta inflação no país, os enfermeiros hoje não podem contar com um salário suficiente para garantir o básico de sua sobrevivência.

Desde que foi anunciado, o reajuste do salário dos enfermeiros também tem gerado grande resistência nas empresas privadas de saúde que se negam a cumprir com a lei.

Pela falta de rapidez no pagamento do salário reajustado, o Brasil já registrou manifestações nas capitais Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Salvador, dentre outras cidades. A categoria também já anunciou o indicativo de greve nacional a partir de 10 de março, caso até lá o pagamento não tenha sido cumprido.

Em Campo Grande, os trabalhadores da enfermagem dão exemplo e tomam a frente nessa luta. Desde hoje (27), às 10h, os enfermeiros encontram-se em greve. Já mobilizada pelas indefinições do reajuste em âmbito nacional, a categoria em Campo Grande ficou ainda mais revoltada após a prefeita Adriane Lopes (Patriota-MS) não ter incluído os enfermeiros no Plano de Cargos e Carreiras.

Desde às 10h de hoje, os trabalhadores se encontram em manifestação em frente ao Paço Municipal e em seus locais de trabalho em diálogo com a comunidade que acessa o Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade.

A greve dos enfermeiros em Campo Grande foi aprovada por unanimidade na última quinta-feira (23), em assembleia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande (Sinte/MPCG). A ação de greve é utilizada pelos trabalhadores como instrumento de luta na negociação de um salário mais justo e como forma de ampliar a mobilização da categoria e comunidade.

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